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HOMEM E SOCIEDADE

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Por:   •  21/3/2015  •  3.329 Palavras (14 Páginas)  •  322 Visualizações

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HOMEM E SOCIEDADE

A cultura é um instrumento de relações sociais e a forma pela qual os homens atuam em sociedade

A Cultura está presente em todas as ações da sociedade. A resignação ou inconformismo com que o cidadão encara sua realidade é, sobretudo, uma conduta cultural. O próprio fato de o indivíduo se perceber enquanto cidadão é fruto de condicionantes culturais e históricas. Uma ação de governo que se pretenda progressista, ou transformadora, tem a Cultura como prioridade.

A Cultura não pode ser confundida com eventos isolados, que se bastem em si mesmos. Muito menos pode ser reduzida a mero entretenimento ou restrita às Belas Artes ou à “alta cultura”, erudita e hermética. Cultura é um pouco disso tudo, mas também as referências históricas, costumes, condutas, desejos e reflexões. Evidentemente, o evento artístico, como concretização de um processo, tem um papel importante e muitas vezes é nesses acontecimentos que as pessoas tomam contato, pela primeira vez, com determinadas obras de arte; e são tocadas por elas. Também o entretenimento traz um componente lúdico fundamental para o Fazer Artístico e seria de um profundo elitismo masoquista negar este aspecto agradável da Arte. Mas, antes de tudo, Cultura é “o cultivo da mente”. Ou, nas palavras de Bertolt Brecht, “(...) é pensar, é descobrir“.

Democratizar a Cultura é democratizar o acesso aos bens da cultura universal, permitindo às pessoas se elevarem à autoconsciência de participar no gênero humano. Ampliar o raio de ação das obras culturais e não adaptá-las, moldá-las, enfraquecê-las, permite ao indivíduo se apropriar de instrumentos capazes de romper a falsa consciência alienada e particularista que o impede de desenvolver uma postura crítica diante do mundo em que vive. “Deve-se elevar a cultura do povo!”, defendia Maiakóvski.

A distinção entre Cultura Erudita e de Massas e destas em relação à Cultura Popular é uma maneira de hierarquizar culturas e assegurar a sobrevivência de um regime social. Esta distinção apresenta a elite como detentora de um saber e bom gosto que a legitima ao pleno exercício do poder. À massa – como se existisse esta categoria amorfa e compacta – é oferecida uma cultura pasteurizada, feita para atender a necessidades e gostos medianos de um público que não deve questionar o que consome. Manter esta distinção significa manter um status de dominação. Romper com esta realidade, difundindo uma cultura que seja instrumento de crítica e conhecimento, é o caminho para a ampliação da cidadania. Vista deste modo, a cultura deixa de ser um bem secundário em um país de tantas carências e passa a ser um bem social, assim como as áreas de saúde e educação. Por estes motivos uma gestão pública de Cultura deve ser entendida como prioritária e social, como alavanca de transformações.

Patrimônio Cultural

Recuperar e conhecer o Patrimônio Cultural é a base da nacionalidade. Um povo sem um acervo de conhecimentos, arte e memória, não tem referências que lhe permitam projetar-se ao futuro; estará condenado a mero receptor, nunca um criador. O empobrecimento cultural, a degradação ambiental e a perda de perspectivas criativas prosperam no terreno fértil do desrespeito e do desconhecimento do Patrimônio Cultural.

Preservar o Patrimônio não é contraditório com o desenvolvimento econômico e social; pelo contrário, impulsiona-o. O Patrimônio Cultural também não pode ser reduzido a um mero conjunto de edifícios ou obras de arte; ele é vasto e envolve todos os campos da ação humana, tangíveis ou intangíveis. O meio ambiente e nossas reservas naturais, degradadas ou não, fazem parte desse patrimônio, assim como o conhecimento científico e tecnológico, documentos escritos, imagens, objetos, danças, estórias infantis, músicas, lendas compõem nossa herança. Esta é a base de nossa identidade (ou identidades), sendo o alicerce do desenvolvimento econômico, tecnológico, social e artístico. Reforçar a identidade cultural também significa revelar contradições e romper com uma identidade aparentemente homogênea, construída apenas baseando-se em determinados marcos representativos da cultura dominante.

Com base nestes conceitos, a prioridade a Museus, Arquivos e Bibliotecas é decorrência. Do mesmo modo o registro literário, sonoro e visual da produção artística de nossa época é uma meta da qual não se deve descuidar. Tombamentos, áreas envoltórias e revitalização ambiental compõem um capítulo à parte e são fundamentais para o progresso social de todo e qualquer povo. Situam-se em uma fronteira onde os interesses econômicos entram em choque direto com os interesses da cultura. Este choque, entretanto, acontece mais em função da ignorância dos agentes econômicos e de um certo dogmatismo e despreparo por parte dos encarregados de sua preservação.

Existem soluções que valorizam estética e economicamente os bens tombados; é preciso, no entanto, um esforço de análise e capacidade de diálogo para encontrar tais alternativas. A Troca do Potencial Construtivo é uma delas; mas há outras que podem ser elucidadas em um debate à parte.

Formação Cultural

Uma política democrática de formação cultural não é uma simples relativização cultural, um “deixar fazer” sem critérios. Democratizar significa oferecer alternativas, desenvolver um trabalho de contracultura em relação às imposições do moldável mercado. E se contrapor à indústria cultural, de consumo fácil e gosto duvidoso.

A Formação cultural deve ser analisada amplamente e engloba desde o aperfeiçoamento permanente dos agentes culturais diretos (atores, músicos, produtores culturais, artistas plásticos, cineclubistas, etc) até um projeto de iniciação artística de amplo alcance. Um programa de formação cultural que atinja, simultaneamente, milhares de pessoas, deve estar solidamente implantado na complementação educacional de crianças e adolescentes e oferecer cursos descentralizados dirigidos a donas de casa, jovens, idosos e trabalhadores. Além de cursos, a Formação deve prever o amplo acesso a livros, obras de arte e espetáculos dos mais variados estilos. Isto é formação de gosto e só se gosta daquilo que se conhece.

Casas de Cultura administradas em co-gestão (poder público/comunidade) e com um funcionamento articulado com Instituições mais bem equipadas, como Museus e Teatros, representam uma alternativa. Outras experiências, a exemplo do Projeto Recreio, em São Paulo, que oferece atividades culturais e recreativas para milhares de crianças durante as férias, também apontam

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