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As Etapas Do Pensamento Sociológico

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Por:   •  27/4/2014  •  7.436 Palavras (30 Páginas)  •  719 Visualizações

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As Etapas do Pensamento Sociológico

AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

1. Introdução

A sociologia do século XIX marca incontestavelmente um modelo da reflexão dos homens sobre si mesmos, momento em que o social enquanto tal é tematizado, com seu caráter equívoco, ora relação elementar entre indivíduos, ora entidade global.

Exprime uma intenção, não radicalmente nova, mas original em sua radicalidade, isto é, a de um conhecimento propriamente científico, segundo o modelo da ciência das naturezas, e com igual objetivo: o conhecimento científico deveria dar aos homens o controle de sua sociedade e da sua história, assim como a física e a química lhes deram o controle das forças naturais.

2. AUGUSTE COMTE

2.1 As Três Etapas do Pensamento de Comte

As três etapas da evolução filosófica de Comte representam as transformações pelas quais a tese da unidade humana é afirmada, explicada e justificada.

A primeira etapa, entre 1820 e 1826 é representada pelos "Opúsculos de filosofia social: apreciação sumária do conjunto do passado moderno" (1820), "Prospectos dos trabalhos científicos necessários para organizar a sociedade" (1822) e "Considerações filosóficas sobre as idéias e os cientistas" (1825).

Nos Opúsculos, descreve e interpreta o momento histórico vivido pela sociedade européia no princípio do século XIX. Segundo Comte desaparecia a sociedade fundamentada na fé transcendental interpretada pela Igreja Católica, e nascia uma nova sociedade cientifica e industrial.

Os cientistas assumem o lugar dos sacerdotes e os industriais, os dos militares.

Os homens pensam cientificamente e a atividade principal das coletividades deixa de ser a guerra de homens contra homens, transformando-se na luta dos homens contra a natureza, explorando de maneira racional os recursos humanos.

Comte conclui que para haver uma reforma social, a condição fundamental é a reforma intelectual. É necessário uma síntese da ciência e a criação de uma política positiva.

Para Comte, a crise da sociedade moderna encontra explicação na contradição entre uma ordem histórica teológica-militar que está desaparecendo e uma ordem social-científica-industrial prestes a nascer.

Essa interpretação se dá pelo fato de que Comte, como reformador, não é um doutrinário de revolução como Marx, nem doutrinário livre como Montesquieu ou Tocqueville; ele é um doutrinário da ciência positiva e da ciência social.

Na segunda etapa, a do Curso de filosofia positiva, ampliam-se às idéias diretrizes em sua perspectiva. Comte considera essencialmente as sociedades da época e seu passado: ahistória da Europa. Também revisa as diversas ciências, desenvolve e confirma as duas leis anunciadas nos opúsculos: a lei dos três estados e a classificação das ciências.

Na lei dos três estados, o espírito humano teria passado por três fases sucessivas: o espírito humano explica os fenômenos atribuídos aos seres ou forças comparáveis ao próprio homem; invoca entidades abstratas, como a natureza; o homem se limita a observar e fixar relações regulares que podem existir entre eles e renuncia a descobrir as causas dos fatos e se contenta em estabelecer as leis que os governam.

Essa passagem da idade teológica para a idade metafísica e, depois, para a idade positiva, não se opera simultaneamente em todas as disciplinas intelectuais. A maneira de pensar positiva se impôs mais cedo nas matemáticas e, na física, na química e, depois, na biologia.

A idéia da primazia do todo sobre os elementos deve ser transposta para a sociologia. Não se pode compreender o estado de um fenômeno social particular sem o recolocar no todo social.

Só se compreenderá o estado da sociedade francesa no princípio do século XIX se recolocarmos esse momento histórico na continuidade do devenir francês. O declínio do espírito teológico e militar só se explica pelas suas origens nos séculos passados.

Auguste Comte era homem lógico, formado nas disciplinas da Escola Politécnica. No Curso de filosofia positiva é criada a nova ciência, a sociologia, que tem por objeto a história da espécie humana. Comte considera na sociologia, a fórmula dos opúsculos: assim como não há liberdade de consciência na matemática ou na astronomia, não pode haver também em matéria de sociologia.

Para Comte, para que a história humana seja uma só, é preciso que o homem tenha uma certa natureza reconhecível e definível, através de todos os tempos e de todas as sociedades.

É preciso, em segundo lugar, que toda sociedade comporte uma ordem essencial que se possa reconhecer através da diversidade das organizações, e é preciso que essa natureza humana e essa natureza social sejam tais que possamos inferir delas as principais características do devenir histórico.

O ponto de partida do pensamento de Comte é, portanto, uma reflexão sobre a contradição interna da sociedade do seu tempo, entre o tipo teológico-militar e o tipo científico-industrial. O único meio de pôr fim à crise e acelerar o devenir, criando o sistema de idéias cientificas que presidirá a ordem social, como o sistema de idéias teológicas presidiu à ordem social do passado.

Auguste Comte deseja ser um cientista e um reformador e a ciência certa que ele concebe, é a que, partindo de leis mais gerais, das leis fundamentais de evolução humana, descobrisse um determinismo global que os homens pudessem utilizar segundo a expressão positivista, uma "fatalidade modificável".

A doutrina de Comte se baseia na idéia de que toda sociedade se mantém pelo acordo dos espíritos. Só há sociedade na medida em que seus membros têm as mesmas crenças.

A filosofia de Comte pressupõe, portanto, três grandes temas.

• O primeiro é que a sociedade industrial da Europa ocidental se tornará a sociedade de todos os homens.

• O segundo é a dupla universalidade o pensamento científico.

• O terceiro tema fundamental de Auguste Comte é o sistema de política positiva (Système de politique positive).

Portanto, a concepção comtista da unidade humana assume três formas nos três momentos principais de sua carreira:

• A sociedade que se desenvolve no Ocidente é exemplar, e será seguida como modelo por toda a humanidade;

• A história da

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