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Por:   •  28/3/2015  •  1.547 Palavras (7 Páginas)  •  271 Visualizações

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ETAPA 3

A primeira questão que se coloca é a reflexão para nós professores ou pretendentes a professores, do por que ser educadores de jovens e adultos? Certamente em cada resposta se obterá uma visão de Educação, especialmente de Educação de Jovens e Adultos, e também uma visão de quem são os educandos, do papel da educação junto a esses, do nosso papel enquanto educadores, etc. Uma questão simples, banal, no entanto nem sempre profundamente refletida. Em primeiro lugar, é preciso ter claro o que diferencia a educação de crianças da de jovens e adultos, para aí também esclarecermos nosso papel de educadores junto a esses grupos. E não há como pensarmos no papel da educação junto a esta faixa etária, sem pensarmos quem são estes sujeitos. Em primeiro lugar, é preciso ter claro o que diferencia a educação de crianças da de jovens e adultos, para aí também esclarecermos nosso papel de educadores junto a esses grupos. E não há como pensarmos no papel da educação junto a esta faixa etária, sem pensarmos quem são estes sujeitos. Sem muito esforço, facilmente reconhecemos que jovens e adultos não-escolarizados pertencem a grupos sociais de baixo poder econômico. Adultos ainda oriundos do meio rural, jovens da periferia urbana que frequentaram a escola às vezes sem muita regularidade sujeitos multirepetentes, sujeitos expulsos da escola, e mulheres de meia-idade, com os filhos crescidos, que pouco ou nenhum acesso tiveram à escola. Tem-se ainda, portadores de necessidades especiais excluídos do ensino regular ou oriundos das escolas especiais, portadores de pequenas deficiências físicas ou mentais que também não obtiveram lugar ou sucesso na escola para crianças, enfim, uma gama de excluídos de toda sorte. Com exceção dos portadores de necessidades especiais, a quase totalidade dos educandos jovens e adultos tem em comum a pobreza. Uma pobreza que coloca grande parte dos educandos no patamar da sobrevivência, uma pobreza que se caracteriza pela falta de acesso a uma série de conquistas de bens econômicos, sociais e culturais que compõem nossa sociedade urbana e desenvolvida.

Estes jovens e adultos, homens e mulheres, sabem muito do valor social da escrita, muito mais que qualquer pessoa escolarizada. Para nós se tornou tão trivial usar a escrita que, com certeza, não podemos imaginar o que seria viver sem fazer uso dela. No entanto, pessoas não escolarizadas sabem muito bem os usos que são feitos da escrita, sabem para que serve, onde é usada e, provavelmente, o que deve estar escrito nos diversos portadores de texto que encontramos no nosso meio. Isto significa que estes homens e mulheres tem um processo de letramento bastante avançado que deve ser reconhecido. Na sua maioria também aprenderam a dissimular seus não saberes: esqueci os óculos, a letra está muito pequena, você poderia ler para mim? Por fim, criam estratégias de leitura de símbolos, sinais, imagens, cores, números, que lhes permite orientar-se no meio urbano e desenvolver suas atividades de trabalho mesmo sem o domínio da leitura e da escrita. Eles também resolvem contas mentalmente, na maioria das vezes sem fazer uso das operações matemáticas formais.

Falar de EJA é reconhecer os diferentes grupos sociais que não são escolarizados e seus saberes, reconhecer suas diferenças e semelhanças em relação a outros grupos ou aos letrados. Com certeza, grupos muito mais heterogêneos que os de crianças, para os quais o mundo ainda está se apresentando. Homens e mulheres já têm construídas visões de mundo, já tem suas estruturas mentais elaboradas a partir das quais compreendem o mundo e o si mesmos no mundo. Trabalhar com EJA é ter tudo isso em conta e saber o que ensinar e o porquê, levando em conta os saberes que estes educandos já têm, fazendo-os reconhecer estes múltiplos saberes, sua validade para a vida e seus limites. Este seria o ponto de partida para qualquer prática educativa em EJA: educadores e educandos se reconhecerem enquanto sujeitos portadores e produtores de cultura, de saberes. Reconhecerem o lugar de onde falam, a partir de suas trajetórias, das suas experiências, das suas crenças, desejos e aspirações. Reconhecerem-se, além disso, enquanto sujeitos coletivos, os aspectos comuns das suas trajetórias com os de outros colegas, sujeitos integrados em um processo histórico que ultrapassa nosso limite individual e nos identifica com classes sociais, com raças e etnias, com religiões, com gêneros, com partidos ou propostas políticas, com grupos sociais.

É a partir disso que escolarização se torna educação, quando está vinculada aos processos sociais mais amplos, nos quais a escola pode e deve ocupar este espaço privilegiado de reflexão acerca da vida: de todas as formas de organização humanas, de como as sociedades se organizam para manter, ampliar e qualificar a existência humana, das concepções e valores que orientam o modo de ser e agir, dos processos históricos, da ocupação do geográfico, das relações sociais, das relações de poder, das diversas linguagens, do conhecimento do corpo físico, etc.,

Trabalhar com jovens e adultos é estar aberto para conhecer seus educandos, é estabelecer junto a eles um projeto do que e como aprender. É saber que, apesar de estarmos apreendendo sempre, temos um papel diferenciado, somos orientadores do grupo, temos objetivos enquanto sujeitos educadores, objetivos que nos comprometeram na escolha de trabalho com EJA, assim, temos propostas que devem ser sempre abertas, propostas que são mais intenções a serem perseguidas.

Para tanto, os cursos de formação de professores – sejam cursos de educadores populares leigos, cursos de magistério ou cursos de Pedagogia -devem desenvolver uma prática coerente com as características que desejamos para o educador de Jovens e Adultos. Uma prática que reconheça e utilize os saberes e as histórias de vida dos próprios educadores, que potencialize suas reflexões críticas e suas inserções sociais, que proporcione vivências capazes de aguçar a capacidade investigativa e o compromisso com os grupos populares, e que, acima de tudo, respeite-os como seres humanos: respeite suas idéias, seus posicionamentos, suas leituras de mundo, seus sentimentos.

Por fim, buscamos cursos de formação que proporcionem práticas reflexivas, onde cada um possa se reconhecer como sujeito a partir de seus próprios pontos de vista talvez a partir dessas muitas visões se possa construir uma nova visão, mais abrangente, mais crítica, que ultrapasse o mundo individual de cada um e, então se recoloque a utopia, o projeto coletivo como esperança de um mundo melhor, mais justo e igualitário.

ETAPA 04

Aprendendo

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