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O Corpo e a Sexualidade

Por:   •  14/10/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.489 Palavras (6 Páginas)  •  878 Visualizações

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Universidade Federal do Pampa- Unipampa

Campus Uruguaiana

Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza

Componente Curricular: Corpo, gênero, sexualidade e relações étnico-raciais

Docente: Fabiane Ferreira da Silva

RESENHA DO TEXTO: O corpo e a sexualidade

Livro: O corpo educado

Autoria: Jeffrey Weeks

Ketelin Monique Cavalheiro

Uruguaiana, 2016

O autor inicia o texto falando sobre o vírus HIV e a AIDS, que em determinada época (acredito que em 1980) revolucionou o campo da sexualidade, muitas pessoas infectadas pelo vírus lutavam para vencê-lo, para sobreviver, contudo, o cenário era de preconceito e discriminação, como se a doença fosse um castigo àqueles que praticassem atos “promíscuos”, ultrapassando os limites impostos às relações sexuais, a partir disso, se faz necessário um olhar sobre a sexualidade, os corpos e o comportamento sexual.

Um enfoque histórico sobre estas questões mostram que até o século XIX eram preocupações da religião e da sociologia moral e que, mais tarde tornou-se a disciplina de SEXOLOGIA baseada na biologia, psicologia, antropologia, história e sociologia, importante por demonstrar a forma como entendemos o corpo e a sexualidade. Para definir alguns termos e mostrar o caráter histórico e social destes, o autor se apropria de citações de autores que defendem o sexo como um instinto natural (biológico) “...uma força avassaladora que exige satisfação...” ou que “... um homem é aquilo que seu sexo é...” demonstrando que a sexualidade encontra-se no centro da nossa existência, algo que proporciona a compreensão sobre a natureza do eu e que é o fator determinante de nossas personalidades e identidades, em oposição a estes argumentos, apresenta um  conceito proposto pela literatura de que a sexualidade é na verdade uma construção histórica-social que se baseia nas possibilidades do corpo.

Cabe salientar que a mulher até então, era vista como o sexo, como se os seus corpos fossem tão impregnados de sexualidade que fosse desnecessário conceituá-los e os homens por serem os agentes sexuais ativos despertavam as mulheres (passivas) para a vida. Ao trazer as definições de sexualidade, o autor defende a ideia de que o nosso conceito acerca da sexualidade tem uma história e que, nossas crenças, identidades e comportamentos sexuais se definem pelas relações de poder, não só da sexualidade feminina que é definida a partir da sexualidade masculina, mas das diversas instâncias sociais que nos dizem como devemos nos comportar e neste sentido, aponta o aparecimento de forças, como o feminismo.

Entende-se: gênero como a diferenciação entre homens e mulheres; sexualidade a série de crenças, comportamentos, relações e identidades socialmente construídas e historicamente modeladas (pelas relações de poder que ditam o que é normal e o que é anormal); construcionismo social como a descrição da abordagem historicamente orientada, relativa aos corpos e a sexualidade.

Ao historicizar o corpo é apresentada uma citação de Foucault que diz que a sexualidade não é um enigma que precisa de exploradores especializados, fazendo uma crítica aos sexólogos que ajudaram a inventar a importância atribuída ao comportamento sexual. Na verdade a crítica de Foucault foi ao essencialismo que defendia a ideia de que a sexualidade é determinada por fatores biológicos, não sendo suscetível a nenhum tipo de variação e, além disso, a sexualidade era vista como uma forma de resistência ao poder, usando a liberação sexual para desafiar a ordem social opressiva, buscando com isso uma mudança social, mas estes argumentos essencialistas não se sustentavam, uma vez que a sexualidade é um aparato histórico que se origina da regulação social, que controla os corpos e os comportamentos individuais, ou seja, a sexualidade é fruto do poder exercido na sociedade.

Foucault é considerado um dos mais influentes teóricos da abordagem construtivista social e são apresentadas algumas questões sociais que apoiam esta abordagem histórica como: a sexualidade sujeita a modelagem sócio-cultural, os desejos reprimidos (tidos como perversos) que desestabilizam o que se entende por gênero, a necessidade sexual e identidade porque são frutos das regras da cultura, a necessidade de estudos que questione o que constitui feminilidade e masculinidade e de uma nova política que questione as formas de poder que modelam nossas vidas sexuais. A teoria construcionista defende a ideia de que o ato sexual, a identidade sexual e a comunidade sexual não são fixos, mudam de acordo com a cultura e o período histórico, ou seja, são construções históricas e culturais.

Posteriormente, com o intuito de provocar-nos sobre as normas sexuais, é exposto o caso de uma pessoa hermafrodita (intersexual) Herculine Barbin ou Alexine que por ter um corpo aparentemente masculino e que, devido a preocupação de doutores, advogados e outros especialistas em classificar e fixar diferentes características e tipos sexuais, ela teve de se tornar “ele”. Isso mostra o poder, que classifica as pessoas de acordo com as verdades evidenciadas em seu corpo.

A sexualidade se modela a partir das nossas concepções subjetivas e da sociedade, que se baseia nas práticas voltadas para a saúde, bem estar, higiene, segurança e crescimento econômico mostrando a preocupação com o disciplinamento do corpo e a vida sexual dos indivíduos. O autor discorre sobre vários períodos da história em que a sexualidade estava presente, mostrando sua importância e as razões para isso, contudo, os debates acerca desta são recentes, e versam sobre a moralidade e o comportamento sexual.

São interseccionalizadas as forças sociais de classe, gênero e raça modeladoras da sexualidade e dos comportamentos sexuais, tais forças abrem caminho para o desenvolvimento de novas identidades sexuais. A classificação da sexualidade se deu pela burguesia que visava diferenciar-se das classes menos favorecidas (tidas como imorais), impondo a norma de julgamento pelo comportamento, ou seja, a burguesia era formada por famílias, sem a possibilidade de homossexualismo, relações extra-conjugais.... de promiscuidade. Entretanto, a classe operária continuou resistente ás condutas da classe média, os padrões sexuais atuais são reflexos das lutas sociais nas quais a sexualidade e as classes estão ligadas.

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