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O Ensino De Quimica No Brasil

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Por:   •  20/6/2014  •  4.163 Palavras (17 Páginas)  •  425 Visualizações

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A PESQUISA EM ENSINO DE QUÍMICA NO BRASIL: CONQUISTAS E PERSPECTIVAS

Patrícia Cruz Souza

Universidade Federal de Goiás ̸ Instituto de Química ̸ Licenciatura em Química ̸ Estágio Supervisionado I

RESUMO

Conforme título acima, o propósito deste artigo é apresentar um possível “estado da arte" da pesquisa em ensino de química nesses 25 anos de Sociedade Brasileira de Química (SBQ). Na década de 80, conferiu outro status à área de pesquisa em ensino de química, situando-a em uma outra maior, a da Didática das Ciências, que vem se constituindo como um campo científico de estudo e investigação que através de pesquisas, pode-se constatar o crescente aumento de trabalhos sobre ensino de química apresentados nas reuniões anuais da SBQ. Chegando a um total de 956 comunicações de pesquisa de 1977 até 2001. Os marcos do desenvolvimento da pesquisa em ensino de química aqui tratados podem evidenciar a constituição de uma comunidade científica atuante e competente na área.

INTRODUÇÃO

Conforme título acima, o propósito deste artigo é apresentar um possível “estado da arte" da pesquisa em ensino de química nesses 25 anos de Sociedade Brasileira de Química (SBQ), em cujo âmbito, a Divisão de Ensino de Química (DED) tem exercido um papel fundamental no desenvolvimento da área em nosso país. Para tal, realizei um levantamento bibliográfico de: i) artigos na Química Nova na Escola (QNEsc), revista semestral da DED/SBQ,e daqueles publicados na seção de educação da revista Química Nova; ii) comunicações de pesquisa de membros da DED, publicadas nos Resumos das Reuniões Anuais da SBQ e de resumos de teses e dissertações brasileiras produzidas na área. Em muitas fontes de dados, buscou-se identificar o que tem sido pesquisado em ensino de química, contextualizando as investigações às tendências internacionais para apontar conquistas e perspectivas da área em nosso país.

A PESQUISA EM ENSINO DE QUÍMICA E A DIDÁTICA DAS CIÊNCIAS

Em 1982, na conferência de abertura do 1º Encontro Nacional de Ensino de Química (ENEQ), realizado no Instituto de Química da UNICAMP, Frazer1 assim conceituava a pesquisa em ensino de química:

i) consiste no aperfeiçoamento do ensino e aprendizagem de química; ii) utiliza teorias da psicologia, sociologia, filosofia, etc.; iii) utiliza técnicas, tais como: testes, observações, entrevistas, questionários. Nesse sentido, as diferenças entre pesquisas em educação química e em química são: i) investiga-se sobre pessoas e não sobre elétrons; ii) os resultados de pesquisa variam com o tempo e local; iii) não existe ainda uma metodologia de pesquisa bem estabelecida e aceita; iv) não existe ainda um sistema de publicação bem estabelecido (p.127).

Tais ideias podem evidenciar um caráter meramente prático ou instrumental às pesquisas em ensino de química ao reduzi-las a meras aplicações de teorias e modelos das Ciências Humanas. Na década de 80, conferiu outro status à área de pesquisa em ensino de química, situando-a em uma outra maior, a da Didática das Ciências, que vem se constituindo como um campo científico de estudo e investigação, com proposição e utilização de teorias/modelos e de mecanismos de publicação e divulgação próprios e, principalmente, pela formação de um novo tipo de profissional acadêmico – o/a pesquisador/a em ensino de Ciências/Química.

Na distinção entre os verbos utilizar e recorrer, Cachapuz e colaboradores expressam que:

considerar a Didática das Ciências uma simples aplicação prática

das Ciências da Educação pode fazer com que ignoremos a importância da epistemologia da ciência para uma melhor aprendizagem das ciências(...)Aliás, é a existência de um corpo próprio de conhecimentos sobre o ensino e a aprendizagem das ciências que torna possível a integração de conhecimentos adquiridos da Psicologia da Educação (p.161).

A identidade dessa nova área de investigação é marcada pela especificidade do conhecimento científico, que está na raiz dos problemas de ensino e de aprendizagem investigados, implicando pesquisas sobre métodos didáticos mais adequados ao ensino daquele conhecimento e investigações sobre processos que melhor dêem conta de necessárias reelaborações conceituais ou transposições didáticas para o ensino daquele conhecimento em contextos escolares determinados. Isso significa que o ensino de ciências/ química implica a transformação do conhecimento científico/químico em conhecimento escolar, configurando a necessidade de criação de um novo campo de estudo e investigação, no qual questões centrais sobre o que, como e porque ensinar ciências/química constituem o cerne das pesquisas.

TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS DE INVESTIGAÇÃO NA DIDÁTICA DAS CIÊNCIAS

Se na fase inicial da constituição da Didática das Ciências como área predominou a produção de projetos de ensino, nos últimos 20 anos os interesses de investigação foram dirigidos a temas muito mais diversos, entre os quais destacam-se: identificação de concepções alternativas de alunos e proposição de modelos de ensino que as levem em consideração; resolução de problemas; ensino experimental; análise de materiais didáticos; relações ciência, tecnologia e sociedade em processos de ensino-aprendizagem; linguagem e comunicação em sala de aula; modelos e analogias; concepções epistemológicas de professores; propostas para uma formação docente mais adequada; questões curriculares e de avaliação. Nos seus primórdios, o crescente interesse em pesquisa sobre ensino de ciências/química foi resultado do movimento de reforma curricular que ocorreu principalmente nos Estados Unidos e Inglaterra no início da década de 60. Em oposição aos cursos tradicionais de química, física e biologia, os novos projetos enfatizavam o uso do laboratório para introduzir e explorar problemas.

A principal crítica a esse movimento e às pesquisas por ele geradas era a de que se fundamentava em uma concepção empirista de ciência que, associada aos resultados pouco promissores de avaliação dos projetos curriculares, levou os educadores em Ciências, no final dos anos 70, a desenvolverem investigações sobre como os alunos aprendem conceitos científicos, visando que os resultados orientassem o desenvolvimento de propostas curriculares mais eficazes. Houve um deslocamento explícito da ênfase

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