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A Carta, De Pero Vaz De Caminha

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Por:   •  8/1/2014  •  7.501 Palavras (31 Páginas)  •  554 Visualizações

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A Carta, de Pero Vaz de Caminha

Fonte:

Carta a El Rei D. Manuel, Dominus : São Paulo, 1963.

Texto proveniente de:

A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>

A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo

Permitido o uso apenas para fins educacionais.

Texto-base digitalizado por:

NUPILL - Núcleo de Pesquisas em Informática, Literatura e Lingüística <http://www.cce.ufsc.br/~alckmar/literatura/literat.html>

Universidade Federal de Santa Catarina

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A Carta

Pero Vaz de Caminha

Senhor,

posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa

Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou,

não deixarei de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder,

ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer!

Todavia tome Vossa Alteza minha ignorância por boa vontade, a qual bem certo creia que,

para aformosentar nem afear, aqui não há de pôr mais do que aquilo que vi e me pareceu.

Da marinhagem e das singraduras do caminho não darei aqui conta a Vossa Alteza -- porque o

não saberei fazer -- e os pilotos devem ter este cuidado.

E portanto, Senhor, do que hei de falar começo:

E digo quê:

A partida de Belém foi -- como Vossa Alteza sabe, segunda-feira 9 de março. E sábado, 14 do

dito mês, entre as 8 e 9 horas, nos achamos entre as Canárias, mais perto da Grande Canária.

E ali andamos todo aquele dia em calma, à vista delas, obra de três a quatro léguas. E

domingo, 22 do dito mês, às dez horas mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo

Verde, a saber da ilha de São Nicolau, segundo o dito de Pero Escolar, piloto.

Na noite seguinte à segunda-feira amanheceu, se perdeu da frota Vasco de Ataíde com a sua

nau, sem haver tempo forte ou contrário para poder ser !

Fez o capitão suas diligências para o achar, em umas e outras partes. Mas... não apareceu mais

!

E assim seguimos nosso caminho, por este mar de longo, até que terça-feira das Oitavas de

Páscoa, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra, estando da dita Ilha --

segundo os pilotos diziam, obra de 660 ou 670 léguas -- os quais eram muita quantidade de

ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, e assim mesmo outras a que dão o

nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam

furabuchos.

Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um

grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã,

com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra

A Terra de Vera Cruz!

Mandou lançar o prumo. Acharam vinte e cinco braças. E ao sol-posto umas seis léguas da

terra, lançamos ancoras, em dezenove braças -- ancoragem limpa. Ali ficamo-nos toda aquela

noite. E quinta-feira, pela manhã, fizemos vela e seguimos em direitura à terra, indo os navios

pequenos diante -- por dezessete, dezesseis, quinze, catorze, doze, nove braças -- até meia

légua da terra, onde todos lançamos ancoras, em frente da boca de um rio. E chegaríamos a

esta ancoragem às dez horas, pouco mais ou menos.

E dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito, segundo disseram os

navios pequenos que chegaram primeiro.

Então lançamos fora os batéis e esquifes. E logo vieram todos os capitães das naus a esta nau

do Capitão-mor. E ali falaram. E o Capitão mandou em terra a Nicolau Coelho para ver

aquele rio. E tanto que ele começou a ir-se para lá, acudiram pela praia homens aos dois e aos

três, de maneira que, quando o batel chegou à boca do rio, já lá estavam dezoito ou vinte.

Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e

suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. E Nicolau Coelho lhes fez sinal que

pousassem os arcos. E eles os depuseram. Mas não pôde deles haver fala nem entendimento

que aproveitasse, por o mar quebrar na costa. Somente arremessou-lhe um barrete vermelho e

uma carapuça de linho que levava na cabeça, e um sombreiro preto. E um deles lhe

arremessou um sombreiro

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