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Historia Da Educaçao E Da Pedagogia

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Por:   •  10/4/2014  •  2.829 Palavras (12 Páginas)  •  284 Visualizações

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A PRIMEIRA REPÚBLICA, AS ESCOLAS GRADUADAS E O IDEÁRIO DO ILUMINISMO REPUBLICANO: 1889-1930

Jorge Uilson Clark [1]

O presente estudo visa analisar a difusão do ideário iluminista republicano e a propagação da escola graduada entre o período de 1889 a 1930, também conhecido por República Velha. A divisão da República em ordem cronológica tem como intuito facilitar o trabalho de quem estuda a História. Entre as dificuldades que a ciência histórica apresenta, uma das maiores é justamente a determinação dos períodos de seu desenvolvimento, pois não dá par dizer “a partir desse momento interrompemos o estudo da Monarquia e começamos um estudo sobre a República”, já que em diferentes momentos os fatos históricos se interpenetram; não é pelo fato que a República tenha sido proclamada em 1889, que a vida econômica e social se transformou a partir daí, pelo contrário, ela seguiu da mesma forma, mudando somente o regime político.

Depois de fazer esse pequeno esclarecimento, podemos dizer que, o Movimento Republicano teve seu início em pleno andamento do Império, ou seja, a partir de 1870. Durante esse período, muitas das mudanças exigidas pelos republicanos já vinham sendo promovidas pelos diferentes gabinetes ministeriais do império. Era a velha Monarquia buscando ajustar sua política com intuito de permanecer mais tempo no poder. Porém, esse fato não aconteceu devido principalmente a crise política e econômica vivida pelo Império.

O Governo Imperial instituído com a Independência do Brasil (1822), pretendia manter intocável o latifúndio escravista e preservar os privilégios da elite rural, porém com o passar dos anos, essa estrutura montada nesses pilares social e econômico demonstrava sua incapacidade de acompanhar a evolução pelo qual o Brasil passava, notadamente, a partir de 1870, quando evoluírem os meios de transportes com o surgimento da rede ferroviária e a navegação a vapor. No Oeste Paulista as fazendas de café adquiriram caráter de empresa, com os proprietários mecanizando a produção; e nas regiões onde antes se produzia açúcar com seus velhos engenhos, foram aos poucos sendo substituídas por usinas mais modernas. Além desse fator, contribuíram também para mudanças, o crescimento populacional, a crise do sistema escravista e a lenta substituição no campo do trabalho servil para de trabalhador assalariado, sem se falar, no surgimento nas grandes cidades de inúmeras indústrias a partir da década de 1870, expandindo ainda mais na década seguinte.

Portanto, a não adequação do regime Imperial a nova realidade e a crise econômica que atinge o Brasil em 1877, contribuiu para que os ideais republicanos se fizessem cada vez mais presente acentuando o “antagonismo entre os tradicionais senhores de terra que governavam o país como se governassem suas fazendas e os representantes de novos interesses” (COSTA, 1974: 27).

Na medida que o republicanismo avançava ganhando espaço na sociedade, instituições comprometidas com seus ideais surgia como, por exemplo, a fundação no Rio de Janeiro do Clube Republicano, em 3 de dezembro de 1870, e, nesse mesmo ano, surgia o Jornal “A República” responsável pela publicação do “Manifesto”, cuja elaboração contou com a participação de Quintino Bocaiúva, Saldanha Marinho e Salvador Mendonça, sendo assinada também pelos representantes das mais diversas profissões, dentre as quais haviam “12 advogados, 9 médicos, 7 negociantes, 5 engenheiros, 5 jornalistas, 3 advogados-jornalistas, 3 funcionários públicos, 2 professores, 1 fazendeiro e 1 capitalista” (QUEIROZ, 1974:49).

Entre as críticas feitas pelos republicanos ao sistema Imperial, a que mais pesava era contra o poder moderador, que concedia plenos poderes ao imperador, atendendo sua vontade pessoal e servindo ao seu despotismo.

Embora outras questões também fossem denunciadas pelos republicanos, como diferença de raça, posição econômica e a manutenção dos privilégios da elite em relação à sociedade, continuou prevalecendo a desigualdade social, pois não era intenção dos republicanos alterar a ordem econômica, muito menos social, mais sim atrair cada vez mais adeptos, fortalecendo assim a causa republicana. Daí evitar discutir assuntos polêmicos como a Abolição da Escravatura. Pois, não desejavam comprometer-se com os ricos agricultores do sul, “sem prever que os elementos mais inteligentes da grande lavoura seriam os primeiros a antecipar-se à escravidão, inaugurando por conta própria, o trabalho livre do colono estrangeiro”. (BELLO, 1972:17), nas regiões mais ricas e desenvolvidas do país devido principalmente ao café.

Nas vésperas da Proclamação da República o Movimento estava estruturado da seguinte maneira em todo o país: 77 jornais e 273 clubes republicanos. Mas enquanto a elite participava ativamente das mudanças políticas, a população permaneceu alienada do processo sob a alegação de que pouco se lia e de que a maioria da população era composta de analfabetos, e que, portanto, a propaganda só podia ser difundida oralmente. Com respeito a esse assunto afirmava Silva Jardim:

[...] tinha-se em verdade passado o tempo das revoluções feitas somente à força da espada ou à força do dinheiro: o essencial era preparar a opinião pública; e com alguns níqueis no bolso para estradas de ferro, e com uma garganta para os discursos, também se podia abrir caminho para a República. Creio que me reconheci com alguns níqueis no bolso e com uma garganta. (JARDIM, Silva, in: QUEIROZ: 1947:7).

Seguindo uma linha doutrinária liberal democrática, os republicanos procuravam afastar os elementos mais radicais do partido, fortalecendo o pensamento dos moderados que acreditavam no uso da palavra como meio de persuasão política, condenando a pretensão da ala revolucionária ligada a Silva Jardim que pretendiam chegar ao poder através do uso da força. Os ideólogos moderados acreditavam que não havia a necessidade do derramamento de sangue, pois a revolução desde a muito já se encontrava amadurecida e podia ser realizado com palavras, considerada importante “arma de discussão, instrumentos pacíficos da liberdade, da qual se promove à revolução moral e que ampliam os direitos” político. (MANIFESTO, A REPÚBLICA, 3/12/1870).

Os republicanos ao expor o regime imperial sob constante acusação pretendiam promover seu desgaste político junto à opinião pública e abalar a confiança dos políticos que defendiam o Império no Congresso, como

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