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Assimilação, colocação e equilíbrio

Seminário: Assimilação, colocação e equilíbrio. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  1/5/2014  •  Seminário  •  4.199 Palavras (17 Páginas)  •  360 Visualizações

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A Assimilação, a Acomodação e a Equilibração

Segundo Piaget (1975), o desenvolvimento cognitivo é um processo de construção que ocorre a partir da interação entre sujeito e objeto; sujeito este considerado como ativo e responsável pelo seu próprio desenvolvimento. Portanto, de acordo com esta concepção, o conhecimento não está nem no sujeito cognoscitivo nem no objeto do conhecimento, mas surge a partir da interação entre eles. Mas se o conhecimento surge desta interação, qual o mecanismo que possibilita a aquisição do conhecimento do mundo pela criança, ao nascer? Conforme a teoria piagetiana, é o processo de assimilação que garante, neste momento inicial da vida, a construção de conhecimento e a adaptação do sujeito no mundo.

A assimilação, para Piaget (1975), diz respeito à integração de novos elementos à estrutura já existente ou construída, seja ela inata, como no caso dos reflexos no recém-nascido, ou adquirida a partir das modificações do conteúdo da estrutura inata inicial. No entanto, a assimilação não é um mecanismo suficiente para garantir o desenvolvimento de novas estruturas, já que não lida com a assimilação de conteúdos completamente novos ou não reconhecidos pelas estruturas existentes. Para possibilitar a integração de novos conteúdos, existe o processo complementar da assimilação: a acomodação, que se caracteriza pela modificação de um esquema ou estrutura de assimilação pelos elementos assimilados. Ou seja, quando os elementos não se integram às estruturas existentes, as mesmas são modificadas para acomodá-las.Desta forma, a adaptação cognitiva é possibilitada pelo equilíbrio entre os processos de assimilação e acomodação. Portanto, pode-se dizer que não há assimilação sem acomodação nem acomodação sem assimilação, já que esta última impõe limites à atividade da acomodação quanto à necessidade de preservação da sua estrutura, a qual, por outro lado, de acordo com Piaget (1975), encontra-se continuamente em transformação e evolução em direção a uma forma de conhecimento cada vez mais sofisticada até atingir as estruturas lógico-matemáticas, que são características do pensamento formal.O desenvolvimento cognitivo, para Piaget (1975, 1995) dá-se em estágios que obedecem a uma seqüência linear e progressiva, sendo estes universais e, portanto, iguais para todos os indivíduos humanos, independente da cultura. Cada um destes estágios parte de uma estrutura anteriormente já existente, mas possibilita a construção de estruturas peculiares que o distingue do anterior. De acordo com este autor, o desenvolvimento cognitivo ocorre em quatro estágios (sensório-motor, pré-operacional, operacional concreto e das operações formais), que partem da centralização do sujeito em relação a si mesmo, marcada pela não consciência dos outros objetos do meio, à descentralização, caracterizada pelo reconhecimento paulatino da existência destes objetos e pela sociabilização do sujeito.

Mas como Piaget explica essas mudanças ocorridas dentro de cada estágio e entre os estágios? Que mecanismo cognitivo garante estas mudanças e transformações ocorridas no decorrer do desenvolvimento cognitivo? Para responder a estas questões, Piaget apoia-se na Teoria da Equilibração, que segundo Valsiner (1997) demonstra, dentro do sistema teórico piagetiano, uma verdadeira perspectiva de desenvolvimento já que busca capturar a transformação, a mudança e o movimento no decorrer do tempo, que é irreversível.

Segundo Piaget (1976), a equilibração é um mecanismo que possibilita a retomada do equilíbrio cognitivo após reequilibrações decorrentes de desequilíbrios, as quais podem levar ou ao equilíbrio anterior ou a transformações qualitativamente diferentes. Estas transformações não levariam apenas a um equilíbrio, mas a um melhor equilíbrio, o qual denominou de equilibração majorante.Os desequilíbrios, segundo esta perspectiva, aconteceriam ou quando há uma insatisfação de necessidades por parte do indivíduo, gerando nele uma sensação de falta (equilibração por lacuna); ou quando o indivíduo é impedido de assimilar o objeto com o qual interage, necessitando reorganizar as suas estruturas cognitivas para acomodá-lo (equilibração por assimilação). Desta forma, a equilibração é vista como um processo indispensável ao desenvolvimento, processo este que se constrói no decorrer da própria evolução cognitiva do indivíduo, modificando a sua natureza de forma progressiva e qualitativa a cada estágio cognitivo.Para explicar comoocorrem as equilibrações e reequilibrações, Piaget (1976) apela para o processo contínuo e em espiral das regulações, que se constituem a partir da interação entre sujeito e objeto através de assimilações e acomodações, no decorrer do próprio processo de desenvolvimento cognitivo. As regulações ocorrem quando há necessidade de correção (feedback negativo) ou de reforçamento (feedback positivo) de uma ação sobre o objeto, ou de uma reflexão sobre a própria ação. Portanto, as regulações podem ser compreendidas como reações a perturbações geradas por obstáculos à assimilação e à acomodação.No entanto, Piaget (1976) ressalta que nem toda perturbação acarreta uma equilibração, uma vez que a perturbação só se caracteriza como regulação quando possibilita algum tipo de mudança na ação ou na organização da estrutura cognitiva do sujeito. Para ele, existem duas classes de perturbação: as perturbações que se opõem às acomodações e que são as causas do fracasso ou do erro, requerendo regulações do tipo feedback negativo; e as perturbações do tipo lacunar que se caracterizam pela insuficiência de alimentação de um esquema, deixando as necessidades cognitivas do sujeito insatisfeitas, conduzindo a regulações que comportam feedback positivo.

Vale salientar, contudo, que nem toda lacuna torna-se uma perturbação, visto que para se caracterizar como tal é necessário que haja ausência de um objeto, de condições ou de conhecimento que seria indispensável para resolver uma ação ou um problema. Outro aspecto que está relacionado à questão das regulações e que precisa ser destacado aqui, diz respeito ao regulador das regulações cognitivas, que, segundo Piaget (1976), é interno, sendo compreendido por ele como algo hereditário, mas não programado.

A construção do conhecimento

A construção do conhecimento ocorre quando acontecem ações físicas ou mentais sobre objetos que, provocando o desequilíbrio, resultam em assimilação ou, acomodação e assimilação dessas acções e, assim surge a construção de esquemas ou conhecimento. Por outras palavras, uma vez que

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