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Manifestações No Brasil

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Por:   •  28/10/2013  •  1.421 Palavras (6 Páginas)  •  180 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RIO GRANDE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS ECONOMICAS, ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS.

RELAÇÕES ORGANIZACIONAIS

Prof.ª. MÁRCIO BAUER

Amanda Medeiros – 44177

O ano de 2013, no Brasil, está sendo marcado por uma forte onda de protestos e manifestações espalhados por todos país. Inicialmente as reivindicações tinham como alvo principal o aumento nas tarifas do transporte público, principalmente nas capitais Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. No entanto, rapidamente os movimentos foram ganhando força e intensificando-se por diversas cidades do país, o transporte público não era mais a única contestação e, de alguma forma, todos os cidadãos acabaram envolvidos no clima de luta e esperança por uma reforma política. A princípio observou-se a criação de uma organização informal, que segundo Barnard, considera-se o agregado de contatos e interações pessoais e os agrupamentos de pessoas associadas. A organização informal é indefinida, sem estrutura, não apresentando subdivisão clara e precede a organização formal. O autor de “A lógica da ação coletiva”, Mancur Olson também define a organização informal de forma semelhante, destacando sua criação por “instinto” e o fato de sua onipresença na sociedade.

Seguindo uma ordem cronológica os movimentos podem ser divididos em três etapas. As primeiras manifestações sobre o tema dos transportes aconteceram no ano de 2012, entretanto, foi no começo deste ano que o movimento ganhou força, antes mesmo do anúncio de aumento em R$ 0,20 centavos na tarifa do transporte, os Porto Alegrenses já estavam protestando. Esta primeira etapa, que começa aproximadamente em março e vai até meados de junho é marcada pelo foco quase exclusivo na questão da qualidade e preço do transporte público, pelo não apoio da mídia, pouca participação da população e muitos conflitos violentos entre os manifestantes e a polícia. O Movimento Passe Livre teve bastante importância nesta etapa.

Já nesta primeira fase podemos observar facilmente algumas teorias que explicam o funcionamentos dos grupos. Barnard, em seu livro “As Funções do executivo” destaca que no estágio inicial de um sistema cooperativo, as escolhas realizadas são pessoais, presumindo-se que a situação individual de cada um desses cooperadores será melhorada, ou seja, que será mais eficiente já que o esforço conjunto é mais efetivo. Havia um mal-estar, e dele resultou a formação do que Le Bon chama de “alma coletiva”. Apesar do número de manifestante nessa fase ainda não ter atingido grande expressividade já se podia observar a constituição de uma multidão psicológica, “os sentimentos e as ideias de todas as unidades orientam-se numa mesma direção”.

Em um segundo momento, após forte repressão policial, as manifestações ganham força por todo país, milhares de pessoas saem as ruas em passeatas e protestos mais pacíficos, exceto por alguns grupos que cometiam atos de vandalismo isoladamente, mais que em grande maioria ficaram marcadas por uma grande adesão da população em geral, pelo “apoio” ou pelo menos cobertura da mídia e menor nível de repressão policial. Nessa fase as manifestações tomam proporções maiores e as considerações de Le Bon podem ser observadas sem dificuldade:

O que há de mais impressionante numa multidão é o seguinte: quaisquer que sejam os indivíduos que a compõem, sejam quais forem as semelhanças ou diferenças no seu gênero de vida, nas suas ocupações, no seu caráter ou na sua inteligência, o simples fato de constituírem uma multidão concede-lhes uma alma coletiva. Esta alma fá-los sentir, pensar e agir de uma maneira diferente do modo como sentiriam, pensariam e agiriam cada um isoladamente. Certas ideias, certos sentimentos só surgem e se transformam em atos nos indivíduos em multidão. A multidão psicológica é um ser provisório, composto de elementos heterogêneos que, por momentos, se uniram, tal como as células que se unem num corpo novo formam um ser que manifesta caracteres bem diferentes daqueles que cada uma das células possui.

Pessoas de diferentes classes sociais, diferentes profissões e ocupações uniram-se com o objetivo de pressionar alguma mudança social no país. Na grande maioria das cidades a luta contra o aumento da tarifa nos transportes foi vencida, e os governantes tiveram que voltar atrás na decisão de reajuste. Ainda nessa segunda fase a abrangência das reivindicações é ampliada e surgem novas pautas como as PECs 37 e 33, "cura" gay, ato médico, reforma política, gastos com a Copa das Confederações FIFA de 2013 e com a Copa do Mundo FIFA de 2014. Diariamente centenas de pessoas saíram às ruas, fizeram passeatas, criaram cartazes e manifestaram sua insatisfação quanto à diversos setores do serviço público. Foi também nessa fase que a divergência entre partidários e não partidários, com a discussão sobre a presença ou não de bandeiras de partidos políticos durante as manifestações, chamou bastante atenção, criando conflitos dentro dos movimentos.

De acordo com o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, doutor em sociologia pela Universidade de Yale (EUA) e diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal), esse caráter antipartidarista reflete uma crise de representatividade existente atualmente não somente no sistema político brasileiro, mas também no europeu.De acordo com Boaventura:

Os governos hoje estão capturados pelo capital financeiro internacional, se ver bem, em função das exigências do capital financeiro. O próprio Brasil compromete uma parte significativa de sua arrecadação para o pagamento do serviço da dívida. E este também é o caso da Europa. No fundo, é isso que está criando essa crise

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