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Familia E Trabalho

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Por:   •  21/10/2014  •  6.018 Palavras (25 Páginas)  •  242 Visualizações

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A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E OS EFEITOS NO MUNDO DO TRABALHO: OS TRABALHADORES DA ITALAC ALIMENTOS EM CORUMBAÍBA (GO)

Janãine Daniela Pimentel Lino Carneiro1

Marcelo Rodrigues Mendonça

Palavras-chaves: reestruturação produtiva; precarização do trabalho; Italac Alimentos.

O contexto atual é marcado pela reestruturação produtiva do capital e por novas formas do conflito capital x trabalho, provocando uma intensa mudança na classe trabalhadora, que se torna cada vez mais complexa e diversificada. Numa análise geográfica que busca compreender as transformações espaciais a partir do conflito é preciso considerar as novas formas assumidas por essa relação e os seus efeitos sobre o mundo do trabalho na produção do espaço. Neste artigo serão apresentadas algumas reflexões acerca da reestruturação produtiva e seus efeitos sobre o mundo do trabalho, especificamente, a partir das relações de trabalho na agroindústria laticinista Italac Alimentos, em Corumbaíba (GO). As reflexões aqui apresentadas são parte da pesquisa que está sendo desenvolvida no Curso de Mestrado em Geografia, na Universidade Federal de Goiás Campus Catalão. Este estudo foi dividido em duas etapas, a pesquisa teórica e a pesquisa de campo. Na pesquisa teórica foi realizado o levantamento bibliográfico acerca das temáticas abordadas e elaborado um referencial teórico básico. Dentre os autores consultados estão: Harvey (2009), Thomaz Júnior (2009, 2011), Antunes (2001, 2004, 2006) e Alves (2005). Na pesquisa de campo foram aplicados trinta questionários e realizadas dez entrevistas com os trabalhadores que atuam em diferentes setores da Italac Alimentos. Os questionários foram compostos por questões referentes aos dados socioeconômicos e a organização do trabalho na fábrica. Nas entrevistas foram abordadas questões sobre as diferentes atividades laborais exercidas antes de trabalharem na Italac Alimentos, sobre o trabalho desempenhado na fábrica, sobre aspectos do seu cotidiano, e ainda acerca das suas observações e expectativas como trabalhador da empresa. Investigou-se a organização do trabalho na fábrica e o movimento contraditório da luta rumo à emancipação, avaliando se ocorre ou não a precarização do trabalho nesta unidade produtiva, com referência nas declarações dos trabalhadores. Dessa forma, são apresentadas as principais características do processo de reestruturação do capital e seus efeitos sob a relação espaço-tempo e para o mundo do trabalho, considerando a Italac Alimentos nesse contexto, o processo de territorialização dessa empresa em Corumbaíba (GO), e ainda, alguns aspectos da organização do trabalho desempenhado na fábrica.

Eixo temático: Trabalho, Tecnologia e Reestruturação Produtiva.

1 Aluna do Programa de Pós-graduação em Geografia (PPGGC/UFG/Campus Catalão), nível mestrado. Membro do Núcleo de Estudos Geografia Trabalho e Movimentos Sociais (GETeM/UFG/CNPq). E-mail: janaine_nana@hotmail.com

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Introdução

Quando a vida humana se resume exclusivamente ao trabalho, ela se converte num esforço penoso, aprisionando os indivíduos e unilateralizando-os. Se, por um lado, necessitamos do trabalho humano e de seu potencial emancipador, devemos também recusar o trabalho que explora, aliena e infelicita o ser social. Essa dupla dimensão presente no processo de trabalho – que cria, mas também subordina, emancipa e aliena, humaniza e degrada, libera e escraviza [...]. (ANTUNES, 2004, s/p).

O contexto atual é marcado pela reestruturação produtiva do capital e por novas formas do conflito capital x trabalho, provocando uma intensa mudança na classe trabalhadora, que se torna cada vez mais complexa e diversificada. Numa análise geográfica que busca compreender as transformações espaciais a partir do conflito, torna-se premente considerar as novas formas assumidas por essa relação e os seus efeitos na produção do espaço. Dentre eles, destaca-se a degradação ambiental e a precarização do trabalho, que atingem a classe trabalhadora como um todo.

Antunes (2001) evidencia a desregulamentação, a flexibilização e a terceirização, advindas de uma lógica societal onde o capital se vale da força de trabalho humano enquanto parcela imprescindível para a sua reprodução, como formas de transformações contemporâneas no mundo do trabalho, a partir da reestruturação produtiva. Assim, o novo contexto pode diminuir o trabalho vivo, precarizá-lo e desempregar parcelas imensas, mas não eliminá-lo. Nesse sentido, o trabalho não perde a sua centralidade de categoria de análise ou mesmo de agente constituinte da sociedade capitalista, mas ocorrem profundas mudanças no mercado de trabalho como um todo, as quais afetam os trabalhadores. Essas mudanças são identificadas a partir da diminuição dos trabalhadores industriais tradicionais, do aumento do trabalho assalariado no setor de serviços, e da heterogeneização das formas de trabalho marcadas pela informalidade, pela subproletarização caracterizada pelo trabalho em tempo parcial, doméstico, temporário, precário, subcontratado e pelas terceirizações, além do desemprego estrutural e da feminização do mercado de trabalho. “Há, portanto, um processo de maior heterogeneização, fragmentação e complexificação da classe trabalhadora”. (ANTUNES, 2006, p. 50).

Neste artigo serão apresentadas algumas reflexões acerca da reestruturação produtiva e seus efeitos sobre o mundo do trabalho, especificamente sobre trabalhadores na agroindústria laticinista Italac Alimentos em Corumbaíba (GO). Investigou-se a organização do trabalho na fábrica e o movimento contraditório da luta rumo à

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emancipação, avaliando se ocorre ou não a precarização do trabalho nesta unidade produtiva, com referência nas declarações dos trabalhadores. Tais informações foram obtidas por meio de questionários.

As reflexões aqui apresentadas são parte da pesquisa que está sendo desenvolvida no Curso de Mestrado em Geografia na Universidade Federal de Goiás/Campus Catalão cujo objetivo é compreender as mudanças nas relações capital/trabalho a partir da territorialização do capital agroindustrial laticinista, Italac Alimentos, em Corumbaíba (GO) e seus efeitos nas transformações espaciais, bem como, os novos significados da relação campo-cidade.

O interesse pela temática, advém das leituras e discussões realizadas no Núcleo de Estudos Geografia, Trabalho e Movimentos Sociais/GETeM/CNPq/UFG sobre a categoria trabalho, que despertaram o interesse

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