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Poder Da Identidade Feminina

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Por:   •  11/5/2014  •  1.508 Palavras (7 Páginas)  •  490 Visualizações

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O PODER DA IDENTIDADE FEMININA

A Identidade é um processo de construção de significado com base em um atributo cultural, ou ainda um conjunto de atributos culturais inter-relacionados, os quais prevalecem sobre outras fontes de significados. Identidades constituem fontes se significado para os atores sociais e também podem ser formadas a partir de instituições dominantes. Identidades organizam significados, enquanto papéis organizam funções. Significado é a identificação simbólica, por parte de um ator social, da finalidade da ação praticada por tal ator. (Castells, Manuel 1998)

Embora ao longo da história diversas correntes filosóficas e religiosas, tenham defendido a dignidade e os direitos da mulher, o movimento feminista remonta mais propriamente à revolução francesa.

A crise desencadeada em 1789, além de pôr em cheque o sistema político e social então vigente na França e no resto do Ocidente, encorajou as mulheres a denunciar a sujeição em que eram mantidas e que se manifestava em todas as esferas da existência: jurídica, política, econômica, educacional etc.

Em 1792, uma delegação encabeçada por Etta Palm foi até a Assembleia para exigir que as mulheres tivessem acesso ao serviço público e às forças armadas.

Essa exigência não foi atendida e o movimento feminino foi suprimido pelo Terror. Robespierre proibiu que as mulheres se associassem a clubes, e o projeto de igualdade política de ambos os sexos foi arquivado.

A mulher era um modelo do ideal de moralidade, foi idealizada como frágil, sensível, submissa, bela e extremamente religiosa.

Torna-se a rainha do lar, uma mistura de ‘anjo’ e mulher, este tipo feminino é criado para o casamento e para a sua função de progenitora.

A instituição familiar é revalorizada, sendo o bem sagrado para a sociedade. O casal estável e feliz auxilia na estabilidade social. O homem casado adquire status e representa sua esposa no meio social, enquanto ela deve zelar pela moralidade em seu lar como também o bom nome do marido.

Destacavam-se dois conceitos de moral: a racional e a emocional, a primeira era característica masculina enquanto a segunda era parte da personalidade feminina.

Sendo suas decisões baseadas na afetividade, a mulher devia realizar-se com os afazeres do lar, pois esta permitia a expressão de sua subjetividade.

Desde o início da revolução, as francesas participaram ativamente da vida política e criaram inúmeros clubes femininos proliferaram no país. As mulheres agora reivindicavam não só a igualdade jurídica e o direito a voto, mas também a equiparação de salários. Essas novas exigências se explicavam pelas transformações da sociedade europeia da época.

Na medida em que as mulheres com um estilo moral de julgamento pautado por estes últimos, são excluídas da moral racional e confinadas a sua esfera doméstica, onde a subjetividade-parte integrante e inevitável da existência humana- poderia florescer, e cada indivíduo reconhecer e afirmar a sua singularidade. (SORJA apud YOUNG; 1988: 19)

Com a crescente industrialização, as mulheres dos em meados do século XIX, foram cada vez mais abandonando seus lares para empregar-se como assalariadas nas indústrias e oficinas.

Graças aos esforços conjuntos de Barbara Leigh Smith e do filósofo e economista John Stuart Mill, que se criou um comitê do sufrágio feminino. Esse comitê apresentou ao Parlamento um projeto igualitário, que foi rejeitado. Prevaleceu à lei do mais forte e o sexo mais forte fisicamente, o masculino, subjugou o mais fraco, o feminino, exigindo a sua devoção e afeição.

Mas a força dos costumes é tamanha que apesar das diversas conquistas sociais que forçaram o abandono da lei do mais forte e, consequentemente, da escravatura, a sujeição das mulheres se manteve como uma servidão disfarçada de gratidão e justa obrigação. A quem argumente que não é imposta pela força e é voluntariamente aceite, sendo as mulheres corresponsáveis pela sua condição, o contraexemplo de que muitas não o aceitam e lutam contra esse costume prova que esse argumento não funciona.

Mill desmente que a sujeição das mulheres aos homens seja natural. Esta é uma mentira determinista e alimentada por uma opressão tão infundada quanto qualquer outra. Uma das maiores conquistas das sociedades modernas foi perceber que os seres humanos são livres para usar as suas faculdades e oportunidades para viverem conforme desejarem, o que deveria aplicar-se também às mulheres.

O dever imposto às mulheres de se tornarem mães e esposas, fechando-lhe as portas para qualquer outro estilo de vida é comparado a um recrutamento forçado. Mill previu que se as mulheres tivessem liberdade de escolha e igualdade de condições de exercício de suas faculdades, não aceitariam casarem-se, dividir suas posses e ter filhos, se para isto fosse preciso pagar o preço de ceder ao despotismo masculino.

Nesse confuso panorama, emergiram dois fenômenos significativos. A partir do momento em que as mulheres se mostraram capazes de contribuir para o sustento de suas famílias, não foi mais possível tratá-las apenas como donas-de-casa ou objetos de prazer.

As difíceis condições de trabalho impostas às mulheres conduziram-nas a reivindicações que coincidiam com as da classe operária em geral.

Ressurge na década de 60, nos EUA, com reivindicações mais amplas, como o direito à sexualidade e à igualdade com os homens no mercado de trabalho.

Para o feminismo, as diferenças entre os sexos não se podem traduzir em relações de subordinação na vida social, profissional ou familiar.

O movimento procura reforçar a identidade sexual feminina negando a relação de hierarquia entre o homem e a mulher. Defende, ainda, que as qualidades ditas femininas ou masculinas sejam vistas como atributos do indivíduo e não de um ou outro sexo.

Ocupa-se de questões como sexualidade, controle da natalidade e violência contra mulheres. Embora tenha alcance internacional, o movimento feminista não é unificado nem possui uma organização central. Caracteriza-se pela auto-organização das mulheres em múltiplas frentes.

Seus métodos de atuação variam: desde grupos de pressão política até grandes manifestações públicas.

Na Conferência de Pequim em 1995, em um encontro promovido pela ONU para tratar das questões femininas. Foi aprovado por consenso, o documento final da conferência afirma que as mulheres são as principais vítimas da pobreza e denuncia que estupros sistemáticos estão sendo usados como tática de guerra.

Entre os abusos contra as mulheres, também são denunciados no documento o casamento forçado, a exploração sexual, a circuncisão feminina, a seleção pré-natal por sexo e a violência doméstica.

No Brasil, a luta das mulheres pelo voto dura 22 anos. Começa em 1910, com a fundação do Partido Republicano Feminino, no Rio de Janeiro, e termina em 1932, quando o presidente Getúlio Vargas promulga por decreto-lei o direito das mulheres de votar e ser votadas.

Nos anos 60 e 70, o feminismo acompanha a luta pela volta da democracia ao país.

São criados o Movimento Feminino pela Anistia e o Centro da Mulher Brasileira, e aparecem jornais como Brasil-Mulher e Nós Mulheres.

A partir da década de 80, grupos feministas espalham-se pelo país.

Ligado ao Ministério da Justiça, em 1985 é fundado o Conselho Nacional da Condição Feminina.

Feminismo é o movimento social que defende igualdade de direitos e status entre homens e mulheres.

Desde o início do século XX, a situação mudou rapidamente pelo mundo inteiro, na Rússia foi concedido o direito de voto às mulheres em 1930, desde 1893, elas já votavam na Nova Zelândia, na Austrália (1902), na Finlândia (1906), na Noruega (1913) e no Equador (1929). Por volta de 1950, a lista compreendia mais de cem nações.

Após a segunda guerra mundial, o feminismo ressurgiu com vigor redobrada, sob a influência de obras como Le Deuxième Sexe (1949; O segundo sexo), da francesa Simone de Beauvoir, e The Feminine Mystique (1963; A mística feminina), da americana Betty Friedan.

No Reino Unido destacou-se Germaine Greer, australiana de nascimento, autora de The Female Eunuch (1971; A mulher eunuco), considerado o manifesto mais realista do women's liberation movimento (movimento de libertação da mulher), mundialmente conhecido como women's lib.

Agora já não se tratava mais de conquistar direitos civis para as mulheres, mas antes de descrever sua condição de oprimida pela cultura masculina, de revelar os mecanismos psicológicos e psicossociais dessa marginalização e de projetar estratégias capazes de proporcionar às mulheres uma liberação integral, que incluísse também o corpo e os desejos.

Além disso, contam-se entre as reivindicações do moderno movimento feminista a interrupção voluntária da gravidez, a radical igualdade nos salários e o acesso a postos de responsabilidade.

O objetivo de plena igualdade, nunca radicalmente alcançado, realizou-se de forma muito desigual nos diversos países. Entre os principais obstáculos, os de índole cultural são de grande importância.

Enfatizo que reafirmar uma identidade não é construir uma “essência” da mulher, absolutamente normativa e engessada. “Reivindicar uma identidade é construir poder”, como afirma Castells (1999, p. 235). Se boa parte das opressões às mulheres se dá pela construção forçada e autoritária de uma identidade feminina que autoriza a postura e o machismo, a atuação política também ocorre pela construção o posicional de outra identidade. É por isso que o feminismo envolve uma luta de identidades, no qual a ”mulher” é tensionados pelos mais diversos interesses.

Fonte: www.geocities.yahoo.com.br

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/feminismo/feminismo.php#ixzz1xmfOVrNa

Bibliografia : A sujeição das mulheres, de John Stuart Mill

A identidade cultural na pós-modernidade, Stuart Hall

Poder da identidade, Manuel Castells

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