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O PENSAR ANTROPOLÓGICO SOBRE O BRASIL

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Por:   •  21/11/2014  •  1.482 Palavras (6 Páginas)  •  1.442 Visualizações

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Dentro da antropologia, os profissionais se pautam por orientações teóricas de diversas procedências, onde alguns têm linhas de pesquisas orientadas para problemáticas brasileira, outros que tratam de temas acadêmicos, próprios de escolas antropológicas advindas de outros países.

O que caracteriza a antropologia não é a tradição, mas as mudanças de rumo, as passagens de uma curta tradição para outras.

A Associação Brasileira de Antropologia –ABA- que é o órgão da União dos antropólogos, criado em 1953, tem tido uma atitude de abertura e de posicionamento político cultural, que tem ajudado na continuidade da identidade de antropólogos, como profissionais e como intelectuais em geral.

Os precursores da antropologia seriam os primeiros observadores e escritores, gente que viveu o experimento cultural que estava se sucedendo.

A teoria Darwinista da evolução, dada a público em 1859, chegaram ao Brasil já com o conceito positivista de Augusto, segundo o qual o mundo e o homem não só as espécies da natureza, estão em transformação permanente, rumo a estágios mais avançados. Assim, o silogismo seria: raças são como espécies: há umas superiores às outras na escala evolutiva. Cultura são como raças: também evoluem por um processo de adaptação e sobrevivência do mais forte. Portanto, raça é igual a cultura.

A primeira sistematização do pensamento antropológico brasileiro nasce com uma mistura de darwinismo social, de positivismo e de determinismo biológico e geográfico.

Com tanta mistura de correntes de pensamento para a aplicação da análise sobre o Brasil e seus múltiplos aspectos sociais, históricos, étnicos, políticos e culturais, resultou num período de auto estima mais baixa de toda sua história.

Os pensadores da época não pareciam ter outra escolha, para se considerar cientistas, que aceitar o paradigma do darwinismo social e acatar suas consequências político-culturais. Alguns totalmente, outros com angústia, um ou outro recusando essa imposição. Assim é que foi surgindo um pensamento antropológico sobre o Brasil.

Há algumas figuras que fizeram pesquisa, descreveram singularidades culturais, propuseram questões e respostas para encarar problemas brasileiros por um viés que podemos chamar de antropológico. Sobre populações indígenas o interesse foi mais extenso.

Nimuendaju é mais que um pioneiro da antropologia indígena brasileira, pois, desde o início de suas pesquisas, se pautou por um método de observação participante e atuante que até antecede a pesquisa de campo de Malinowski, que lhe rendeu justa fama. Nimuendaju é o pai da Antropologia Brasileira dedicada aos estudos dos povos indígenas nos últimos cem anos.

Nina Rodrigues (1959-1903), descreveu com perspicácia as principais etnias africanas, porém analisou a presença desses povos e seus descendentes negros e mulatos como prejudicial à constituição sociocultural brasileira. Em certo momento, influenciado pela teoria da degenerescência do mestiço, Nina Rodrigues acreditou que os negros e mulatos eram tão inferiores intelectualmente que precisavam de uma tutela especial do Estado. Tal como, por motivo histórico, pensava-se sobre o índio, que foi limitado no Código Civil promulgado em 1916 como “relativamente incapaz”, junto com os jovens de menos de 21 anos, os deficientes mentais e as mulheres.

Manuel Bonfim (1868- 1932), duvidou radicalmente das teorias racistas que compunham o darwinismo social. Em seu livro “América Latina: males de origem” (1903), argumenta pela primeira vez que os problemas do atraso brasileiro não advinham da presença maciça de negros, índios e mestiços em geral, mas da condição colonial, que teria criado uma classe “parasitária” que oprimia a população em geral e não criava condições para o seu desenvolvimento. Por consequência, Bonfim foi rebatido por Silvio Romero e foi esquecido e relegado dos debates políticos-culturais da República Velha.

Euclides da Cunha (1866-1909), reconheceu no mestiço qualidades excepcionais de inteligência, força, determinação; valores que não poderiam estar presentes nas práticas da teoria da degenerescência do mestiço.

Com a semana de arte moderna em São Paulo em março de 1922, foi-se desencadeando o processo de modernização cultural da nação.

Os Argumentos antropológicos de Gilberto Freire, trazidos de seu aprendizado nos Estado Unidos rompeu com o paradigma no Brasil, do darwinismo social, em que a ideia de racismo e inferioridade do mestiço se fazia dominadora.

A Associação Brasileira de Antropologia, em 1953, consolidou a Antropologia como disciplina e também como possível profissão, com objetivos práticos e éticos definidos.

Desenvolveu-se um sistema acadêmico bastante eficaz, com cursos de graduação em Ciências Sociais, onde se inclui a modalidade antropológica, em todas as universidades públicas. Paralelamente, a Associação Brasileira de Antropologia ganhou apoio financeiro para realizar suas convenções e congressos com a devida regularidade de dois anos. A Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Ciências Sociais (Anpoc), também ajudou na consolidação desse sistema.

O principal tema da antropologia brasileira é o Brasil. Entretanto, outras antropologias mundo afora não tem seus países como principais objetos de pesquisa ou temas de interesse etnográfico e teórico. O fato é que todos os países têm seus intelectuais que visam conhecer a si mesmos como coletividade e como projeto político-cultural.

Acontece que foi no Brasil, a pesquisa e a reflexão antropológicas que produziram um corpo de pensadores e um conjunto variado de ideias sobre a cultura brasileira, sobre a formação do povo brasileiro, sobre sua realidade passado e presente e possibilidades futuras.

A contribuição de antropólogos brasileiros e de estrangeiros sobre o tema Brasil são amplas e variadas, de qualidades e aproveitamento distintos. Tudo indica que muito ainda há que se dizer do Brasil, o certo é que a Antropologia o tem como tema.

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