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Aula 3 Contexto E Contextualização Na Escrita

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Por:   •  6/9/2014  •  2.649 Palavras (11 Páginas)  •  4.149 Visualizações

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PROFESSORA: Ângela Santana

DISCIPLINA: Comunicação e Expressão

ANO/SEMESTRE: 2014/ 2º semestre

Aula 3: TEXTO, CONTEXTO, CONTEXTUALIZAÇÃO NA ESCRITA

A leitura é uma atividade altamente complexa de produção de sentidos que se realiza, evidentemente, com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas que requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes.

Subjacente a essa concepção de leitura, encontra-se o pressuposto segundo o qual o sentido de um texto não existe a priori, mas é construído na interação sujeitos-texto. Deste modo, que significados devem se tornar explícitos depende, em larga escala, do uso que o produtor do texto fizer dos fatores contextuais. Dessa forma, a tão propalada explicitude do texto escrito em contraposição à implicitude do texto falado não passa de um mito. Tanto na fala como na escrita, os produtos fazem uso de uma multiplicidade de recursos, muito além das simples palavras que compões estruturas. É o que se percebe no texto anterior, é que se percebe no miniconto a seguir:

Menino cheio de coisas

Vejam só: aos nove anos e três meses de idade, Serginho está deitado embaixo das cobertas com uma calça de veludo de duzentos e vinte reais, camiseta de quarenta e cinco, tênis que pisca quando encosta no solo, óculos de sol com lentes amarelas, taco de beisebol, jaqueta de náilon lilás, boné da Nike, bola de futebol de campo tamanho oficial, dois times de futebol de botão, CD dos Tribalistas, joystick, Gameboy, uma caixa de bombom de cereja ao licor, dois sacos de jujuba, um quebra-cabeça de mil e quinhentas peças, um modelo em escala do “F” cento e dezessete(desmontado),chocolate pra uma semana, três pacotes de batatinha frita (novidade, com orégano), dois litros de refrigerante com copo de canudinho, combinando, quatro segmentos retos e quatro curvos de pista de autorama, dois trenzinhos (um de pilha e um de corda), controle remoto, duas raquetes de pingue- pongue, duas canecas do Mickey e nem adianta seu pai, do outro lado da porta trancada pelo menino emburrado, dizer que sua mãe já volta.

Bonassi, Fernando, Folha de São Paulo, 12 de mar. 2005, Folhinha

Na leitura do texto, o contexto linguístico – o contexto – orienta-nos na construção da imagem do menino, segundo sugestão expressa no próprio título O menino cheio de coisa.

Entretanto, além do linguístico, a leitura do texto demandará a (re) ativação de outros conhecimentos armazenados na memória. São esses conhecimentos que nos possibilitarão, por exemplo, situar o protagonista da história nos tempos atuais e desvelar, na “inocente historinha”, uma crítica ao modo como as crianças de hoje são educadas – alimentadas pelo consumismo, incapazes de aceitarem uma negação.

Como vemos, a produção do sentido realiza-se à medida que o leitor considera aspectos contextuais que dizem respeito ao conhecimento da língua, do mundo, da situação comunicativa, enfim.

Texto = Unidade linguística concreta da comunicação. Ele não é um aglomerado de frases. Uma mesma frase pode ter significados distintos dependendo do contexto. As frases têm que se encaixar no contexto para formarem um todo significativo.

Contexto = É uma unidade linguística maior onde se encaixa uma unidade linguística menor. Assim, a frase encaixa-se no contexto do parágrafo, o parágrafo encaixa-se no contexto do capítulo, o capítulo encaixa-se no contexto da obra toda. Um dos conceitos centrais nos estudas em Linguística Textual é o estudo do contexto.

Quando adotamos, para entender o texto, a metáfora do iceberg, que tem uma pequena superfície à flor da água (o explícito) e uma imensa superfície subjacente, que fundamenta a interpretação (o implícito), podemos chamar de contexto o iceberg como um todo, ou seja, tudo aquilo que, de alguma forma, contribui para ou determina a construção do sentido.

Contexto discursivo = Dá-se através dos seguintes elementos: papéis sociais; intenção do locutor; conhecimento de mundo do interlocutor; circunstâncias históricas e sociais. É a situação na qual é produzido o texto.

Interação linguística ( comunicação) = dependerá do contexto discursivo para acontecer.

Ao conjunto da atividade comunicativa, ou seja, ao texto e ao contexto discursivo reunidos, chamamos discurso.

Discurso = texto + contexto discursivo

Textualidade, coerência e coesão = As relações existentes entre as palavras, frases e idéias é que fazem um texto apresentar textualidade, ou seja, ser um todo significativo e não um aglomerado de palavras e frases desconexas. Entre os fatores que contribuem para formar a textualidade, há a coesão e a coerência.

Coesão e Coerência

Coesão = São articulações gramaticais existentes entre palavras, orações, frases, parágrafos e partes maiores de um texto que garantem sua conexão sequencial. Diz-se que um texto tem coesão quando seus vários enunciados estão organicamente articulados entre si, quando há concatenação entre eles. São várias as palavras que assumem, num texto, a função de conectivo: preposições; conjunções; pronomes; advérbios.

Ex: _ Quando meu filho pôs um piercing dei a maior força! Aí , ele quis colocar outro e outro, e outro... Achei todos legais, bonitos... Mas, eu alertei ... que ele poderia ter problemas.

O que garante o encadeamento semântico de um texto é sua coesão, isto é, a maneira de recuperar, em uma sentença B, um termo presente em uma sentença A. Em "Chame os meninos e dê-lhes o presente", o pronome lhes da segunda sentença recupera semanticamente o termo meninos. Trata-se de coesão textual. A sentença também expressa que foi feito um período composto de duas orações coordenadas e ligadas pela conjunção e que também é elemento de coesão e dá coerência ao texto. A língua dispõe de amplos recursos para garantir a coerência do texto. São os mecanismos de coesão. Esses mecanismos podem ser representados por:

a) emprego adequado de tempos verbais: Embora não estivessem gostando muito, eles participavam da festa. (verbos no pretérito imperfeito)

b) emprego adequado de pronomes, conjunções, preposições, artigos: O papa João Paulo II visitou o México. Na capital mexicana, Sua Santidade beijou o chão.

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