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Crise Mundial 2008

Artigo: Crise Mundial 2008. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  12/6/2013  •  5.684 Palavras (23 Páginas)  •  535 Visualizações

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INTRODUÇÃO:

A observação do processo contemporâneo de globalização financeira, mais especificamente, dos sucessivos e respectivos episódios de fortes instabilidades financeiras no seio da economia mundial, desacredita a tese neoclássica dos “mercados eficientes”. Como já foi destacado por Guttman [2008], é particularmente surpreendente constatar a propensão do sistema financeiro a “produzir” ou gerar crises financeiras, as quais são profundamente desestabilizadoras, tomando em consideração os seus efeitos reais na economia. Com efeito, os exemplos são numerosos: a crise da divida dos países em “via de desenvolvimento” durante a década de 80 ( a qual foi chamada de “década perdida”0, a crise mexicana em 1994/1995, a crise asiática de 1998, e os seus efeitos de contagio no Brasil e na Russia em 1999, assim como a explosão da “bolha Internet” em 2001 nos Estados Unidos. Mais recentemente, a crise dos mercados hipotecários ( cujo epicentro foi os Estados Unidos) tem sido particularmente fulminante ao considerar a sua natureza sistêmica e os seus rápidos efeitos de propagação através do mundo.

Ao contrario do que preconizavam no começo, as instituições internacionais e governamentais, não tivemos uma separação entre os países do sul e do norte na medida em que todas as economias do mundo tem experimento, claro com intensidade variada, as consequências da crise americana. Os “efeitos imediatos” da crise dependem das especificadas estruturas próprias a cada país ( tais como o tipo de estrutura produtiva e modo de inserção das economias nacionais no seio do sistema monetário internacional). O Brasil experimentou uma reversão de fluxos de capitais internacionais entre setembro 2008 e novembro 2008: passa-se de um saldo positivo de 5178 milhões de dólares a um saldo negativo de -9520 milhões de dólares. Esta saída brutal de fluxos de capitais, no período muito curto de dois meses, explica a rápida depreciação da taxa de cambio em outubro de 2008 ( depreciação de12% em relação ao mês precedente), assim como a redução das reservas internacionais de 8% entre setembro e janeiro de 2009. Como então entender estes movimentos erráticos no seio do capitalismo contemporâneo?

Segundo a teoria neoclássica, os mercados financeiros desenvolvem um papel estabilizador e “auto regulador”. Esta visão dos mercados é o resultado de dois pressupostos teóricos fundamentais. A primeira hipótese é a da eficiência informativa: os mercados financeiros seriam um espaço onde os preços, estabelecidos em qualquer tempo, refletiam o valor fundamental ou o “valor intrínseco”. Este resultado é possível por meio da concorrência entre os diferentes agentes econômicos supostos racionais e dispondo de toda a informação disponível. A segunda hipótese é a da eficiência alocativa: a expansão e o desenvolvimento dos mercados financeiros ( na escala planetária) gerariam, via o mecanismo de deslocamento da poupança dos países do norte pelos países do sul, uma alocação ótima dos recursos. A partir destes diferentes pressupostos foi elaborada uma visão”exogenea” das crises. Estas ultimas são consideradas como o corolário de obstáculos impedindo a livre circulaçãodos capitais ( em recorrência, a regulamentação estática). Neste sentido, as crises ou as “bolhas especulativas” só podem ser consideradas como eventos transitórios ou acidentais: ou seja elas constituem as exceções que confirmam a regra. Assim, as recomendações feitas em termos de politicas econômicas, e que se encontram nas agendas das grandes instituições internacionais como o (F.M.I) fundo monetário internacional, inscrevem-se principalmente num quadro de aperfeiçoamento e

reforçamento das estruturas dos mercados.

Motivo que gerou a crise.

Depois da depressão econômica vivida pelo mundo no fim do século XIX, o mundo viveu uma crise financeira que até os dias atuais serve de paradigma de profundas falhas econômicas, a crise de 1929. Após o fim da Primeira Guerra Mundial, os norte-americanos supriram a Europa de manufaturas, matérias-primas e alimentos; detinham cerca de 50% do estoque mundial de ouro.

A produção norte-americana prosperou bastante entre os anos de 1921 a 1928, mesmo período em que ocorreram quedas das exportações devido a recuperação das nações européias. Além da queda das exportações e empréstimos para a Europa, a mecanização do campo, a facilidade de crédito e o aquecimento de seus compradores foram causas principais para a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, que em 1929, era mais especulativa do que real.

No ano de 2007, amadureceu nos EUA, a chamada crise imobiliária, tecnicamente referente a crise de crédito nos EUA. No início dos anos 2000, comprar um imóvel tornou-se tarefa mais fácil, pois durante o governo de George W. Bush, os juros do financiamento imobiliário estiveram fixados em torno de 2% ao ano, o que tornou o crédito de compra de imóvel acessível à população de renda mais baixa.

O mercado imobiliário ficou aquecido, mas com o aumento dos juros, muitos mutuários por não terem condições de pagar, entregaram os imóveis, começou a sobrar imóvel no mercado, gerando baixa do preço dos mesmos. No fim, as financiadoras ficaram com os imóveis de valor baixo e sem dinheiro necessário (que planejavam receber) para pagar os títulos de investimentos.

As empresas financiadoras resolveram jogar os títulos de investimento imobiliário na venda da bolsa de valores, o que espalhou a crise para mercados de todo mundo. O FMI reconheceu que a turbulência financeira que iniciou no verão de 2007, se transformou em crise completa, e que tal fato desencadeia um declínio acentuado na atividade econômica nos EUA, sob probabilidade de longa recessão. No dia 15 de setembro de 2008 o banco americano Lehman Brothers anunciou a concordata, marcando o ápice da crise.

O Senado e a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovaram o plano de resgate dos mercados, apresentado pelo governo Bush, prevendo ajuda de 700 bilhões de dólares aos bancos quebrados do país. A união europeia reuniu esforços em conjunto para estatizar ou manter o crédito bancário entre os bancos europeus, os resultados projetam.

Resumo: Partindo de uma abordagem analítica endógena da crise inspirada da noção de ciclo econômico de Keynes (1936) assim como dos recentes estudos de Aglietta (2007 e 2008) o objetivo deste trabalho é analisar os mecanismos da crise financeira que começou nos Estados unidos via mercado de créditos hipotecários assim como os seus efeitos para a economia brasileira. A hipótese fundamental é que a compreensão dos mecanismos

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