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INDUSTRIA DE BEBIDAS PIRA

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Por:   •  13/9/2014  •  3.883 Palavras (16 Páginas)  •  436 Visualizações

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BECKER, FERNANDO.

CAPÍTULO 1 - MODELOS PEDAGÓGICOS E MODELOS EPISTEMOLÓGICOS

Primeiro modelo: O professor ensina, e o aluno aprende.

O professor age assim porque acredita que o conhecimento pode ser transmitido para o aluno. Ele acredita no mito da transmissão do conhecimento - do conhecimento como forma ou estrutura; não só como conteúdo.

Esta ação do professor é legitimada por uma epistemologia, segundo a qual o sujeito é totalmente determinado pelo mundo, pelo objeto ou pelos meios físicos e sociais.

Para o professor, somente ele pode produzir algum novo conhecimento no aluno, ou seja, o aluno aprende se, e somente se, o professor ensina.

Segundo modelo: o professor é um auxiliar do aluno, um facilitador, como diz Carl Rogers. O aluno já traz um saber que ele precisa, apenas, trazer à consciência, organizar, ou, ainda, rechear de conteúdo.

O professor deve interferir o mínimo possível. Trata-se de um professor não-diretivo, que acredita que o aluno aprende por si mesmo, podendo ele, no máximo, auxiliar a aprendizagem do aluno. A epistemologia que fundamenta essa postura pedagógica é a apriorista.

"Apriorismo" vem de a priori, isto é, aquilo que é posto antes (a bagagem hereditária), como condição do que vem depois.

Talvez inconscientemente, o professor renuncia aquilo que seria a característica fundamental da ação docente: a intervenção no processo de aprendizagem do aluno. Essa mesma epistemologia, que concebe o ser humano como dotado de um saber "de nascença", admite também o ser humano desprovido da mesma capacidade ou seja, "deficitário". Mas esse déficit eles acreditam existir entre os miseráveis, os mal nutridos, os pobres, os marginalizados.

Terceiro modelo: é a pedagogia relacional e seu pressuposto epistemológico.

O professor acredita que o aluno só aprenderá alguma coisa, isto é, construirá algum conhecimento novo, se ele agir e problematizar a sua ação.

Para tanto, é preciso:

a) que o aluno aja (assimilação) sobre o material que o professor presume que tenha algo de cognitivamente interessante, ou melhor, significativo para o aluno;

b) que o aluno responda para si mesmo as perturbações (acomodação) provocadas pela assimilação do material, ou, que o aluno se aproprie, em um segundo momento não mais do material, mas dos mecanismos íntimos de suas ações sobre esse material; tal processo far-se-á por reflexionamento e reflexão (Piaget), a partir das questões levantadas pelos próprios alunos e das perguntas levantadas pelo professor, e de todos os desdobramentos que daí ocorrerem.

O professor construtivista não acredita no ensino, em seu sentido convencional ou tradicional, pois não acredita que um conhecimento (conteúdo) e uma condição prévia de conhecimento estrutura possam transitar, por força do ensino, da cabeça do professor para a cabeça do aluno.

Para Piaget, mentor de uma epistemologia relacional, não se pode exagerar a importância da bagagem hereditária nem a importância do meio social.

Ele rejeita a crença de que a bagagem hereditária já traz, em si, programados os instrumentos (estruturas) do conhecimento e segundo a qual bastaria o processo de maturação para tais instrumentos manifestarem-se em idades previsíveis, segundo estágios cronologicamente fixos (apriorismo). Não acredita que a simples pressão do meio social sobre o sujeito determinaria nele, mecanicamente, as estruturas do conhecer (empirismo).

Para Piaget, quando o recém-nascido age, assimilando alguma coisa do meio físico ou social, esse conteúdo assimilado, ao entrar no mundo do sujeito, provoca perturbações, pois traz consigo algo novo, para o qual a estrutura assimiladora não tem instrumento. Então é preciso que o sujeito refaça seus instrumentos de assimilação em função da novidade e esse refazer do sujeito sobre si mesmo é a acomodação. Este movimento refaz o equilíbrio perdido.

O termo construtivismo surge porque o sujeito constrói seu conhecimento em duas dimensões complementares, como conteúdo e como forma ou estrutura: como conteúdo ou como condição prévia de assimilação de qualquer conteúdo.

A consciência é, segundo Piaget, construída pelo próprio sujeito na medida em que ele se apropria dos mecanismos íntimos de suas ações, ou, melhor dito, da coordenação de suas ações.

Becker salienta que "o professor acredita que seu aluno é capaz de aprender sempre. O professor, além de ensinar, precisa aprender o que seu aluno já construiu até o momento - condição prévia das aprendizagens futuras. O aluno precisa aprender o que o professor tem a ensinar (conteúdos da cultura formalizada, por exemplo); isso desafiará a intencionalidade de sua consciência (Freire, 1979) ou provocará um desequilíbrio (Piaget, 1936; 1975) que exigirá do aluno respostas em duas dimensões complementares: em conteúdo e em estrutura."

A proposta construtivista não pretende instalar um regime de ausência de regras, nem de esvaziar o conteúdo curricular.

Para Becker, a formação docente precisa incluir, cada vez mais, a crítica epistemológica.

Segundo o autor, "uma proposta pedagógica, dimensionada pelo tamanho do futuro que vislumbramos, deve ser construída sobre o poder constitutivo e criador da ação humana - "é a ação que dá significado às coisas!". Mas não a ação aprisionada: aprisionada pelo treinamento, pela monotonia mortífera da repetição, pela predatória imposição autoritária, mas, sim, a ação que, num primeiro momento, realiza os desejos humanos, suas necessidades e, num segundo momento, apreende simbolicamente o que realizou no primeiro momento: não só assimilação, mas assimilação e acomodação; não só reflexionamento, mas reflexionamento e reflexão; não só ação de primeiro grau, mas ação de primeiro e segundo graus - e de enésimo grau; numa palavra, não só prática, mas prática e teoria.

A acomodação, a reflexão, as ações de segundo grau e a teoria retroagem sobre a assimilação, o reflexionamento, as ações de primeiro grau e, a prática, transformando-os. Poder-se-á, assim, enfrentar o desafio de partir da experiência do educando, recuperando o sentido do processo pedagógico, isto é, recuperando e (re)constituindo o próprio sentido do mundo do educando... e do educador."

CAPÍTULO II: O ATO

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