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Eco Efetividade Eis a história de três livros.

Por:   •  8/10/2019  •  Ensaio  •  1.456 Palavras (6 Páginas)  •  84 Visualizações

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Ecoefetividade

Eis a história de três livros.

A primeira é conhecida. Tem cerca de doze centímetros por vinte, é compacto e agradável de segurar. A tinta escura tem uma impressão nítida sobre o papel macio. Possui uma sobrecapa colorida e uma capa de cartolina rígida. Em muitos aspectos, é um objeto inteligentemente concebido, projetado – tal como seus predecessores muito semelhantes, de centenas de anos atrás – para ser portátil e durável. Centenas de usuários podem retirá-lo da biblioteca. Levam-no para a cama, para o trem, para a praia.

Embora atraente, funcional e durável, o livro não durará para sempre; se for lido na praia, nem esperamos que dure. O que acontece quando é descartado? O papel vem das árvores, de modo que a diversidade natural e os solos já são exauridos para fornecer-nos material de leitura. O papel é biodegradável, mas as tintas impressas tão nitidamente no papel e que criam a notável imagem sobre a capa contêm fuligem e metais pesados. Na verdade, a capa não é papel, mas um amálgama de materiais – polpa de madeira, polímeros e revestimentos, bem como tintas, metais pesados e hidrocarbonetos halogenados. Não pode ser compostado com segurança, e se é queimado, produz dioxinas, um dos materiais cancerígenos mais perigosos que o homem já criou.

Vamos ao livro número dois. Este também é bastante familiar aos olhos contemporâneos. Tem o mesmo formato e tamanho usuais de um livro, mas o papel – de cor bege opaco – é fino e poroso. Não tem sobrecapa, e a capa está impressa em uma única cor de tinta. Pode parecer um pouco tedioso, mas tem uma aparência humilde, "respeitosa para com a Terra", que é instantaneamente reconhecível por quem se inclina à preservação ambiental. E, de fato, o livro é o produto de uma tentativa planejada para ser ecoeficiente. Está impresso com papel reciclado – daí a cor bege – com tintas à base de soja. Além disso, aqueles que o projetaram se esforçaram por "desmaterializar", por usar menos de tudo: observe a cartolina fina, sem revestimento e a ausência de sobrecapa. Infelizmente, a tinta aparece através do papel ralo, e a falta de contraste entre a tinta e a página força os olhos. A encadernação sumária é um pouco fraca e de pouco serve. O livro não é exatamente de fácil leitura – ainda bem que é amigo do meio ambiente.

É mesmo?

Arduamente, seu designer pensou muito tempo sobre que tipo de papel usar; cada escolha tinha seus inconvenientes. Inicialmente, pensou-se que o papel livre de cloro poderia ser um bom caminho a seguir, porque sabia que o cloro representa um sério problema para os ecossistemas e para a saúde humana (por criar dioxinas, por exemplo). Mas descobriu-se que o papel totalmente livre de cloro requeria celulose virgem, porque qualquer papel reciclado na mistura já teria sido branqueado. Com efeito, o papel feito a partir de qualquer tipo de polpa de madeira provavelmente contém algo de cloro, porque o sal clorado surge naturalmente nas árvores. Que dilema: poluir rios ou devorar florestas. Terminou-se escolhendo o papel com o maior conteúdo reciclado, evitando aquilo que pareceria uma agressão maior. As tintas à base de soja apresentavam outro dilema, porque elas poderiam conter hidrocarbonetos halogenados ou outras toxinas, que se tornam mais biodisponíveis nessas tintas ecologicamente amigáveis e solúveis em água do que em tintas convencionais, à base de solvente. A capa era revestida para ter uma durabilidade razoável, de modo que não pode ser reciclada junto com o resto do livro; e as fibras do papel, devido ao seu já alto conteúdo reciclado, quase atingiram os limites para uso posterior. Mais uma vez, ser menos mau demonstra ser uma opção bastante pouco atraente do ponto de vista prático, estético e ambiental.

Imagine se pudéssemos repensar todo o conceito de livro, considerando não somente os aspectos práticos de fabricação e de uso, mas também os benefícios que ambos poderiam trazer consigo. Vamos ao livro três, o livro do futuro.

É um livro eletrônico? Talvez – essa modalidade ainda está engatinhando. Ou talvez tome outra forma, até agora inimaginável por nós. Mas muitas pessoas consideram a forma do livro tradicional tanto cômoda como agradável. E se nós repensássemos não a forma do objeto, mas os materiais dos quais é feito, no contexto de sua relação com o mundo natural? De que maneira isso poderia ser um benefício tanto para as pessoas como para o meio ambiente?

Poderíamos começar considerando se o próprio papel é um veículo adequado para o material de leitura. É apropriado escrever a nossa história sobre a pele do peixe com sangue de ursos, para fazer coro à escritora Margaret Atwood? Imaginemos um livro que não seja uma árvore. Nem mesmo é papel. Em vez disso, é feito de plásticos desenvolvidos em torno de um paradigma completamente diferente em relação aos materiais; polímeros que são recicláveis ilimitadamente com o mesmo nível de qualidade – que são projetados tendo em mente, em primeiro lugar, sua vida futura, em vez de uma estranha ideia de última hora. Esse "papel" não requer o corte de árvores ou que se despeje cloro em cursos de água. As tintas não são tóxicas e seu polímero pode ser lavado através de um processo químico simples e seguro ou por meio de um banho de água extremamente quente, a partir dos quais podem ser recuperadas e reusadas. A capa é feita de um grau mais pesado do mesmo polímero com que é feito o restante do livro, e as colas são feitas de ingredientes compatíveis; assim, uma vez que os materiais não são mais necessários em sua forma atual, a indústria editorial pode recuperar o livro inteiro mediante um processo de reciclagem de apenas uma etapa.

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