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As multinacionais

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Por:   •  1/6/2013  •  Seminário  •  1.568 Palavras (7 Páginas)  •  309 Visualizações

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4.1 As multinacionais

Segundo Chesnais (1996), não existe um consenso a respeito dos atributos que caracterizam uma multinacional. Uma primeira tentativa de definição sugeria que empresas multinacionais eram aquelas com filiais industriais em pelo menos seis países. O número de filiais caiu para um depois de algum tempo, mas o órgão da ONU responsável pelo acompanhamento dessas empresas, a UNCTAD, acompanha as 100 mais transnacionais. Esses grupos possuíam, em 1990, um total de ativos de cerca de 3,2 trilhões de dólares.

A multinacional surge como uma empresa nacional de grande porte, como parte de um processo de acumulação de capital. Essa estratégia de acumulação tem base nacional, mas é pensada no plano global; assim, a ajuda que a empresa tiver do seu Estado origem é fundamental dentro dessa estratégia.

O atributo referente ao número de filiais é o que mais perdeu importância no que diz respeito à definição de o que é uma multinacional. Novas estratégias são, por exemplo, a das “filiais intermediárias”, com as quais as multinacionais investem em empresas de pequeno porte de outros países para que produzam peças a serem utilizadas na elaboração do produto final dentro da “montadora” situada no país central.

As multinacionais são grupos ou cadeias dominadas por uma matriz. Essa matriz encontra-se geralmente no país de origem e seu poder sobre o resto da cadeia se dá pelo controle que tem sobre os fluxos de capital – produtivo ou não – enviado para as outras partes.

Para Chesnais (1996), a “nova multinacional” é a multinacional que se relaciona com outras empresas – nacionais e internacionais –, buscando maximizar as possibilidades de lucro. Esse novo estilo de multinacional busca, através da relação e da aplicação de capital em outras empresas, aumentar seu próprio valor, pois isso pode alavancar a sua capacidade tecnológica. O valor da empresa deixa de estar vinculado somente à capacidade produtiva e passa a estar também vinculado à sua “relação com outras empresas”: essa relação com outras empresas é observada por investidores que aplicam nas ações da multinacional.

A multinacional constrói entre a sua matriz e suas filiais o que chama de mercado interno. A multinacional que assimila uma pequena (ou média) empresa aumenta seu mercado interno, e a grande empresa é levada a assimilar seus parceiros comerciais menores, pois existe uma tendência - imposta pelas imperfeições do mercado - de aumento de custo nas transações.

“A participação no capital e na gestão de uma empresa e na repartição de seus resultados financeiros, sem ‘subscrição de capital’, que é a característica fundamental das ‘novas formas’, é mais uma expressão dessa capacidade que o capital concentrado possui, de crescer alimentando-se de um componente rentista. Ao longo dos anos 1975-1990, os países industrializados também assistiram a uma notável ampliação do leque de formas de apropriação e centralização, pela grande empresa, de valores produzidos, fora das ‘fronteiras de companhia’, por outras empresas menores, ou mais vulneráveis, a este ou aquele titulo” (CHESNAIS, 1996, p. 82).

É importante ressaltar, também, que as multinacionais operam em um mercado oligopolista, em que um pequeno número de empresas oferece bens e serviços ao mercado, normalmente controlando preços e, não raras vezes, estabelecendo estratégias de “colaboração” por meio ilícitos (conluios ou cartéis). Essa relação oligopolista pode ou não envolver investimentos em capital, mas está sempre envolvida com a promoção dos interesses das empresas no mundo. Ainda, é necessário ressaltar que o comportamento oligopolista não é concebido como forma das companhias se defenderem das imperfeições deste mercado, mas, ao contrário, como forma de criar novas falhas, para se beneficiarem e se protegerem de quaisquer comportamentos predatórios “inúteis”. Essa estratégia causa danos aos fornecedores e aos consumidores e tem, como objetivo, reduzir o número de concorrentes globais, aumentando o mercado interno, os ganhos e a proteção às tecnologias dos processos produtivos.

4.2 O Investimento Estrangeiro Direto

O papel dos IED já foi muito subestimado do ponto de vista histórico. Nos anos 1880, o grau de industrialização chegou a ser aproximadamente igual ao dos anos 1960-70. O volume dos investimentos estrangeiros em 1914, por exemplo, principalmente focados nas matérias-primas básicas, era similar ao observado em 1966.

Segundo Chesnais (1996, p. 55), conforme a definição adotada pelo FMI em 1977, “o IED designa um investimento que visa a adquirir um interesse duradouro em uma empresa cuja exploração se dá em outro país que não o do investidor, sendo o objetivo deste último influir efetivamente na gestão da empresa em questão”, e essa é uma modalidade capitalista praticada desde o século XIX, quando empresas inglesas e francesas partiram em busca de novos mercados e oportunidades, especialmente no Novo Mundo.

Apesar da importância do IED, poucos foram os pensadores e economistas que se ocuparam com a questão. Dentre aqueles que teorizaram sobre o capital, Lênin foi um dos procurou fazer uma análise mais trabalhada, incorporando, além da concentração e centralização do capital (monopólios), o movimento do capital monetário (desigual e geralmente direcionado aos bancos) e a exportação do capital (em contraposição à de mercadorias), fator que considerava de maior relevância.

Michalet, por sua vez, definiu três modalidades principais da internacionalização do capital: a) intercâmbio comercial; b) investimento produtivo no exterior; c) fluxos de capital monetário (ou capital financeiro). Essas modalidades teriam origem nos três ciclos definidos por Marx: capital mercantil, capital produtivo – de valor e de mais-valia -, e capital monetário.

Algumas características fazem do IED algo particular dentre os vários tipos de transações financeiras. Eles não têm uma liquidez imediata (não podem simplesmente ser cobrados à vista, não se reduzem a uma transação pontual), fazem parte de uma

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