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MNIFESTAÇÕES POPULARES

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Por:   •  25/11/2014  •  Projeto de pesquisa  •  1.495 Palavras (6 Páginas)  •  201 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Em junho de 2013, explodem manifestações populares por todo o Brasil. As redes sociais serviram para mobilizar a população, naquilo que pode ser caracterizado como esfera pública, segundo Habermas. Ao pretender a redução das tarifas e a melhoria dos serviços públicos, o combate à corrupção, aplicação dos royalties do petróleo em educação, o que pretendiam os manifestantes era exatamente questionar o processo de privatização do patrimônio público que se iniciou nos anos 1990 e se consolidou nas duas décadas do ano 2000. O enfrentamento popular encontrará resistências nas estruturas sociais brasileiras. A tessitura social elitista, na caminhada histórica do País, reprimiu as tentativas populares de romper a ordem excludente, com o uso da violência extremada, inclusive com a matança de milhões de negros e índios que ousaram contrapor-se ao sistema. A elite conservadora brasileira aliou-se à elite dos países europeus e dos EUA, para consolidar, nesta atual ordem neoliberal, o processo de privatização que redundou no aumento das tarifas dos serviços públicos. O desafio maior dos movimentos populares de junho de 2013 é exatamente estancar essa aliança.

DESENVOLVIMENTO

Das redes às ruas. Indignação e ocupações. Violência policial e convocatórias sem os mediadores clássicos. Assembléias e revoltas polifônicas (corais) de difícil catalogação. Desejo de democracia participativa e empoderamento.

As denominadas jornadas de junho, no Brasil (período de 2013 em que explodiram as manifestações) colocaram o gigante sul-americano no mapa das revoltas globais. Compartilharam com Occupy Wall Street, 15M, #YoSoy132 e Diren Gezi o formato das convocações, a arquitetura das manifestações e alguns imaginários.

Entretanto, as manifestações brasileiras, agrupadas em torno do grito #VemPraRua, demonstraram ter personalidade própria. E nítidas peculiaridades. A primeira delas é que as revoltas iniciadas pelo Movimento Passe Livre (MPL) não acabaram cristalizando-se em um novo movimento de rede com nome próprio. A segunda, é a (breve) irrupção de grupos e meios conservadores que tentaram se apropriar das manifestações, sobretudo em São Paulo. Além disso, o uso pouco efetivo das redes, entre outras coisas, impediu a rápida conexão dos novos protagonistas das redes e das ruas. O que se criou, isso sim, foi novos imaginários. O Passe Livre como metáfora, o grito comum de reconhecer-se como "vândalo" ou "baderneiro" (insultos que os meios de comunicação dirigem aos manifestantes) ou a "vida sem catracas" foram alguns deles. A conexão, lenta e transversal, está ocorrendo de forma surpreendente. E totalmente imprevisível.

Sete meses depois das jornadas de junho, as manifestações começam a aparecer de novo. Até surgiram o #OcupaCarnaval e muitos blocos ativistas. Os coletivos conservadores que durante alguns dias de junho tentaram apropriar-se sem êxito das revoltas já não parecem ser tão relevantes. Pelo menos nas ruas. Ainda que nas redes tenham plataformas influentes. O investigador Fábio Malini identificou cinco grandes grupos dentro do confuso guarda-chuva #VemPraRua. Dois já existiam: os que querem mais Estado (esquerda) e os que querem menos Estados e impostos (neoliberais). Mas surgiram três novos grupos. Os indignados (debate sobre os métodos de atuação social), os niilistas (desprezo à política) e as celebridades (forte capacidade de influência e mobilização). Os cinco grupos não dialogam muito entre si. Todos são, nas palavras de Malini, "movimentos beta que se atualizam como uma aplicação de celular". E estão prontos para a ação em um ano de Copa do Mundo e de eleições.

O novo sistema de rede, que surgiu a partir das jornadas de junho, interrompeu profundamente a sociedade e a política do Brasil. A este novo sistema de rede "indignado" estão sendo incorporados movimentos populares, pouco digitais, orientados à esquerda. E militantes clássicos. Lutas históricas a serviço de um novo imaginário. Quem é quem no ecossistema dos protestos do Brasil? Este inventário é incompleto. A prioridade é dada àqueles coletivos ou redes que compartilham métodos, formato, ética e imaginários com as chamadas redes globais. Mas ele também ressalta singularidades brasileiras e movimentos mais clássicos.

Acampamentos, ocupações, assembléias. O 15M espanhol (os Indignados) e a expansão do Occupy Wall Street no ano de 2011 tiveram repercussão no Brasil. A rede criada entre as diferentes "Ocupas" das cidades do Brasil, desde então, dispõe de uma lista de emails, OcupaBrasil. Algumas das contas foram relevantes nas mobilizações de junho, como é o caso da Occupy Brazil. OcupaSampa, sobre tudo pelo Twitter, segue sendo uma rede ativa e relevante em São Paulo. O interessante é que alguns dos participantes do Occupy Brasil ou da Democracia Real Já Brasil foram importantes para a nova rede criada. O Brasil Acorda, rede nascida no dia da ação global de 15 de outubro de 2011, segue sendo influente.

A ausência de acampamentos centralizados no Brasil foi uma clara diferença organizacional em relação ao 15M espanhol, ao Occupy Wall Street estadunidense e ao Diren Gezi turco. Apesar disso, o formato de assembleia em espaços públicos tem sido habitual. Atualmente, ainda existem algumas assembleias ativas e influentes, como a Assembléia Popular e Horizontal de BH (Belo Horizonte), a Assembléia do Largo (Rio de Janeiro) ou a Assembléia Popular de Maranhão. Ocupa Alemão, no Complexo do Alemão do Rio de Janeiro, também é importante. Uma novidade interessante dos protestos do Brasil foram as ocupações e acampamentos em frente a palácios de Governo ou residências de Governadores. Ocupa Cabral (frente à casa

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