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FICHAMENTO DE LEITURA: TRAZENDO AS COISAS DE VOLTA À VIDA - EMARANHADOS CRIATIVOS NUM MUNDO DE MATERIAIS Autor: Tim Ingold

Por:   •  14/10/2018  •  Resenha  •  1.938 Palavras (8 Páginas)  •  1.277 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDEREAL DO PARANÁ 

CAMPUS LITORAL 

Aluna: Francely Helene Machado Lima 

L. Artes 2016 – GRR20165102 

  

Fichamento de leitura: TRAZENDO AS COISAS DE VOLTA À VIDA: 

EMARANHADOS CRIATIVOS NUM MUNDO DE MATERIAIS 

Autor: Tim Ingold 

  

Tim Ingold traz uma perspectiva sobre a relação que temos com os objetos, e sua funcionalidade no mundo material e da relação que temos com eles, ele aborda essa visão a partir de uma análise dos cadernos do artista Paul Klee. 

            De acordo com Ingold e Klee, a estrutura física final dos objetos tem menos importância que o processo vivido por eles durante sua formação para se tornar produto final na matéria. 

  

“A forma é o fim, a morte”, escreveu ele; “o dar forma é movimento, ação. O dar forma é vida.” (Klee, 1973, p. 269). Essa ideia está no cerne do seu célebre “Credo criativo” de 1920: “A arte não reproduz o visível; ela torna visível” (Klee, 1961, p. 76). 

  

O artista visa reunir as forças criativas que atuam no processo de criação de alguma forma ao invés de apenas repetir formas já existentes. A intenção contida nesta reflexão visa observar a relação que o mundo ocidental possui com os “objetos”. 

 

A forma passou a ser vista como imposta por um agente com um determinado fim ou objetivo em mente sobre uma matéria passiva e inerte. Quero argumentar aqui que os debates contemporâneos em campos os mais diversos – da antropologia e arqueologia à história da arte e estudos da cultura material – continuam a reproduzir os pressupostos que subjazem ao modelo hilemórfico, ainda que tentem restaurar o equilíbrio entre seus termos. (INGOLD, 2012. pg. 26) 

 

Ingold apresenta a ideia de que na contemporaneidade, segue se reproduzindo um modelo hilemorfico de conteúdos materiais com os interagimos, observando pelo viés da arte.  

 

 

OBJETOS E COISAS: 

  

            No ocidente, a forma passou a ser tratada como um agente com o poder de criar desígnios vazios de significado anterior. 

            A diferença entre objetos e coisas: 

Definições encontradas na internet: 

O objeto significa tudo aquilo que possui caráter material e inanimado. (https://queconceito.com.br/objeto ) 

A definição de coisa, de acordo com o dicionário é: tudo o que existe ou possa existir, de natureza corpórea ou incorpórea. (

  

O objeto coloca-se diante de nós como um fato consumado, oferecendo para nossa inspeção suas superfícies externas e congeladas. Ele é defi nido por sua própria contrastividade com relação à situação na qual ele se encontra (Heidegger 1971, p. 167). 

  

  

O objeto surge como um produto final, vazio concentrado em suas formas geométricas, para defini-lo observa-se fatores como massa, cor, formas geométricas e com ele não se dialoga, apenas se analisa esteticamente. 

  

Em seu célebre ensaio sobre A coisa, Heidegger (1971) buscou delinear justamente o que diferiria uma coisa de um objeto. O objeto coloca-se diante de nós como um fato consumado, oferecendo para nossa inspeção suas superfícies externas e congeladas. Ele é defi nido por sua própria contrastividade com relação à situação na qual ele se encontra (Heidegger 1971, p. 167). 

  

A coisa existe num espaço tempo entrelaçado com o nosso, ela dialoga ativamente com o sujeito e com o espaço que habita. 

  

Assim concebida, a coisa tem o caráter não de uma entidade fechada para o exterior, que se situa no e contra o mundo, mas de um nó cujos fi os constituintes, longe de estarem nele contidos, deixam rastros e são capturados por outros fi os noutros nós. Numa palavra, as coisas vazam, sempre transbordando das superfícies que se formam temporariamente em torno delas. (INGOLD, 2012. pg. 05) 

  

Procuramos analisar aqui a estrutura que concebe as coisas como elas são em sua totalidade fluida, o autor nos apresenta vários exemplos de sistemas que formam uma coisa. Uma arvore por exemplo, constituída não apenas por suas partes orgânicas, mas também por seres que nela habitam, outras plantas que nela se instalam, ninhos de pássaros e etc. 

  

Observar uma coisa não é ser trancado do lado de fora, mas ser convidado para a reunião. Nós participamos, colocou Heidegger enigmaticamente, na coisificação da coisa em um mundo que mundifica. (INGOLD, 2012. pg. 05) 

 

Assim como a arvore, outras coisas também construídas por engenharia humana tornam-se coisas ao longe de sua existência, casas, prédios, maquinas e por diante. 

  

VIDA E AGENCIA 

  

Um mundo despido de objetos, passa a ser um mundo repleto de coisas com as quais o universo envolvido interage. 

  

E o mundo que se abre aos habitantes é fundamentalmente um ambiente sem objetos – numa palavra, ASO. Lembremos que, para Gibson, um ambiente sem objetos seria um deserto nu e perfeitamente plano. Em seus termos, somente quando se acrescenta objetos – colocados sobre o chão ou pendurados no céu – um ambiente torna-se habitável. (INGOLD, 2012. pg. 07) 

  

Tratando se da interação dos indivíduos com as coisas, o autor afirma que visto que interagimos com as coisas, elas interagem de volta conosco. E percebemos com meros objetos tomam a forma de coisas quando em movimento com as forças que agem sobre eles, vemos no texto o exemplo de uma pipa no vento, experimento realizado pelo autor com seus alunos, enquanto a pipa estava sobre a mesa inerte, ela era um objeto, quando estava no ar passou a ser uma coisa da qual faziam parte a ação humana de empinar a pipa e o próprio vento que a mantinha suspensa no ar. 

  

E, assim parece, o voo da pipa é resultado da interação entre uma pessoa (quem a empina) e um objeto (a pipa); enquanto tal, ele só pode ser explicado imaginando que a pipa seja dotada de um princípio animador interno, uma agência, que a coloca em movimento, na maioria das vezes contraria a vontade daquele que a empina. (INGOLD, 2012. pg. 09)

  

A fluidez da matéria no que é material e abstrato compreendemos que: 

Com efeito, tomar a vida de coisas pela agência de objetos é realizar uma dupla redução: de coisas a objetos, e de vida a agência. A fonte dessa lógica redutivista é, acredito, o modelo hilemórfico. (INGOLD, 2012. pg. 10)

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