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Pesquisa De Racismo

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Por:   •  17/11/2013  •  4.883 Palavras (20 Páginas)  •  290 Visualizações

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Pesquisa sobre o Racismo

No Brasil, a história de seus conflitos e problemas envolveu bem mais do que a formação de classes sociais distintas por sua condição material. Nas origens da sociedade colonial, o nosso país ficou marcado pela questão do racismo e, especificamente, pela exclusão dos negros. Mais que uma simples herança de nosso passado, essa problemática racial toca o nosso dia a dia de diferentes formas.

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É bem verdade que o conceito de raça em si é inconsistente, já que do ponto de vista científico nenhum indivíduo da mesma espécie possui características biológicas (ou psicológicas) singulares. Porém, o saber racional nem sempre controla nossos valores e práticas culturais. A fenotípica do indivíduo acaba formando uma série de distinções que surgem no movimento de experiências históricas que se configuraram ao longo dos anos.

Dessa maneira, é no passado onde podemos levantar as questões sobre como o brasileiro lida com a questão racial. A escravidão africana instituída em solo brasileiro, mesmo sendo justificada por preceitos de ordem religiosa, perpetuou uma ideia corrente onde às tarefas braçais e subalternas são de responsabilidade dos negrosNo entanto, também devemos levar em consideração que o nosso racismo veio acompanhado de seu contraditório: a miscigenação. Colocada por uns como uma estratégia de ocupação, a miscigenação questiona se realmente somos ou não pertencentes a uma cultura racista. Para outros, o mestiço definitivamente comprova que o enlace sexual entre os diferentes atesta que nosso país não é racista.

Sistematizado na obra “Casa Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre, o conceito de democracia racial coloca a escravidão para fora da simples ótica da dominação. A condição do escravo, nessa obra, é historicamente articulada com relatos e dados onde os escravos vivem situações diferentes do trabalho compulsório nas casas e lavouras

Porém, a miscigenação não exclui os preconceitos. Nossa última constituição coloca a discriminação racial como um crime inafiançável. Entre nossas discussões proferimos, ao mesmo tempo, horror ao racismo e admitimos publicamente que o Brasil é um país racista. Tal contradição indica que nosso racismo é velado e, nem por isso, pulsante..

Ultimamente, os sistemas de cotas e a criação de um ministério voltado para essa única questão demonstram o tamanho do nosso problema. Ainda aceitamos distinguir o negro do moreno, em uma aquarela de tons onde o último ocupa uma situação melhor que a do primeiro. Desta maneira, criamos a estranha situação onde “todos os outros podem ser racistas, menos eu... é claro!”. Isso nos indica que o alcance da democracia é um assunto tão difícil e complexo como a nossa relação com o negro no Brasil.

A Lei Áurea promulgada séculos após, em 13 de maio de 1888, não propôs qualquer indenização aos negros em razão dos danos físicos e morais a eles infringidos. Tampouco os negros foram levados de volta para a África, a fim de se reintegrarem com seus antepassados.

Em 2003, quando se comemorou os 115 anos da abolição da escravatura no Brasil, a discriminação racial contra os negros continua se manifestando em todos os segmentos sociais do país. Novas e diferentes formas de exploração humana foram adotadas ao longo dos séculos. Inúmeras pesquisas demonstram a situação de inferioridade econômica e social dos negros em relação aos brancos. Já foi evidenciado, por exemplo, que afro-descendentes - cerca de 73 milhões no país - raramente ocupam cargos de chefia ou recebem salários iguais ou melhores que seus colegas brancos em cargos e circunstâncias semelhantes. Na universidade o negro é presença rara.

A própria expressão “negro” em referência a uma determinada etnia, expõe uma generalização que reflete o descaso histórico pela cultura de um povo. Da mesma forma como distinguimos os brancos em subgrupos étnicos (latinos, eslavos, germânicos, etc.) deveríamos nos referir aos nagôs, bantos, fulas, etc, em alusão às diferentes origens étnico-linguísticas dos afro-descendentes.

As religiões de origem africana como o Candomblé e a Umbanda também são frequentemente discriminadas no Brasil. Em uma pesquisa realizada pelo Centro de Direitos Humanos “Antonio dos Três Reis” em Apucarana (PR), constatou-se que 65% dos entrevistados - em um rol de 100 indivíduos - associaram às palavras Candomblé e Umbanda, valores como: malandragem, desonestidade, miséria e subcultura; sendo que apenas 35% dos entrevistados assinalaram valores como erudição, honestidade e riqueza.

A pesquisadora Lídia Cunha, estudiosa da questão racial na Universidade Federal de Pernambuco, afirma que “quando se perde o contato com seus antepassados e se é bombardeado diariamente com notícias negativas sobre eles e seu continente, a tendência é negar suas origens e acabar se afastando”.

“O racismo explica em parte por que a elite brasileira é esmagadoramente branca”, diz Melissa Nobles pesquisadora americana da questão racial no Brasil e nos Estados Unidos.

A história nos revela que a capoeira, prática desportiva trazida pelos escravos negros, também sempre foi alvo de discriminação. Sabe-se que de 1890 a 1937, a capoeira era crime previsto pelo Código Penal.

Atualmente a Lei 7.716 de 05 de janeiro de 1989 define os crimes resultantes de preconceitos de raça e de cor. A iniciativa da lei é válida e necessária, porém pouco alterou a realidade do negro na esfera social brasileira. Há uma cultura racista implícita nas relações sociais do país. Isso vem representando uma barreira severa diante de quase tudo o que é feito para superar o preconceito. O maior exemplo está no esforço do governo em estabelecer cotas para negros nas universidades públicas.

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A maior prova da exclusão e da invisibilidade do negro no Brasil está, entretanto, nos meios de comunicação, sobretudo no publicitário. Um estudo realizado pelo produtor de TV Joel Zito Araújo, sobre a participação de atores e atrizes negros em novelas das redes de TV Globo e Tupi entre 1964 e 1997, concluiu que 71 fizeram papéis de empregadas domésticas, 66 foram escravos, apenas um foi médico e dois atuaram como engenheiros.

Em uma pesquisa que realizamos junto à Universidade Norte do Paraná, foi constatado que nos reclames publicitários veiculados diretamente em rótulos de mercadorias comercializadas em supermercados, não é possível encontrar imagens, fotografias ou gravuras

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