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Um Pouco De Pensadores

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Por:   •  6/5/2013  •  1.669 Palavras (7 Páginas)  •  463 Visualizações

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Sempre me senti valorizada como professora de educação infantil, mas ultimamente tenho vivido algumas angústias quando ouço de nossas autoridades, nos cursos de encontros, discursos sobre a grande importância da educação infantil, ao passo que, na prática, a política educacional de nosso país tem privilegiado o Ensino Fundamental em detrimento do Ensino Infantil. Fico imaginando se todo o nosso trabalho e toda a nossa dedicação serão, algum dia, valorizados, não apenas por nós mesmos, educadores, mas por todos e, em especial, por nossas autoridades.

Quanto à minha contínua formação, tenho participado sempre que possível, de grupos de educadores que, como eu, demonstram grande interesse no trabalho. Concluí também o curso de pós-graduação, onde convivi com muitos colegas bastante interessados também, o que tem me possibilitado deparar com situações que me despertam questionamentos, ao mesmo tempo aumentando minha segurança para atuar na área que escolhi. No entanto, é a vivência profissional que mais possibilita nossa reflexão e firma nossa postura.

Não posso me sentir solitária, pois há entre nosso grupo profissional uma intensa troca de experiências e o respeito à opinião de todos é prática normal entre nós. O respeito à hierarquia na escola não é prejudicado pela solidariedade existente entre nós, pois consideramos o respeito como norma de extrema importância para o bom desempenho de todos nós e da própria escola. Isso faz parte também do nosso trabalho árduo e diário, mas temos superado dessa forma muitos obstáculos com os quais nos deparamos no que se refere aos nossos superiores e às suas decisões. Há muitas reuniões pedagógicas “só para constar”, mas entre nós, independente de grandes projetos, sempre procuramos aperfeiçoar nosso trabalho, independente de recursos materiais, criando, criando e criando sempre maneiras de aproximar, da melhor forma possível, a realidade do que está nos currículos. E as reflexões sobre nossa prática diária fazemos entre nós mesmos, trocando experiências, idéias, resultados bons ou não.

Quanto aos meus alicerces teóricos, nunca esqueço de Piaget e Vigotsky. Piaget que, na sua teoria, apresenta como fator preponderante de motivação para a aprendizagem a situação problema e a maturação cerebral, que fornece as potencialidades que se realizam, mais cedo ou mais tarde (ou nunca) em função das experiências e do meio social. Sua postura construtivista centrada na produção cognitiva através de interações, com o objeto do conhecimento, dá à escola a função de facilitar essa construção. E Vigotsky, para quem a aprendizagem interage com o desenvolvimento, produzindo aberturas nas zonas de desenvolvimento proximal, a interação social e o instrumento lingüístico decisivos para o desenvolvimento. Piaget, os sistemas lógicos, ou formas superiores de pensamento, que derivam de abstrações reflexivas de dentro para fora; para Vigotsky, a orientação para o desenvolvimento cognitivo, produzido pelo processo de internalização da interação social com materiais fornecidos pela cultura, ou seja, o processo de fora para dentro. Não imaginei que ainda viesse a compará-los por escrito, como agora. Mas, de certa forma, gosto de saber que ainda os tenho vivos dentro de mim, pois na organização diária de minhas atividades, procuro retirar dos teóricos a orientação necessária.

E assim o faço com Freinet, que procurou integrar jogo e trabalho em sua escola, utilizando a imprensa associada a outras atividades como textos livres, correspondência interescolar, desenho livre, bibliotecas etc.; com Montessori e seu pressuposto de que a criança é um ser particular, qualitativamente distinto do adulto e dotada de maravilhosas energias latentes, e de seu método baseado na liberdade, atividade, vitalidade e individualidade, princípios que podem ser resumidos no princípio da auto-educação. E a auto-educação me fascina, pois cada criança, no respectivo grau de seu desenvolvimento, experimenta certas necessidades interiores que a impulsionam, em circunstâncias externas favoráveis, a uma atividade livre concentrada. A condição essencial para aplicação desse método de Montessori, como podemos notar diariamente em nossa atuação na área da educação, é a formação do ambiente apropriado, onde a criança tenha liberdade de se movimentar e encontrar os brinquedos ou materiais didáticos adaptados à sua necessidade de atuar e de se exercitar. Montessori recomenda a utilização de exercícios físicos e rítmicos e, sempre que possível, utilizo esse método com minhas crianças, pois segundo ele, a educação motriz é centrada na vida prática com a criança aprendendo cuidados com si mesma como vestir-se, lavar-se, limpar objetos, “brincar” de jardinagem etc., e cabe a nós, professores, dar o reforço com elogios de maneira a manter sempre um laço afetivo entre nós e nossos alunos. Eu disse “sempre que possível” pois, como atuo numa escola municipal, nem sempre temos à nossa disposição todo o material que seria desejável, por motivos óbvios e políticos, que não cabe a nós, no momento, questionar.

Quanto a Rubem Alves, sua obra parte da análise da sociedade capitalista contemporânea fundada nos princípios da eficiência e do lucro, onde as pessoas perdem a identidade, engolidas pelas funções; mostra a necessidade de formar o educador comprometido consigo mesmo e com o aluno, fala da educação como alegria de viver. Ele distingue o professor do educador: “o educador fala com o corpo, a escola precisa ser mais alegre para ser mais séria”. Rubem enfatiza também que o educador tem duas funções básicas: função crítica, em que os dogmas são transformados em dúvidas e as respostas em questionamentos e a função criativa, em que o educador é um criador de utopias. “Só se aprende quando se gosta, quando se ama o que se estuda. O capitalismo leva as pessoas a odiarem o prazer em benefício do Capital“ (Quanta verdade nisso, amiga!). Sua preocupação com a fala, lembra George Gudorf: o limite entre o homem e o animal é a fala.

Na obra de Madalena Freire encontrei o pressuposto de que é possível aplicar o diálogo desde a primeira educação sem desvincular o conhecimento e o viver. A partir do vivido da criança, o educador pode planejar e organizar as atividades escolares sem perder a direção pedagógica e o seu papel organizativo, superando a dicotomia entre o cognitivo e o afetivo. Parece complicado, mas acho extremamente importante.

Em Sônia Kramer deparei com a crítica

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