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TRABALHANDO E PREPARAÇÃO CHELLOVEKA: Eu estava trabalhando com Marx

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Por:   •  18/5/2014  •  Projeto de pesquisa  •  3.236 Palavras (13 Páginas)  •  190 Visualizações

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6º COLÓQUIO INTERNACIONAL MARX E ENGELS

(GT 9 – Trabalho e produção no capitalismo contemporâneo).

TRABALHO E FORMAÇÃO HUMANA: observações acerca dos escritos de Marx.

Araci Jost1

Anita Helena Schlesener2

No pensamento marxista, a categoria trabalho está no centro de sua teoria, visto que desempenha o papel fundante na construção e desenvolvimento da humanidade, expressado como fio condutor da obra marxiana, desde suas primeiras elaborações teóricas até às da sua maturidade, na busca de explicitar, como os seres humanos se produzem e reproduzem a sua existência humana.

Para compreender o contexto em que viveu no século XIX, época de transformações econômicas, em que a indústria se desenvolvia rapidamente que confirmavam a burguesia como classe dominante, frente a um número elevado de proletários desenvolvendo seu trabalho em condições degradantes, Marx aprofundou seus estudos nas teorias filosóficas que embasavam sua formação; tais teorias eram centrais na explicação da história humana, como Hegel e Feuerbach, e construiu seus argumentos, ora na contraposição e ora na ampliação das idéias desses autores, criando uma nova concepção teórica que explica a ação humana em sua historicidade.

O conceito de trabalho pode ser rastreado no pensamento de Marx desde os seus primeiros escritos, culminando na sua análise das relações capitalistas de produção na obra O Capital. Nos Manuscritos Econômicos Filosóficos, Marx desenvolve uma crítica sobre a filosofia hegeliana assinalando que: “[...] Hegel descobriu apenas a expressão abstrata, lógica, especulativa do processo histórico, que não é ainda a história real do homem enquanto sujeito pressuposto, mas só a história do ato da criação da gênese do homem” (MARX, 2001, p.174). Nesta afirmação, o

1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação – Mestrado em Educação da UTP.

2 Professora de Filosofia Política da UFPR (aposentada) e do Mestrado em Educação da UTP.

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argumento de Marx aponta para o lócus em que se desenvolve a verdadeira existência do homem – o mundo universal espiritual, segundo a abstração de Hegel. Entretanto, Marx infere nesse processo de abstração conceitos primordiais que sustentaram o desenvolvimento de seus argumentos. Na especificidade deste trabalho, interessa-nos pontuar como Hegel concebe o trabalho, nas palavras de Marx:

[...] embora em termos abstratos – como o ato de autocriação do homem; apreende a relação do homem a si mesmo como ser estranho e a emergência da consciência genérica e da vida genérica como a demonstração de si como ser estranho.(MARX, 2001, p. 188).

Na elaboração dessa crítica às idéias hegelianas Marx utilizou-se do pressuposto central de Hegel, que via somente o lado positivo do trabalho como essência confirmativa do homem; Marx inicia a construção de seus argumentos na demonstração de como se desenvolve o processo de trabalho no contexto do capitalismo, explicitando as reais condições do trabalhador frente às vantagens do proprietário e o capitalista. Com a separação entre o capital, propriedade de raiz e do trabalho, a desvantagem cabe somente ao trabalhador.

Da argumentação contida nos Manuscritos, num confronto às idéias de Hegel, estão presentes conceitos complexos sobre a centralidade do trabalho no desenvolvimento da sociedade capitalista. O jovem Marx assinala o modo como a concorrência se instaura entre os trabalhadores frente à sujeição desses às exigências do capitalismo, a transformação do trabalhador em mercadoria, regulada pela demanda, etc. Os elementos constitutivos do processo de trabalho, na produção da existência humana nos moldes capitalistas, apontados por Marx são complexos, e se complexificam cada vez mais com o desenvolvimento do capitalismo,e isso nos remete à outras leituras.

Nas Teses sobre Feuerbach, Marx destaca a centralidade do conceito de atividade humana da práxis como relação indissociável entre teoria e prática e eixo constituinte da humanização, argumento importante tanto no aspecto metodológico que diz respeito à teoria do conhecimento quanto em sua dimensão ontológica, como prática criadora e transformadora de uma nova realidade social. Nesse aspecto Marx sublinha que toda vida social é essencialmente prática. São questões recorrentes, nessas teses, no contraponto entre o materialismo antigo e o moderno, a distinção entre os dois na teoria do conhecimento, mas, também, a sua conseqüência para a

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compreensão da sociedade humana como um conjunto de relações sociais. Enquanto o primeiro concebe o indivíduo de forma isolada, natural, captado de forma abstrata, para Marx, a essência humana em sua efetividade é o conjunto das relações sociais, conforme sua argumentação:

[...] Feuerbach quer objetos sensíveis, realmente distintos dos objetos do pensamento; mas ele não considera a própria atividade humana como atividade objetiva. [...] ele considera como autenticamente humana apenas a atividade teórica, ao passo que a práxis só é por ele apreendida e firmada em sua manifestação judaica sórdida. É por isso que ele não compreende a importância da atividade “revolucionária”, da atividade “prático-crítica”. (MARX, 2002, p. 99)

Nesse aspecto, é necessário pontuar que a produção do saber se dá pelo conjunto dos homens, nas relações que estabelecem, na sua atividade laboral, para garantir a sua sobrevivência. É nesse momento que se situa a importância da compreensão da práxis, tanto na constituição do conhecimento expressado no objeto que é produto dessa ação, como na transformação dos sujeitos envolvidos nessa relação. Portanto, em sua ação sobre a natureza para satisfazer suas necessidades, os homens produzem conhecimento, cujo conteúdo é determinante do processo de humanização.

O conteúdo referente a essas teses pode ser resumido na explicitação do conceito de práxis, de modo a colocar em relevo as conseqüências, para o trabalhador, do desenvolvimento do processo de trabalho na constituição do capitalismo. Ao superar o feudalismo, a sociedade burguesa na sua apropriação privada dos meios de produção, transforma o servo em trabalhador livre, visto que este se liberta de suas relações naturais com seu senhor, e, a partir daí, vem a estabelecer uma relação remunerada, isto é, mercadológica. Marx, nos seus Manuscritos Econômicos Filosóficos demonstra as conseqüências do desenvolvimento do processo de trabalho, apontando

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