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CONDIÇÃO DE SAO PAULO

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Por:   •  1/12/2014  •  Relatório de pesquisa  •  977 Palavras (4 Páginas)  •  160 Visualizações

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* José Goldemberg é professor emérito da Universidade de São Paulo e foi membro do Conselho Superior de Política Energética (CSPE) da Presidência da República.

TEXTO (b)

O ESTADO DE SÃO PAULO Prever o futuro ou construí-lo?

21 de janeiro de 2013 | 2h 06

José Goldemberg *

Tentar prever o futuro parecer ser uma das características inatas dos seres humanos, principalmente em tempos de crise. No passado distante, a evidente vulnerabilidade dos nossos antepassados diante de catástrofes naturais os levava desesperadamente aos líderes religiosos, à procura de consolo e esperança no porvir. Na Bíblia os profetas têm um papel preponderante.

No auge da civilização grega, há 2.500 anos, ganharam grande evidência as profecias das pitonisas de Delfos. No Templo de Apolo as sacerdotisas faziam suas previsões em transes provocados por gases emitidos por fendas subterrâneas, situadas abaixo do templo. Frequentemente os vaticínios eram dúbios e confusos, mas interpretados pelos interessados de modo a confirmarem suas próprias convicções e expectativas.

Nos dias atuais, um exercício realizado frequentemente por algumas revistas científicas é também fazer previsões. As mais conhecidas são as da Scientific American, que há 167 anos publica trabalhos dos melhores cientistas em todos os campos do conhecimento. Isso dá à publicação certa credibilidade em prever o futuro, uma vez que, segundo seus editores, "um passado forte é uma base boa para olhar o futuro".

A revista acredita que suas "previsões" ou "projeções", baseadas em ciência, têm mais credibilidade que as visões das sacerdotisas de Delfos, que diziam muito mais sobre o destino dos homens, seus sucessos e fracassos, do que sobre desenvolvimento técnicos.

Isto é o que a Scientific American, em sua edição de janeiro, faz: formula uma série de previsões provocativas e as perspectivas de que se realizem. Exemplos dessas previsões: haverá carros voadores no futuro? Armas nucleares serão eliminadas? O aquecimento da Terra será evitado usando as tecnologias que conhecemos? A engenharia genética eliminará doenças? Poderemos transportar nossa civilização para outros planetas numa "arca", como fez Noé, conforme a Bíblia?

A revista não discute o futuro da energia, mas é possível fazer previsões do que vai acontecer nessa área para garantir a produção energética de que a humanidade vai necessitar nas próximas décadas. Em nível mundial, nos dias de hoje, combustíveis fósseis (carvão mineral, gás natural e petróleo) representam mais de 80% de toda a energia que consumimos. Essa é uma situação que não pode durar muito tempo. As reservas de combustíveis fósseis são grandes, mas finitas. Ao que sabemos, cerca da metade desses recursos já foi usada. A metade restante ainda vai durar muitos anos, mas está distribuída de forma geográfica muito irregular. Algumas regiões são muito bem dotadas, como o Oriente Médio, mas em geral a situação não é boa.

Além disso, a qualidade das reservas está mudando e novas tecnologias serão necessárias para usá-las. O desenvolvimento dessas tecnologias é uma direção em que podemos trabalhar para garantir o futuro. É o caso, por exemplo, do pré-sal no Brasil, para a produção de petróleo, ou do gás de xisto, que se tornou popular nos Estados Unidos.

Como em todos os novos desenvolvimentos, é difícil prever todas as complicações que deles podem surgir e o importante é mover-se com cautela para evitar desapontamentos e catástrofes. Gás de xisto parece hoje uma panaceia nos Estados Unidos, onde o seu custo caiu dramaticamente, mas é temerário acreditar que esse sucesso se repetirá em todos os países, inclusive no Brasil.

Em compensação, as regiões tropicais do mundo têm um recurso natural de que as mais frias não dispõem: cobertura florestal e áreas enormes onde a agricultura se pode expandir. A energia que pode ser retirada de produtos agrícolas, como a

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