Ritmo

O presente trabalho remete-se ao estudo da atividade rítmica e sua relação com a criança, tendo uma preocupação com o desempenho das mesmas frente as atividades propostas e a forma com que elas relacionam o movimento com o ritmo.

Tentou-se buscar alternativas onde o ritmo fosse vivido espontaneamente, ou seja, que o movimento aliado a música levasse a criança realizar movimentos espontâneos, ou que o movimento levasse a criança a uma adequação rítmica espontânea.

O ritmo é definido por diferentes autores como “percepção e estruturação num tempo, espaço, ordem e dinâmica”. No grego temos a palavra Rhythmos que significa “disposição simétrica em períodos de tempos fortes e fracos um verso ou numa frase”, onde percebe-se a ênfase em uma simetria e repetição.

Para Pallares (1983) apud Taube (1998), “a origem do ritmo esta relacionado aos ritmos orgânicos como a respiração, as pulsações cardíacas, movimentos musculares e também sobre sentimentos e fenômenos psíquicos”.

Assim o ritmo pode ser dividido em espontâneo que é “a localização e estruturação da dimensão temporal, a percepção, criação e expressão de um movimento num desenvolvimento espaço-temporal próprio e natural”; e o ritmo métrico que é “o desenvolvimento de um movimento numa ordenação temporal determinada, onde a forma e a dinâmica do movimento estão adaptados a este tempo”.

Podemos então dizer que ambos os ritmos o espontâneo e o métrico fazem parte do homem e do que o rodeia, sendo o primeiro mais livre e natural e o segundo requer uma necessidade de organização e submissão.

Na relação ritmo/métrica podemos observar que ambos possuem uma organização em tempo, espaço, ordem e dinâmica, mas no ritmo espontâneo o movimento é regido por uma organização espontânea, motora e psíquica do indivíduo, enquanto o movimento métrico é transmitido e imposto por uma natureza externa, fazendo assim que o movimento seja estereotipado.

A metodologia utilizada no estudo foi de caráter qualitativo- interpretativo, com crianças do sexo feminino de idade entre 3 e 6 anos. As formas de coleta de dados foram: observação participante, questionários com as mães das crianças, análise de vídeo, notas de campo e entrevistas informais.

Foram observados três grupos- classes formadas por 10 crianças, onde dois grupos faziam práticas de atividades rítmicas em uma Academia de dança na cidade de Canoas, sendo um grupo constituído de crianças que já praticaram aulas de dança e outro grupo que pela primeira vez estavam tendo essa experiência.

O terceiro grupo era denominado “Criadança”, pois tratava-se de um projeto do Departamento de Ginástica e Recreação da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Este grupo contava com a participação de 5 crianças.

No estudo principal contou-se com 19 crianças do sexo feminino e de idade de 3 a 6 anos, sendo que dessas 19, apenas 4 não participaram do estudo preliminar, o que permitiu uma investigação mais a fundo.

Após analisar os quadros de coleta dos estudos, podemos inferir que há aspectos que possuem maior ou menor influência no grau de desenvolvimento rítmico da criança. Algumas informações aferidas mostraram mudanças referentes ao desempenho rítmico da criança, sendo dois aspectos que se destacam: a história prévia da criança e os diferentes procedimentos didáticos com ênfase no ritmo espontâneo e no ritmo métrico.

A estimulação musical precoce é um fator muito importante para o desenvolvimento rítmico das crianças, Dalcroze apud Longueras (1942) em seu “Método de educação pelo ritmo e para o ritmo”, criava canções com gestos para despertar a sensibilidade e o desenvolvimento rítmico e musical na criança, por meio do movimento corporal. Assim a estimulação musical despertava nas crianças o sentido temporal, propiciando um melhor desenvolvimento no sentido