EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: MODALIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO CAPITAL INTELECTUAL DA POLÍCIA MILITAR DO ACRE

3 DESENVOLVIMENTO DO CAPITAL INTELECTUAL

3.1 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO

O art. 2º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que trata a educação como uma questão do desenvolvimento intelectual e exercício da cidadania “[...] finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (grifo nosso)”, e para que isto ocorra é preciso preparar o policial militar para que não só exerça sua cidadania, mas também trabalhe com excelência, e para isso, precisa ser treinado e desenvolvido.

O treinamento surgiu das necessidades de capacitar as pessoas a exercerem com qualidade as atividades a elas atribuídas e tem sua origem no final do século XIX, no processo de industrialização. Seu marco (século XX) foi a publicação da obra de Taylor: Princípios de administração científica, “sobre a racionalização do trabalho, a padronização de tarefas, a redução de tempo[...]” (MARCONDES, 2007, p. 260). Como podemos observar, com o passar do tempo surgiram vários estudos e entendimentos sobre treinamento e desenvolvimento:

Treinamento tem como objetivo a preparação das pessoas para a execução imediata das diversas tarefas peculiares a organização; dando oportunidades para o contínuo desenvolvimento pessoal, não apenas no cargo atualmente ocupado, mas também em outros que o indivíduo possa vir a exercer; mudança nas atitudes das pessoas, a fim de criar entre elas um clima mais satisfatório, aumentando-lhes a motivação e tornando-as mais receptivas às técnicas de supervisão e gestão (TACHIZAWA; FERREIRA; FORTUNA, 2001, p. 220-221).

Treinamento como uma aquisição sistemática de atitudes, conceitos, conhecimentos, regras ou habilidades que resulta em melhoria de desempenho no trabalho, obtidos por meio da análise de tarefas e princípios da tecnologia instrucional (LACERDA E ABBAD, 2003, p. 78 apud GOLDSTEIN 1991).

Treinamento é visto como um esforço planejado de uma organização para facilitar a aprendizagem de comportamento exigidos pelo trabalho (LACERDA E ABBAD, 2003, p. 78 apud WEXLEY 1984).

Treinamento busca a aquisição e o aprimoramento do desempenho do funcionário para que possa aumentar a produtividade dos recursos - físicos, financeiros, informações sistemas etc. – colocados à disposição dele para realizar seu trabalho (MARCONDES, 2007, p. 260).

No entanto, Marcondes (2007, p. 260), afirma que desenvolvimento é a “capacitação do empregado para alcançar novas posições ou a gerência de negócios que envolvam a obtenção de resultados cada vez mais abrangentes”. Concluímos, portanto, que desenvolvimento é o contínuo aprimoramento das capacidades individuais, de modo a exercer mudanças comportamentais que reflitam em crescimento intelectual com capacidade de dar resultados positivos para o próprio indivíduo e/ou para as organizações que realizaram tal investimento. Nunca esquecendo que este desenvolvimento ou treinamento (que é uma ferramenta do desenvolvimento), não pode permanecer como algo assistemático para resolver um problema momentâneo e sim ser um processo contínuo de educação.

3.2 EDUCAÇÃO CONTINUADA

O Ministério da Educação na aprovação de sua nova estrutura regimental através do decreto nº 7480, de 16 de maio de 2011, trata a educação continuada em nível de secretaria, podendo ser verificado através da redação:

ANEXO I

ESTRUTURA REGIMENTAL DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

[...]

CAPÍTULO II

DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

Art. 2o O Ministério da Educação tem a seguinte estrutura organizacional:

[...]

II. órgãos específicos singulares

[...]

d) Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão.(grifo nosso)

O Art. 22 deste mesmo decreto, descreve que essa secretaria deverá “coordenar ações de educação continuada,[...], por meio da articulação com órgãos governamentais e não governamentais, visando à efetivação de políticas públicas intersetoriais.” (grifo nosso)

Acreditamos que a simples mudança de comportamento das pessoas por meio da incorporação de novos hábitos, atitudes, conhecimentos e destrezas, ou seja, da aprendizagem adquirida por treinamentos, por si só não seria suficiente ao ajuste destas ao ambiente atual.

Vivemos num mundo globalizado onde as mudanças ocorrem constantemente e as informações chegam em frações de tempo cada vez menores. Por isso, o policial deve se manter constantemente atualizado, com a ideia de alinhar e desenvolver os talentos humanos de acordo com as estratégias da instituição, numa visão de futuro e metas a serem alcançadas para o sucesso, como um instrumento de contribuição para as mudanças sociais tão necessárias dentro desse contexto.

Haddad (2007, p. 1) em seu artigo na Revista Revej@, ao descrever o que é educação continuada, aborda no seu contexto a importância das experiências pessoais vividas para o desenvolvimento da pessoa humana:

Educação continuada é aquela que se realiza ao longo da vida, continuamente, é inerente ao desenvolvimento da pessoa humana relaciona-se com a idéia [sic] de construção do ser. Abarca por um lado, a aquisição de conhecimento e aptidões e, de outro a atitude e valores, implicando no aumento de discernir e agir.Essa noção de educação envolve todos os universos da experiência humana, além dos sistemas escolares ou programas de educação não-formal [...] associa-se à própria característica distintiva dos seres humanos, a capacidade de conhecer e querer saber mais, ultrapassando o plano puramente instintivo de sua relação com o mundo e com a natureza.

A conjuntura apresentado na citação anterior e o esforço do Ministério da Justiça na área de educação dos profissionais de segurança pública, nos remete a acreditar na preocupação de todos com a educação continuada. A SENASP utiliza a metodologia de traçar um mapa de competências, na qual o profissional deve ampliar seus conhecimentos (saber), desenvolver habilidades (saber fazer) e fortalecer atitudes (saber ser) e para que esse novo perfil exigido pela sociedade seja alcançado, acreditamos que somente será possível através de um processo de educação continuada.

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