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A Dança Contemporânea No Tempo

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Por:   •  25/2/2015  •  4.693 Palavras (19 Páginas)  •  328 Visualizações

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A DANÇA CONTEMPORÂNEA NO TEMPO

Para falar sobre a diversidade das linguagens presentes na dança contemporânea é necessário, primeiramente, conhecer um pouco sobre esse artefato e sua trajetória ao longo da história. Para começar é difícil datar o início da dança contemporânea e mais ainda descrevê-la de uma única forma. O que podemos considerar é que essa modalidade aparece na história não apenas para contar um fato de forma linear, mas, sobretudo para questionar o mundo a sua volta. Também é preciso enfatizar que as narrativas a seguir, talvez a dominante, não é uma verdade sobre a sua trajetória, pois outras existiram e existirão. A intenção do exposto é contribuir com os interessados no tema e ver que qualquer artefato cultural é passível de lutas por significações.

Assim, diferente dos grandes balés de repertório que emocionavam com a leveza de “Giselle” ou com a tristeza da “morte do cisne”, esse estilo alternativo de dança vem para emocionar sim, mas, além disso, para olhar para a sociedade e contar uma história que nem sempre é um conto de fada e que ao contrário disso não se propõe a sê-lo. Ela vem para fazer uma nova leitura do mundo e proporcionar ao espectador que este faça o mesmo. Criar novos pontos de vista sobre um mesmo assunto, assunto esse que pode ser a política de um país, a educação de um povo ou apenas um sentimento humano representado sob vários aspectos. A contemporaneidade na dança não traz respostas prontas, contudo ela produz indagações a serem pensadas e repercutidas pelo espectador e a sociedade. Mais do que diversão e entretenimento, ela vem para olhar o mundo e conhecê-lo.

Se formos fazer uma viagem pela história da dança para descobrir a raiz da dança contemporânea, com certeza não acharemos raiz nenhuma e isso é a grande riqueza dessa arte, pois acharemos indícios de que certos conceitos foram mudando no decorrer do tempo e que isso aconteceu conforme as transformações da sociedade, da política, da educação e da cultura e assim sendo a dança nunca esteve descolada da realidade, mas, ao contrário esteve sempre em metamorfose conforme a mesma. Para identificar melhor essas transformações é preciso passar por alguns mestres da dança que, de alguma forma, produziram novas formas de dançar o mundo. É interessante notar que muitas pequenas transformações às vezes aconteciam praticamente no mesmo período em locais diferentes, como se fossem pequenos ruídos para a composição de uma nova música.

Contribuições do Balé Clássico para a Dança Contemporânea

De acordo com Monteiro (1998), Noverre3 (1727-1810) em suas “Cartas sobre a dança” (1760-1807), sendo esta uma espécie de doutrina teórica sobre o que ele pensava sobre a arte de dançar, já trazia a questão da expressão do bailarino e da dança propriamente dita. Através do seu “balé de ação”, modo como ele denominou o seu método de criar a dança clássica, ele discutia que a dança não deveria se perder em ser apenas divertimento e que esta deve ser natural e expressiva, pois somente a execução dos movimentos sem expressão é um ato possível para qualquer ser vivo, inclusive os animais e sendo dessa forma qual seria então o propósito da dança, em outras palavras qual seria sua diferença? Noverre defendeu a mudança dos figurinos, a exclusão das máscaras, tudo para que a interpretação e expressão facial dos bailarinos pudessem ser vista e apreciada. É importante perceber, que Noverre discutiu conceitos que são fundamentais na dança contemporânea e que de uma forma ou de outra permitiram indícios de uma mudança que viria anos mais tarde: a expressividade e o propósito da criação artística, para tanto continuou utilizando e aprimorando a técnica da dança clássica.

Bourcier (1987), afirma que Nijinsky4 (1890-1950), em 1912 é censurado por dançar de forma obscena em “O deus azul”. Sua obscenidade estava nos movimentos realizados no chão considerado sensuais e sexual. Ir para o chão dançar, nessa época era praticamente uma heresia para com a dança, afinal o chão não era um signo da linguagem dança até então dominada pelo romantismo da época.

O Balé Romântico foi um marco na história da Dança por colocar as bailarinas em papéis principais em que dramaticidade e virtuosidade dos movimentos eram características que encantavam o público burguês e cristão da época iluminista. A dança de Nijinsky propõe novos signos contrários a essa lógica. Porém atualmente, um dos principais códigos da dança contemporânea são a possibilidade de usar o solo para se mover, seja através de rolamentos, giros, quedas e recuperações, conceitos esses que apareceriam mais tarde com a dança moderna. Além do escândalo de “O deus azul”, em“A sagração da primavera”, houve uma nova polêmica, pois Nijinsky trouxe à cena novos códigos que nada tinham a ver com a dança que até então era considerada dança. Pela primeira vez colocou seus bailarinos realizando posições dos pés em an-deduns (pés paralelos), com figurinos pesados, porém nada pomposos e belos e com um ritmo musical composto por Stravinsky5 (1882-1971) que era completamente diferente dos balés da época. Dessa forma, foi considerado não somente um inventor de passos, mas de todo um corpo, por fazer dançar em ritmos diferentes outras linguagens que não poderíamos classificar como a técnica clássica. Entre alguns estudiosos de dança, há quem acredite em Nijinsky como o grande precursor da dança contemporânea, principalmente pela quebra de paradigmas que permaneceram intactos por tanto tempo. A questão das posições dos pés é um exemplo claro disso, afinal na base técnica da dança contemporânea, embora ainda não exista uma técnica única e fechada, mas alguns signos em comum, a posição dos pés mais utilizada é a paralela e não mais os an-dehors (pés para fora, que deram origem às 5 posições básicas do balé clássico) como na técnica clássica (ACHCAR, 1998).

Numa época muito próxima de Nijinsky, temos George Balanchine (1904-1983), que inicia seus estudos como bailarino aos 9 anos. Forma-se em 1921 compondo diversas obras. Em 1934 nos Estados Unidos abre sua escola e após um período de mudanças é em 1948 que funda a sua companhia de dança definitiva, a New York City Center Ballet. Não é possível indicar uma data certa para as inovações que Balanchine propunha, mas pode-se afirmar que ele revezava entre montagens clássicas e montagens diversificadas. Ele iniciou a geração da dança abstrata, uma dança sem história, onde o movimento se articula com a música, é contraponto da mesma. Para ele a dança era a essência da emoção. Esse bailarino coreógrafo foi trabalhando seu estilo através das linhas de movimento,

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