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Gravidez na adolescência

Seminário: Gravidez na adolescência. Pesquise 859.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  22/3/2014  •  Seminário  •  7.428 Palavras (30 Páginas)  •  267 Visualizações

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Gravidez na Adolescência

Tem sido tarefa difícil explicar a causa de existir tantas adolescentes grávidas, e seu crescente número a cada ano. De um lado, alguns profissionais apontam para a falta de informação, de outro, a questão centra-se numa busca pela identidade por parte dos adolescentes. Cabe o estudo e a reflexão acerca das várias possibilidades que levam à gravidez na adolescência.

Kalina (1999) define que na adolescência, ocorre uma profunda estruturação da personalidade e que com o passar dos anos vai acontecendo um processo de reestruturação. Baseado nos antecedentes histórico-genéticos e do convívio familiar e social, e também pela progressiva aquisição da personalidade do adolescente, é possível entender que esta reestruturação tem em seu eixo o processo de elaboração dos lutos, a cada etapa deixada sucessivamente. A questão familiar e social funciona como co-determinante no que resulta enquanto crise, especialmente, à conquista de uma nova identidade.

O amadurecimento sexual do adolescente, de acordo com Tiba (1996), acontece de forma rápida, simultaneamente ao amadurecimento emocional e intelectivo, iniciando então, o processar na formação dos valores de independência, que acaba por gerar pensamentos e atitudes contraditórios, especialmente quanto a parceiros e profissões.

Aberastury (1983) diz se tratar de uma luta difícil para o adolescente encontrar uma identidade, que ocorre num processo de longa duração, além de lento, neste período, em que os jovens vão construindo a base final da personalidade, de seu perfil adulto. Este processo acontece por meio de tentativa e erro, em sua maior parte, buscando o verdadeiro eu, e acaba por sofrer agonias e dúvidas, querendo ser diferente do que fora em sua infância, num buscar uma identificação própria e diferente.

Podemos encontrar em Osborne (1975) aspectos importantes sobre pais que valorizam a autonomia e a disciplina no comportamento, estimulam mais o desenvolvimento da confiança, da responsabilidade e da independência. Pais que são autoritários, os quais tendem à repressão dos desacordos, porém não podem exterminá-los, e os filhos adolescentes provavelmente acabam sendo menos seguros, pensando e agindo pouco por si próprios. Pais negligentes ou permissivos que não oferecem o tipo de ajuda que a adolescente precisa; permitem que seus filhos percam o rumo, não oferecendo a eles modelos de um comportamento adulto responsável.

Vemos então, a enorme responsabilidade educacional durante o processo de adolescência, e Sayão (1995) confirma tal postura com relação aos filhos, que crescem e aos pais cabe a preparação sobre as mudanças no corpo e o aprendizado de como lidar com a questão sexual, usando de honestidade e se preocupando em transmitir valores, além das regras.

A adolescência é caracterizada por um período de intensas mudanças físicas, sexuais, psicológicas e sociais. É um momento em que a jovem busca formar a sua própria identidade, testando os valores e os costumes aprendidos. Em geral, a crise de identidade se instaura no adolescente no momento em que ele busca encontrar suas próprias respostas e motivações para a vida, procurando compreender quem é e o que fazer.

A gravidez na adolescência envolve muito mais que problemas físicos, existem também problemas emocionais, sociais, entre outros. Com isso, abre-se a problemática da maternidade monoparental que apresenta particular incidência na gravidez da adolescência. Constroe-se um perfil da jovem que engravida, baixo auto-estima, escolaridade precária, instabilidade familiar, dificuldade de inserção familiar ou social.

Ao tratarmos sobre prevenção da gravidez, podemos encontrar pesquisas realizadas através do ministério da saúde, onde revelam constantemente que grande parte da população tem tido a informação básica necessária sobre o uso de anticoncepcionais, e que apesar dos adolescentes possuírem este conhecimento, acabam mantendo um relacionamento sexual sem tomar os cuidados necessários e assim, engravidam inesperadamente.

Se por um lado encontramos uma boa dose de informações que chega até os jovens, por outro, percebemos a constante falta de diálogo entre pais e filhos, não bastando apenas dizer ao adolescente para que use preservativo, mas também esclarecendo sobre as decorrências possíveis, lembrando que uma relação afetiva e estável tem maiores chances de entendimento neste diálogo. Os pais precisam se preparar com conhecimento a respeito, trabalhar melhor sua participação em assuntos “delicados” e, acompanhar equilibradamente a vida de seus filhos.

A adolescência, segundo ABERASTURY e KNOBEL (1981), não pode ser estudada de forma fragmentada, ou seja, apenas no âmbito social ou apenas biológico, a adolescência é um fenômeno que deve ser compreendido de forma abrangente considerando os campos social, biológico, histórico e sócio-cultural. Os mesmos autores destacam o fato de que um grande marco dessa fase da vida é o não reconhecimento da sexualidade do adolescente, por parte da sociedade, como se a sexualidade fosse despertada apenas quando se atinge a maioridade.

Mesmo variando nas diferentes sociedades, a adolescência é fundamentalmente caracterizada por ser um período de transições entre a puberdade e o estado adulto, assim como o reconhecimento da condição adulta ao indivíduo também varia. Dessa forma entendemos que existem peculiaridades culturais na construção de uma identidade, que podem facilitar ou dificultar esse processo de mudanças corporais, de reformulação dos conceitos que tem sobre si mesmo, saindo de uma auto-imagem infantil, para uma vida adulta.

De uma maneira geral, o que se discute quanto à gravidez na adolescência, não é a experiência da maternidade ou da gravidez. O que se vê é que, quando se trata de uma abordagem preventiva, trata-se como forma de controlar o outro. Fala-se de prevenção e vulnerabilidade, tratando a gravidez muitas vezes em termos de saúde e doença.

Outro ponto reforça a estatística sobre gravidez na adolescência, que conforme Varella (2000) nos aponta que, os dados da Pesquisa Nacional em Demografia e Saúde do Brasil, feita em mil novecentos e noventa e seis, indicaram que quatorze por cento das meninas nesta faixa etária já tinham um filho, no mínimo. Entre as parturientes que foram atendidas pelo Sistema Único de Saúde, entre os anos de mil novecentos e noventa e três e mil novecentos e noventa e oito, teve um aumento de trinta e um por cento dos casos de meninas entre dez e quatorze anos.

A maternidade adolescente e suas implicações no meio familiar A maternidade é compreendida como o processo que engloba

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