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Trabalho De Atividades Complementares

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Por:   •  30/5/2013  •  3.232 Palavras (13 Páginas)  •  950 Visualizações

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Este foi o romance que deu a conhecer Umberto Eco ao grande público, constituindo um enorme êxito de vendas em Portugal desde que foi publicado pela primeira vez, e continua ainda a ser uma obra bastante popular. E não é de espantar: escrito com imenso humor, o romance dá-nos a conhecer de uma forma expressiva o que era viver num mosteiro medieval. O tema central do romance é a liberdade de estudo e de ensino, a livre circulação do conhecimento. Mergulhada em obscurantismo durante séculos, os mosteiros cristãos constituíam fortalezas onde o conhecimento era preservado com imensas dificuldades. Dado a inexistência da imprensa, os livros tinham de ser copiados à mão por monges dedicados; em consequência, os livros eram bastante raros e de difícil acesso. A ideia ainda hoje popular de que os antigos eram muito sábios resulta em parte da falta de circulação do conhecimento que persistiu até à revolução científica dos séculos XVII e XVIII. Newton, por exemplo, teve por várias vezes a experiência de fazer redescobertas matemáticas que tinham sido conhecidas séculos antes, mas que entretanto se tinham perdido por falta de circulação do conhecimento.

Evidentemente, havia outros obstáculos à livre circulação do conhecimento, na Idade Média, além do problema tecnológico de não existir ainda a imprensa. Um dos mais importantes, tema central deste livro, era o dogmatismo religioso, que encarava o conhecimento como potencialmente perigoso. O romance de Umberto Eco apresenta-se como um livro de detectives: uma série de misteriosas mortes afectam um mosteiro e o protagonista tem por missão descobrir a verdade, um pouco ao estilo de Sherlock Holmes. O contraste entre as novas ideias mais abertas e racionais, mais voltadas para a experiência empírica, e os velhos hábitos fechados e místicos, de costas voltadas para a informação que podemos obter pela experimentação cuidadosa, desempenha também um importante papel no romance. Como é também costume nas histórias de Sherlock Holmes, as mortes a investigar têm à primeira vista um aspecto sobrenatural, mas no fim acaba por haver uma explicação muito humana, demasiado humana, de todas as mortes. Entretanto, o leitor fica preso da primeira à última página, precisamente para saber como se resolve o mistério.

As mortes são o resultado do dogmatismo religioso de um monge, apostado em impedir que um livro julgado perdido de Aristóteles, sobre o riso, possa ser conhecido. E este é um dos aspectos mais profundos e bem conseguidos do romance: poderia pensar-se que matar outras pessoas por causa de um livro sobre o humor não passa de invenção de um romancista ocioso, mas isso seria ignorar que a maior parte dos crimes que assolam a humanidade têm por base o dogmatismo intolerante de quem pensa ter o monopólio da verdade e o direito de a impor aos outros.

Alguns aspectos do romance poderão ser menos simpáticos. O autor parece apostado em atirar aos olhos do leitor uma imensidão de conhecimento histórico, o que por vezes acaba por tornar a leitura menos agradável, apesar de fazer as delícias dos diletantes. A imaginação fervilhante do autor acaba por vezes por ser labiríntica, levando a que quase se perca o fio da história. Mas a bondosa relação do protagonista com o seu discípulo, a sua defesa da racionalidade límpida e sem cedências, a oposição ao dogmatismo que procurava fazer paralisar o conhecimento — todos estes elementos fazem deste romance uma experiência inesquecível.

O título do livro surge na última frase do livro, "Stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemus", que se pode traduzir do seguinte modo: "A rosa antiga permanece no nome, nada temos além do nome". A ideia é que mesmo as coisas que deixam de existir ou que nunca existiram deixam atrás de si um nome. Eco refere-se talvez ao facto de o Livro do Riso, de Aristóteles, no centro da acção, não ter existido realmente, ou apenas ao facto de, ficcionalmente, ter deixado de existir, deixando apenas o seu nome.

.Nota Prévia

Qualquer romance é susceptível de possuir as mais diversas interpretações para além daquela que as palavras escritas pelo autor efectivamente querem significar.

Como sabemos, as palavras podem ser unívocas, análogas e até equívocas, podendo dar azo ás mais variadas explicações.

No entanto, esta diversidade de significação possível, não quer dizer que todas as obras pretendam propositadamente esconder o seu sentido real e verdadeiro. Porém, embora nem todos os livros tenham como objectivo principal enganar os seus leitores, outros existem que possuem na sua construção verdadeiros labirintos, onde a sua mensagem real é muitas vezes de difícil interpretação.

Para nós não existe a menor dúvida de que "O Nome da Rosa" é uma obra labiríntica, cujo conteúdo é muitas vezes insondável, como a verdade que guarda e quiçá enganador como a mentira, não chegando, no entanto esta, a efectuar a sua aparição.

O autor chega a afirmar que "até mesmo o leitor mais ingénuo terá pressentido que se encontra perante uma história de labirintos, e não de labirintos espaciais1". Esta frase revela a verdadeira estrutura deste romance: uma história de labirintos, pois ela "ramifica-se em muitas outras histórias, todas elas histórias de outras conjecturas, todas girando em torno da estrutura da conjectura, enquanto tal. Um modelo abstracto de conjectura é o labirinto"2.

Agora se tivermos em conta que o conteúdo de uma "obra labiríntica" serviu de base a um filme, facilmente se concluí o quão é árdua a nossa tarefa de interpretação. Tarefa essa que está direccionada para o percurso palmilhado pela personagem principal deste romance, Guilherme de Baskerville, que a determinada altura da obra, pronuncia as seguintes palavras: "...A vida da ciência é difícil, e é difícil distinguir aí o bem do mal. E frequentemente os sábios dos tempos novos são só anões aos ombros de anões.3"

O desafio para a elaboração deste trabalho, onde, paralelamente teremos de "vestir a pele" de críticos quer no campo literário, quer no campo cinematográfico, tornou-se complicado, não deixando no entanto, de ser aliciante. Não tendo a veleidade de nos considerarmos sábios, mas possuindo a convicção que podemos efectuar um trabalho muito acima da estatura normalmente atingida pelos anões, de seguida se apresentam as pesquisas efectuadas para a caracterização de Guilherme de Baskerville quer, enquanto personagem literária , quer na condição de personagem fílmica.

 

2. A Personagem

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