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Escolas De Pensamento

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Por:   •  18/4/2013  •  6.766 Palavras (28 Páginas)  •  902 Visualizações

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Escolas de Pensamento da Ciência Contábil: uma síntese de estudo.  Prof. Waldir Jorge Ladeira dos Santos  Coordenador Acadêmico do Curso de Ciências Contábeis da FMJ

“Escolas de Pensamento da Ciência Contábil:

uma síntese de estudo”

Waldir Jorge Ladeira dos Santos *

1. INTRODUÇÃO

Antes de apresentarmos as correntes de pensamento, devemos entender o porquê de seu surgimento em relação aos acontecimentos no campo científico da própria humanidade.

O amadurecimento da humanidade a partir do Século XVII com René Descartes, criador do método especial para o Pensamento Científico e o Positivismo no Século XIX de Auguste Comte, que se baseia na observação e teorização da realidade, fundamentou não somente a Contabilidade como também várias outras ciências, alicerçando o conhecimento específico, distinto do empírico.

Várias foram as escolas de pensamento contábil, porém nem todas trouxeram avanços na essência do estudo da Ciência Contábil, alterando, apenas, a forma de apresentação das correntes ora desenvolvidas. Tem-se neste trabalho o objetivo de descrever as escolas de pensamento contábil que surgiram na busca de uma visão científica (apesar de algumas não terem conseguido avançar mais do que a sua própria natureza empírica, contudo deram suporte para outras com aprimoramento cultural suficiente para o campo científico). Serão descritas as seguintes escolas: Pseudopersonalismo, Contismo, Materialismo Substancial, Personalismo, Controlismo, Aziendalismo, Reditualismo, Patrimonialismo, Universalismo e Neopatrimonialismo.

Os valores intelectuais da humanidade, sempre de forma evolutiva, ensejaram, no início do século XIX, o aparecimento da Contabilidade como ciência, culminando tal surgimento no reconhecimento de tal classificação pela Academia de Ciência da França.1

A França esteve presente no início do reconhecimento científico da Contabilidade. Em 1834, com J. P. Coffy, a posição da Contabilidade como ciência era enobrecida. Coffy enriquecera a teoria materialista, objetivando as relações do patrimônio e enfatizando o comportamento da riqueza e não o da posse.

A consolidação científica se deu poucos anos depois, com Francesco Villa, a partir de 1840 no renascimento italiano, sendo Villa o responsável pelo grande progresso da Ciência Contábil.

Villa, autor da obra premiada pelo Imperador da Áustria, La contabilitá, distinguiu o fenômeno registrado do simples registro ou informação sobre ele. Enfocou a substância da riqueza patrimonial como a base da satisfação das necessidades peculiares de cada azienda.

Surgem, então, grandes pensadores após 1840, dentre eles :

• Francesco Villa, com a Escola Lombarda;

• Giuseppe Cerboni, com a Escola Toscana;

• Fábio Besta, com a Escola Veneziana;

• Eugen Schmalenbach, com a Escola Alemã;

• Gino Zappa, com a tradição da Escola Veneziana;

• Vincenzo Masi, com a corrente do pensamento patrimonialista;

• D’Áuria, com a corrente do pensamento universalista; e

• Lopes de Sá, com os estudos do Neopatrimonialismo.

2. ESCOLAS DE PENSAMENTO CONTÁBIL

2.1 Pseudopersonalismo

É a primeira escola doutrinária que surgiu com Frei Luca Paciolo, caracterizada pela sua extrema natureza empírica, sem qualquer base racional, enunciando o seguinte conceito: Faze de conta que este estabelecimento comercial é uma pessoa que se torna devedora de tudo que lhe dás; pelo contrário, torna-se credora de tudo o que se lhe tira ou se recebe como se ela a mesma fosse um terceiro devedor ou um terceiro credor.

É uma corrente de ficção que indica as relações jurídicas entre pessoas com a presença dos termos Dever e Haver, personificando as contas.

Embora seja de natureza empírica, apresentou raízes profundas que lheproporcionaram a existência até os dias de hoje. Como exemplo citaremos alguns tratadistas seguidores dessa escola:

Lodovico Flori (1636) – Os débitos e também os créditos que se escrevem nos livros não pertencem apenas às pessoas; pertencem também às coisas supostas; Andrea Zanbelle (1671); J. S. Quiney (1817); José Maria Brost (1825); Francisco Castafio Diégues (1863); Ramón Cavanna Sanz (1929); Gabriel Faure (1930); Antôno Sacristan y Zavala (1932); Fernando Boter Mauri (1959).

A teoria pseudopersonalista, que se baseia no pressuposto de que todas as contas, mesmo aquelas que representam coisas ou bens patrimoniais, se devem considerar como contas das pessoas à guarda de quem elas estejam confiadas e, numa fase já mais avançada, como contas representativas da pessoa do comerciante que se desdobra assim em tantas pessoas quantas forem as espécies de bens ou de valores por ele possuídos. 2

Tal escola não conseguiu padronizar os lançamentos dos fatos nos livros, causando assim um aprendizado pela prática sem primar pela teoria tão necessária para montar um arcabouço científico.

Richard Dafforni publicou em Londres, em 1940, sessenta regras destinadas a servir de guia aos contabilistas, porém em alguns casos deturpava a própria essência dos fatos para subordiná-los a essas normas.

Os pseudopersonalistas chegaram à conclusão de que tudo que entra debita-se e tudo que saí credita-se, sendo uma incoerência quando se trata de financiamento de terceiros.

As contas tinham suas iniciais com letras maiúsculas como se fossem nomes de pessoas, tal qual era a personificação das contas.

O importante era evidenciar a diferença entre as contas que representavam pessoas das que representavam coisas, destacando para tal as seguintes divisões:

Manzoni (1540): Contas vivas (de pessoas); Contas mortas (de coisas); Barrême e Degranges (1721/1795): Contas gerais (de coisas); Contas particulares (de pessoas); De La Porte (1712): Contas do chefe (Capital, Perdas e ganhos, Despesas gerais, etc.); Contas de Valores (Caixa, Mercadorias, etc.); Contas dos correspondentes (Devedores e Credores diversos).

Uma das fragilidades dessa escola referia-se à personificação do responsável pelo valor, que, quando tratado de bens imateriais, não o contempla.

Para Jaime Lopes Amorim, a teoria pseudopersonalista e a popularíssima

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