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A Língua Portuguesa Falada no Brasil Apresenta Uma Unidade Surpreendente

Por:   •  5/5/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.579 Palavras (7 Páginas)  •  3.482 Visualizações

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Mito n° 1

“A língua portuguesa falada no Brasil

apresenta uma unidade surpreendente”

  • Esse mito ignora completamente a diversidade de dialetos que o Brasil possui, que vão de pequenas gírias regionais até a lista que se forma para dar nome a um só objeto, comida etc.
  • Também existe separação entre os dominantes da norma culta e os que vivem à margem dela. Como o contato com a escola ainda não alcança toda população, além de segregar as classes, a norma culta tem sido usada como desculpa para seus dominantes ridicularizarem a gramática particular de pessoas que não a dominam.
  • A falta de domínio da norma culta brasileira faz com que pessoas deixem de reclamar seus direitos perante a lei por não terem conhecimento de tais direitos, tendo em vista que os mesmos são redigidos de forma que nem toda população consegue interpretar.

Mito n° 2

“Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português”

  • Os brasileiros possuem um complexo de inferioridade, por se verem dependentes de um país mais “civilizado” e isso se reflete até na nossa forma de encarar a Língua Portuguesa do Brasil.
  • A nossa mesticidade é encarada de maneira negativa, não se vê como vantagem pertencer a uma raça mista (não pura), e seguindo a linha do preconceito, nossa língua também não pode ser pura! Vê-se o idioma como maneira corrompida  do português de Portugal.
  • O Brasil é um país que abraça palavras estrangeiras para o uso diário da população. Isso não acontece em todos os países, e é um dos reflexos da nossa dependência econômica de outros países mais desenvolvidos. Portanto, o uso de “estrangeirismo” é algo que deve ser visto criticamente, mas deve-se levar em consideração o status econômico do país em relação principalmente aos Estados Unidos.
  • O português brasileiro é uma língua com gramática própria que cada vez mais se afasta do português que é falado em portugal. Não há motivos concretos para a mudança do nome de nosso idioma, mas deve sim ser exibida a diferença entre nossas línguas (do Brasil e de Portugal).
  • Na forma falada, os dois idiomas “português” conseguem ser tão diferentes, que existe a incompreensão de palavras, por algumas vogais não estarem no nosso sistema fonético, a compreensão maior dessas duas línguas está na escrita, quando fazemos o uso da norma culta.
  • O cinema português não é exposto no Brasil exatamente pela questão da língua: estranha-se sem legenda, e mais ainda com legenda. E o resultado disso é grande parte da população brasileira não ter o devido conhecimento sobre a riqueza do cinema de Portugal.
  • A valorização da nossa identidade nacional ainda não é abraçada pela maioria, e o ensino da nossa língua ainda tem “um pé” em Portugal. Principalmente quando se trata do estudo do gerundio: insistem em inferiorizar o uso do mesmo segundo as normas que não afetam o nosso país, são realidades de uso completamente separadas.
  • O preconceito que carregamos através da nossa mania de inferioridade, está se aplicando (por nós) em línguas diferentes, tal como o inglês. Damos valor à beleza do inglês britânico e zombamos do americano, o julgamos uma língua de menor complexidade. E assim como comparar a língua do Brasil e Portugal é algo sem sentido, também é ignorância aplicar esse complexo de inferioridade em outras línguas.

Mito n° 3

“Português é muito difícil”

  • As escolas no Brasil usam o português de Portugal como parametro de ensino para as crianças. São usadas regras e termos que não fazem sentido para nossa realidade linguística, e isso é a base do mito 3.
  • Exemplo de que não existe língua “difícil” é o fácil domínio do idioma por crianças de 3 a 5 anos. Basta estar cercado por uma língua e manter contato com ela por algum tempo, assim que se forma um falante. Não existe grau de dificuldade entre uma língua e outra, a língua é suficiente ao seu falante.
  • O ensino tradicionalista do português se recusa a desapegar de arcaísmos e forçam alunos a decorarem fósseis gramaticais que não tem necessidade alguma de ser usado em nossa língua. Então, as pessoas saem da escola com sentimento de completa incompetência para redigir textos com ou sem alto grau de formalidade.
  • Conhecer a gramática é hoje algo que faz uma determinada classe social facilmente dominar outra(s). É um princípio quase medieval, mas usar de regras sem sentido e fazer conjugações absurdas é algo admirado pela nossa nação. Talvez hoje menos que antes, mas de qualquer forma a sobreposição de classes ainda se dá com a ajuda desse “conhecimento” gramático.

Mito n° 4

“As pessoas sem instrução falam tudo errado”

  • Qualquer falante da língua que hoje foge do triângulo escola-gramática-dicionário sofre severos julgamentos de outros falantes, trata-se de ser logo chamado como “errado, feio” e até ser negado como parte do idioma português essa manifestação linguística que não se encaixou no triângulo.
  • A transformação de L em R (como em chicrete) não é vista como um fenômeno fonético, e sim como retardo do indivíduo que a usa, julga-se como falta de instrução, ou contato com a escola. Visivelmente estão ignorando a genialidade de Luís de Camões, já que é atrasado mentalmente por fazer essa troca, na visão do preconceito.
  • Ainda no tema do tópico anterior, é válido ressaltar na questao LxR, que isso é ainda usado como preconceito social e político, já que pessoas que pronunciam “craro” são de classes marginalizadas, e não apenas dominantes de regras diferentes das ensinadas nas escolas.
  • Não só social, a língua também sofre preconceito regional, é bem comum pessoas usarem o sotaque nordestino para representarem indivíduos pobres, ignorantes e vítimas de zombaria. E esse preconceito regional é facilmente propagado pela mídia, principalmente no mundo das novelas da tv.

Mito n°5

“O lugar onde melhor se fala português

no Brasil é o Maranhão”

  • Pode parecer redundância ressaltar que esse mito, assim como todos os outros estão baseados na nossa subserviência em relação ao idioma falado em Portugal, mas é realmente preciso lembrar disso no decorrer das discussões.
  • Na maior parte do Brasil houve uma reorganização do sistema pronominal, e o Maranhão ainda abraça o modo anterior. Mas os defensores desse mito ignoram ou realmente não se deram conta do mau uso do pronome quando dizem “...para ti ler” ao invés de “...para tu leres”.
  • A variedade linguística de cada região é reflexo da construção de processos históricos únicos e particulares vivenciados por aquele povo. Logo, não cabe vangloriar ou desmerecer as variações que temos no Brasil.

Mito n° 6

“O certo é falar assim

porque se escreve assim”

  • Pronunciar as palavras da maneira que são escritas é ignorar o fato de que uma língua não pode ser pronunciada de maneira igual por todos os falantes. É ignorar a importância da identidade regional espalhada por determinado país.
  • Deve ser claro em sala de aula que mámão ou mãmão são a mesma coisa mas a escrita correta é “mamão”. Os professores não tem base para afirmar que uma pronúncia está incorreta, nem eles e nem ninguém.
  • A forma escrita não traduz fielmente a fala das pessoas. Para isso que a Linguística desenvolveu a fonética e fonologia: dar a atenção que por séculos foi negada à forma falada da língua, reconhecer que a forma falada é responsável pela inconstância da língua – que está sempre a sofrer alterações.
  • Cobrar regras da língua literária na língua falada é uma completa incoerência, é algo incabível em proporções até científicas.
  • Classificar ortografia como subdivisão da fonética é o mesmo que querer incluir ursinhos de pelúcia na classe dos mamíferos carnívoros, pois tratar da língua literária como ditadora em qualquer contexto histórico e ocasião é uma postura completamente cega e desprezível que a maioria dos gramáticos famosos defendeu, ignorando a grandiosidade da nossa oralidade.

Mito n° 7

“É preciso saber gramática

para falar e escrever bem

  • Qualquer tentativa do professor  da língua portuguesa de ensinar de maneira menos conservadora em sala de aula é rapidamente contextada pelos pais, que em sua maioria – se não, totalidade – exigem o ensino da gramática tradicional aos seus filhos como forma de enriquecimento oral e literário.
  • É necessário reconhecer que a maioria das figuras de peso na literatura   negam completamente seu apego à gramática normativa. A tragédia grega por exemplo, foi construída sem contato nenhum com a gramática.
  • Manifestações linguísticas usadas então, espontaneamente, por escritores que tiveram alto valor atribuído no passar dos anos foram tomadas como regras, e criou-se assim a gramática.
  • O padrão linguístico uniforme que a gramática tem como objetivo “garantir a existência”, é completamente independente da mesma. Existe apenas por existir e enquando houver sociedade, ali esse padrão coexistirá.

Mito n°8

“O domínio da norma culta

é um instrumento de ascensão social”

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