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Portos Brasileiros

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Por:   •  20/9/2013  •  4.009 Palavras (17 Páginas)  •  681 Visualizações

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OS PORTOS BRASILEIROS NA GLOBALIZAÇÃO:

UMA NOVA GEOGRAFIA PORTUÁRIA?

Danny Mallas

Graduanda no departamento de geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Pesquisadora de Iniciação Cientifica no Grupo de estudos em Geografia Portuária – Geoportos

e-mail: danny.mallas@hotmail.com

As três eras do sistema portuário brasileiro

Como nos demais países sul-americanos, os portos tiveram um papel fundamental no

processo de criação das cidades e de organização do espaço econômico que acompanhou a

colonização desta região do mundo. No caso do Brasil, as primeiras instalações portuárias serviam ao

embarque/desembarque de colonos, escravos e mercadorias. Com o desenvolvimento de um modelo

primários exportadores revelavam-se os portos que escoavam a produção referente aos ciclos

econômicos brasileiros (pau brasil, açúcar, ouro e prata, etc.). Portanto os portos da época seguiam

uma lógica de drenagem, de escoamento da produção das hinterlândias regionais. A movimentação

portuária então refletia as áreas coloniais que se conectavam com o mercado internacional

(ocidental) da época.

Como exemplo disso é possível observar que durante a ascensão da cana-de-açúcar os estados

de Pernambuco e Bahia abrigavam os portos de maior movimento e por isso caracterizavam-se por

uma organização político-administrativa avançada e valorizada pela coroa Portuguesa, que em

virtude do exclusivo colonial restringia a utilização dos portos brasileiros somente a navios lusitanos.

Em 1808, a abertura dos portos às nações amigas de Dom João VI constituiu um importante marco

para o sistema portuário brasileiro na medida em que significou a inserção dos portos brasileiros às

trocas com outras nações que não somente a metrópole.

O ciclo da mineração foi responsável pelo deslocamento do eixo privilegiado do comércio do

Brasil colônia do Nordeste para o sudeste, que foi politicamente e administrativamente sancionado

pela transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763. Em seguida, a expansão das

lavouras de café no estado de Minas Gerais, no Vale do Paraíba fluminense e em São Paulo

confirmou a mudança de centro de gravidade do espaço econômico brasileiro. Do ponto de vista da

hierarquia portuária, os portos do sudeste passaram a ter então maior representatividade. Nessa

mesma época o Porto do Rio de Janeiro se afirmou como o mais importante do país e do Atlântico

Sul.

No início do século XX, a expansão da produção cafeeira pelo interior de São Paulo tornou

imperativa a modernização da base produtiva. O setor do transportes se beneficiou de projetos para o

melhoramento no escoamento da produção e exportação dos grãos de café sob a forma de ferrovias

interior/litoral. O crescimento da cidade de Santos, por exemplo, foi totalmente atrelado a essa

estrutura de expansão, cujos investimentos em infra-estrutura da época se fazem presentes até hoje,

contribuindo para primazia atual do porto de Santos na hierarquia portuária.

O domínio britânico sobre as economias sul-americanas significativo era ilustrado pela

hegemonia sobre os sistemas modernos de escoamento e pelas movimentações registradas a partir do

ingresso de produtos manufaturados ingleses no âmbito de um sistema de trocas desigual.

Observava-se a evolução do comércio mundial, no que tange a abrangência das trocas entre países

centrais e periféricos. No caso brasileiro, o café atraiu uma gama de grandes investimentos,

principalmente Britânicos, que permitiram a instalação de ferrovias e vias que facilitassem a

acessibilidade terrestre aos portos. A abertura ao capital estrangeiro significou a atração de novos

investimentos na tentativa de alcançar a modernização ao modelo primário-exportador. Nessa época

observa-se a crescente interligação das nações através do comércio, ou seja, a internacionalização da

economia.

Durante seus sucessivos ciclos econômicos, tanto durante o ciclo do café, quanto durante o

posterior ciclo da borracha na região norte, antes pouco explorada, o Brasil aprimorou o modelo

primário-exportador. Fazem parte dessa evolução algumas medidas de modernização portuária, como

as citadas acima, já que a interação mundial se mostrava cada vez mais presente no governo

brasileiro.

Nesse momento os portos seguiam uma lógica de escoamento da produção, drenavam os

produtos da hinterlândia regional. O porto representava uma extensão final da cadeia da produção,

sendo a única porta para a exportação. Apesar dos investimentos e modernização implementados ao

setor portuário não houve um acompanhamento da política das autoridades para que se coordenasse

de maneira eficaz todo o processo e assim o sistema portuário se mantinha fragmentado e precário

(Monié e Vidal, 2006).

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