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Sociologia

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Por:   •  21/3/2015  •  2.507 Palavras (11 Páginas)  •  170 Visualizações

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A Corrosão Do Caráter (i)

Nesta breve série de três resumos procurarei apontar os principais tópicos do livro A Corrosão do Caráter, cuja autoria pertence a Richard Sennett, eminente sociólogo norte-americano, que faz nesta obra uma análise filosófica e sociológica da globalização na contemporaneidade. No presente resumo apresento os tópicos relativos à primeira parte de tal obra.

1 - O novo capitalismo é marcado pelo mercado global. Outra característica é o uso maciço de novas tecnologias que tornam a vida mais dinâmica obrigando as pessoas a Se preparar para freqüentes mudanças, incluindo trocas de emprego. A nova forma do capitalismo também se caracteriza pela quebra de tabus antigos - podemos citar o maior número de mulheres que passam a trabalhar, algumas até mesmo com a responsabilidade de sustento do lar. Porém, o capitalismo atual trouxe efeitos indesejados, como o medo de perder o controle de própria vida, pois o mercado cada vez mais é motivado pelo consumidor, e, para não ficar para trás as empresas, os autônomos, se tornam em maior grau subserviente aos horários das pessoas (clientes). O medo da perda de controle refere-se ao controle de tempo. Como outras conseqüências do novo capitalismo podemos citar a vida emocional que passa a estar em 2º plano, o afastamento dos amigos e declínio das carreiras tradicionais. O mundo se tornou mais dinâmico e as mudanças de emprego, ou mesmo de carreira durante a vida se tornam cada vez mais comuns. O mercado se torna mutável como antes nunca visto, passando cada vez mais a se pensar no curto prazo, refletindo isto na carreira, no emprego... As empresas se caracterizam pela "força dos laços fracos", o emprego passa a ser de curto prazo, há uma falta de perspectiva de compromisso duradouro com a empresa gerando assim uma certa falta de lealdade institucional. Os empregados tendem a ficar "negociáveis" assim que descobrem que não podem contar com a empresa. Enfim, o mundo anterior ao "novo capitalismo" era mais burocrático, previsível. O atual tem a marca da flexibilidade e do dinamismo, mas também do curto prazo.

2 - Para Diderot, a rotina no trabalho não era degradante, ao contrário, era igual a qualquer outra forma de aprendizado. Diderot ia além afirmando que a rotina estava em constante evolução, pois repetindo a operação se descobre como acelerar ou modelar a atividade, desenvolver novas práticas, etc. Já Smith via a rotina de forma negativa, algo degradante, fonte de ignorância mental por não fazer ou falta de conhecimento de como fazer a mudança. A rotina, portanto se tornava autodestrutiva porque os trabalhadores perdiam o controle sobre seus próprios esforços. No capitalismo atual a rotina passa a dar lugar cada vez mais ao dinamismo, porém dentro desse dinamismo existe a rotina: A rotina da falta de segurança no emprego, do futuro incerto, da costumeira reavaliação da carreira, e essa "rotina dinâmica" é tão ou mais destrutiva quanto à rotina sob o ponto de vista de Smith.

3 - A criação de instituições mais flexíveis é uma forma da sociedade amenizar o lado negativo da rotina. Existem três elementos das modernas formas de flexibilidade: Reinvenção descontínua das instituições, a Especialização flexível de produção e a concentração de poder sem centralização. A especialização flexível da produção nada mais é que um sistema de inovação permanente. A finalidade é por cada vez mais rápido no mercado produtos mais variados. Seria uma forma de adaptação à mudança permanente e não uma forma de controlar essa mudança. Os requisitos necessários que a organização deve ter para implementar essa técnica são as rápidas tomadas de decisão, alta tecnologia, rapidez nas comunicações e fundamentalmente ter disposição de deixar que as demandas de mercado externo determinem a estrutura da empresa, que obviamente poderá ser mutante ao sabor do mercado. A concentração de poder sem centralização é uma técnica moderna de dar liberdade, mas ao mesmo tempo manter o controle é muito utilizada para grupos de trabalhos, empresas com filiais ou agências, etc. Na maioria dos casos é imposta uma meta a ser atingida e é dada liberdade para o grupo atingir essa meta da forma que achar mais conveniente. Geralmente essas metas estão além do que normalmente seria alcançável e o controle se dá através de planilhas ou mapas de acompanhamento. Essa é uma forma de dar mais controle às pessoas sobre as suas atividades e ao mesmo tempo é uma técnica empregada para desmontar os colossos burocráticos. Porém o controle é dado aos administradores da empresa através de sistemas de informação oferecendo total controle sobre os atos "independentes" do grupo. Na verdade é uma nova forma de poder aparentemente libertador, mas na realidade desigual, pois aumenta os poderes da alta administração.

4 - O trabalho se torna ilegível no capitalismo flexível porque há perda da identidade do trabalhador, não do trabalhador, a pessoa em si, mas da classe trabalhadora de modo geral. Não há emoção na forma de "fazer", o trabalho passa a ser frio, existem alienação e indiferença no que se refere ao produto do trabalho, o trabalhador não tem mais o domínio do processo, não sabe mais o ofício original o que acarreta em identificação fraca com o trabalho. Outro aspecto observado quando o trabalho se torna ilegível é a falta de solidariedade dentro do grupo, o trabalho passa a ser individualizado, há menor troca de emoções entre os trabalhadores.

5 – No capitalismo flexível observamos a necessidade de mudar de posição, de busca de novas alternativas, mesmo que com incertezas, onde as instituições induzem os indivíduos a mudanças de vida. A instabilidade das organizações flexíveis impõe esta necessidade de mudança de vida aos trabalhadores. Como forma de caminhada às incertezas observamos as mudanças laterais ambíguas, onde as pessoas se movem lateralmente, acreditando estar subindo; perda retrospectiva, onde as pessoas se arriscam sobre as mudanças que podem vir a implicar em novas posições, onde os retrospectos poderão dizer sobre decisões negativas que foram tomadas, são tomadas de decisão inúteis oriundas de dados da própria organização; ou ainda os resultados salariais imprevisíveis, onde calculam quanto podem vir a ganhar com mudanças de posição dentro das organizações ou até mesmo na mudança de empresas.

6 – A nova ética do trabalho se estabelece no trabalho em equipe onde se destaca a solidariedade no grupo, a sensibilidade aos outros com capacidade de ouvir e de se adaptar as diversas circunstâncias exigidas no ambiente interno e externo, sendo necessário

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