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Je suis Charlie – pero no mucho.

Por:   •  27/4/2016  •  Artigo  •  312 Palavras (2 Páginas)  •  242 Visualizações

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Je suis Charlie – pero no mucho.

O jornal francês, Charlie Hebdo, alvo do massacre terrorista no começo do ano por fazer piada com o profeta Maomé, dessa vez ironizou com o menininho sírio Aylan, aquele que foi encontrado morto perto da praia, e que se tornou símbolo da questão dos refugiados e do problema imigratório que a Europa enfrenta.

À época do massacre, todos fomos Charlie (“Je suis Charlie” – lembra?), protestando pela ABSOLUTA liberdade de expressão dos cartunistas mortos no ataque. Então veio o periódico e fez duas charges, uma com Jesus andando sobre as águas enquanto o menininho afundava, e a legenda “Os cristãos marcharam sobre as águas, as crianças muçulmanas afundaram.”, e outra tão grotesca quanto, o menino na praia, na posição em que foi encontrado, uma placa onde se lê “promoção McLanche Feliz: 2 pelo preço de 1” e a legenda “tão perto do objetivo...”.

A Internet reagiu com ira ao jornal (não sem razão). Mas aqui ficam as questões: eles já não eram escrotos, racistas e xenófobos antes de publicar a charge de agora? Eles não usaram a liberdade – absoluta – de expressão que lhes foi legitimada por nós mesmos? No dos outros não é refresco (quem é Maomé, o que sabemos sobre o islamismo)? Só que Aylan, de sandalhinhas, short e camiseta, fala a todos nós, já que poderia ser nosso filho ou nosso irmão mais novo.

A verdade é que somos a favor de uma liberdade de exprimir o que não nos atinge, não nos incomoda. No entanto, é melhor dar voz a Charlies Hebdos, Bolsonaros e Sheherazades, mesmo que suas vozes sejam grotescas, ou melhor que lhes calemos antes que falem? É um enorme dilema ético. Da minha parte, a liberdade de expressão deve existir em sua plenitude. Mas quem a exerce tem a responsabilidade (especialmente quando fala a muitos) de usá-la com respeito. Complicado, não?

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