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O Centurião Romano

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Por:   •  2/3/2015  •  670 Palavras (3 Páginas)  •  221 Visualizações

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O CENTURIÃO ROMANO

O bispo de Juazeiro, D. José Maria de Alencastro e Silva, tinha na pessoa de Muccini a presença do próprio satanás. Não sei se pela irreverência explícita com relação à Igreja, ou se pelos costumeiros vôos rasantes sobre as procissões e quermesses patrocinadas pelo ilustre prelado, que sempre acabava em fiasco pela ousadia dos vôos sobre os romeiros.

O fato é que sempre o seu nome era citado, o bispo arrepiava.

Deu-se porém o inesperado. Semana Santa, a rapaziada pronta para colaborar com a arquidiocese, bolaram uma via sacra com direito a representação teatral e outras mumunhas mais. Começaram então a elaborar o quadro de atores que iriam contracenar durante o evento. Todo mundo queria ser Jesus, ninguém queria ser o Judas. Também pudera, não ! Adalberto foi escolhido para ser o Cristo; Zé Maria, para ser Pilatos; Denise para ser Maria ; enfim, todos os amigos tiveram seus personagens marcados e qualificados. No entanto notaram que faltava um personagem e que sem o qual ficaria o quadro incompleto.

Era o centurião romano, aquele que espetava o Cristo com uma lança durante todo o trajeto da via sacra. E quem colocar ? Tinha que ser alguém de estatura privilegiada, distinto, altivo, como um verdadeiro oficial da guarda pretoriana.

Naquele instante da discussão, o cansaço já tomando conta de todos no calor causticante do sertão nordestino, eis que surge o ronco do motor de um avião num tremendo razante sobre a casa paroquial. O susto e a queda de alguns apetrechos sagrados foram seguidos de uma providencial descoberta.

- Pronto, Dom Alencastro, já temos o nosso centurião romano: Muccine.

- Muccine não. De jeito nenhum. Isso é Satanás que está nos atentando.

Mas, conversa vai, conversa vem, o senhor bispo foi convencido de que ele havia se convertido e que o papel tinha que ser dele mesmo, pois só assim a festa teria o seu brilhantismo assegurado.

Foram correndo para o aeroporto e para comemorar o fato, tomaram de cara três grades de cervejas puxadas à acarajés, abarás e passarinhas. E o pior de tudo é que não houve tempo para os ensaios posto que o evento era para a manhã do dia seguinte.

A procissão ia sair na parte da tarde e pela manhã a rapaziada já começava os trabalhos etílicos para dar mais força a concentração teatral. E no decorrer da via sacra não podia dar outra coisa. Adalberto bêbado que só ele, com a cruz no ombro que parecia pesar uma tonelada, simula a primeira queda prevista na encenação. Muccine dá-lhe uma cutucada com a lança e ele se levanta. Na segunda queda, já a meio caminho do lugar onde seria o Gólgota, outra cutucada. Mas Adalberto tava tão bebum, que não levantou de imediato, exigindo uma cutucada com mais vigor. Só que desta vez doeu, e o mesmo deu uma bronca.

- Porra, Muccine. Cutuca mais devagar !

- Você tá fazendo corpo mole, vamos levanta !

E assim foi até o local da crucificação. Aos trancos e barrancos, de palavrão em palavrão conseguiram completar a trajetória prevista de acordo com a encenação.

Terminada a cerimonia, todo mundo foi embora e o grupo de atores rumaram para a casa de D. Chiquinha, uma famosa cafetina

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