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Atividade De Fichamento

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Por:   •  12/7/2014  •  966 Palavras (4 Páginas)  •  514 Visualizações

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Atividade 01

O ENSINO E AS DIFERENTES INSTÂNCIAS DE USO DA LINGUAGEM

A palavra é mais difícil do que qualquer trabalho, e seu conhecedor é aquele que sabe usá-la a propósito. São artistas aqueles que falam no conselho. Reparem que são eles que aplacam a multidão, e que sem eles não se conhece nenhuma riqueza...

Do Ensinamento de Ptahhotep, vizir do rei Isesi, da 4ª dinastia, 2450 a.C., apud M. Manacorda, 1989:14.

Introdução

No quadro de uma concepção sociointeracionista da linguagem, o fenômeno da interação verbal é o espaço próprio da realidade da língua, pois é nele que se dão as enunciações enquanto trabalho dos sujeitos envolvidos nos processos de comunicação social. Cada palavra emitida “é determinada tanto pelo fato de que procede de alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém” (Bakhtin, 1977:3).

Elegendo-se, na esteira do pensamento Bakhtinano, o processo de interação como o locus produtivo da linguagem e, ao mesmo tempo, como o centro organizador e formador da atividade mental, já que “não é a atividade mental que organiza a expressão, mas, ao contrário, é a expressão que organiza a atividade mental, que a modela e determina sua orientação” (p.112), pode-se dizer que o trabalho linguístico é tipicamente um trabalho constitutivo: tanto da própria linguagem e das línguas particulares quanto dos sujeitos, cujas consciências sígnicas se formam com o conjunto das noções que, por circularem nos discursos produzidos nas interações de que os sujeitos participam, são por eles internalizadas.

O estudo e o ensino de uma língua não podem, neste sentido, deixar de considerar – como se fossem não pertinentes – as diferentes instâncias sociais, pois os processos interlocutivos se dão no interior das múltiplas e complexas instituições de uma dada formação social. A língua, enquanto produto desta história e enquanto condição de produção da história presente, vem marcada pelos seus usos e pelos espaços sociais destes usos. Neste sentido, a língua nunca pode ser estudada ou ensinada como um produto acabado, pronto, fechado em si mesmo, de lado porque sua “apreensão” demanda apreender no seu interior as marcas de sua exterioridade constitutiva (e por isso o externo se internaliza), de outro lado porque o produto histórico – resultante do trabalho discursivo do passado – é hoje condição da construção deste mesmo produto, sempre inacabado, sempre em construção.

Centrando minhas preocupações nas ações que se fazem com a linguagem, meu objetivo neste texto é chamar a atenção para as conseqüências de duas diferentes formas de interação verbal em função das instâncias concretas em que se realizam as enunciações dos sujeitos falantes: as instâncias públicas e privadas de uso da linguagem.

Ao que tudo indica, a preocupação com a linguagem não resulta da existência da escola; ao contrário, pelas indicações dadas por Manacorda em seu estudo sobre sociedade e educação no antigo Egito, pode-se supor que a escola surge na história para atender, entre outras exigências sociais, a uma preocupação muito específica com a linguagem. Por que esta preocupação? Por que, ao longo da história da educação, documentos distantes mais de milênios e de diferentes civilizações demonstram a constância desta preocupação? Por que, ainda hoje, este eterno retorno do tema? Que respostas, hoje, são dadas a esta preocupação?

Evidentemente, as diferentes respostas dadas ao longo da história estão/estarão estreitamente entrelaçadas às situações e aos momentos políticos vividos em cada civilização: olhar para a história da educação a partir das formas como se configurou esta preocupação, tentando extrair, das ações pedagógicas propostas, as razões de ser desta preocupação, é um desafio a ser enfrentado.

(...)

(GERALDI, João Wanderlei. Linguagem e ensino: exercícios

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