Ética E Avaliação

TEXTO – ÉTICA E AVALIAÇÃO

Por tudo o que já foi estudado sobre avaliação, defendemos uma avaliação que contribua com a escola democrática, fundamentada nos seguintes princípios:

1. A avaliação é ação político-ética; é práxis transformadora. A sua base é o conhecimento – emancipação/ solidariedade. Ela se faz no e para o coletivo pedagógico, é prática comunitária. O respeito à autonomia e à dignidade de cada ser humano não são concessões, mas uma exigência ética deste trabalho;

2. A avaliação articula-se a um projeto de sociedade, de educação, de escola. É imperativo ético construir comunitariamente estes projetos, explicitando os conteúdos e as direções das lutas pela construção de uma sociedade democrática, digna, fraterna e justa. A avaliação deve ser um dos motores de sua realização;

3. A avaliação fundamenta-se na relação dialógica e precisa realizar-se nela – ser diálogo. É um processo de comunicação social – e fez-se na relação com o outro, como aprendizagem de leitura crítica do mundo e da presença de cada um(a) no mundo, para recriá-lo. A rigorosidade teórica e metodológica estão submetidas à rigorosidade ética, na concretização do pensar e do fazer avaliativos;

4. A avaliação orienta o currículo e a prática pedagógica na escola. A avaliação que garante a participação e o diálogo crítico fundamenta a reorientação curricular e a reconstrução de práticas pedagógicas numa perspectiva emancipadora. As vozes, tanto dos professores como dos alunos, devem ser ouvidas no processo de organização do currículo e do trabalho pedagógico escolar, dos quais a avaliação é parte. A avaliação crítica tece toda a prática pedagógica escolar, contribuindo com os processos emancipatórios e a democracia na escola. A autoavaliação criteriosa é um passo na conquista da autonomia;

5. A avaliação é uma força criadora do aprender e do ensinar. Ela é uma declaração de compromisso com a aprendizagem dos alunos e das alunas, copartcipando com outras práticas pedagógicas do processo de construção e ressignificação do conhecimento. A avaliação integra a unidade dinâmica e dialética da reflexão – ação p- reflexão: práxis transformadora. É problematizadora, desafiadora, estimuladora da “curiosidade epistemológica”. É ação colaborativa dos professores com os seus alunos e entre os próprios pares, visando à compreensão do processo de aprendizagem e sua efetiva concretização;

6. A avaliação é querer bem, pleno de respeito e generosidade. É um ato de amor, de humildade e de coragem. É, portanto, indispensável que a avaliação produza vida, libertação, condenando todo tipo de violência, que humilha, destrata e exclui. A avaliação na prática pedagógica, conduz a seu aperfeiçoamento contínuo, ao ensino de melhor qualidade. Ela estimula educadores e alunos, todos os que fazem a escola, a deseja-la como algo que produz o bem comum. Ela é produtora de alegria, de participação na aula, de vontade de aprender e de estar na escola. Ela coparticipa da escola democrática.

A ética e a avaliação, em suas interfaces e articulações, constituem-se como fundamentos da construção da escola numa perspectiva democrática. À medida que este tema é incorporado pela escola como uma discussão necessária, começam a surgir