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O que é e como se caracteriza o ritmo de suspense nas narrativas infanto

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Por:   •  25/9/2013  •  Seminário  •  4.849 Palavras (20 Páginas)  •  718 Visualizações

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O que é e como se caracteriza o ritmo de suspense nas narrativas infanto

No início dos anos 70 do século passado, inicia-se o chamado boom da literatura infantil brasileira, graças ao fortalecimento do setor editorial, à ampliação do público escolar e, portanto, consumidor e ao apoio governamental a programas de incentivo à leitura, além da preocupação e compromisso dos autores inseridos nessa tendência com a literariedade de seus textos. A partir daí aparecem autores e obras de caráter policialesco que incorporam a “nova fantasia”: o suspense.

Antes de nos adentrarmos à especificidade do tema, contudo, é bom lembrar que Lajolo e Zilberman, em estudo já clássico (1985) identificam quatro vertentes principais ao analisar as obras da literatura infanto-juvenil publicadas a partir dos anos 70 do século passado: a narrativa infantil e tom de protesto (caracterizada pela denúncia dos problemas sociais e sem preocupação estética, ganhando destaque aqui autores como Odete de Barros Mott e Lannoy Dorim); a narrativa infantil em ritmo de suspense (com enredos policialescos ou de ficção científica, destacando autores como João Carlos Marinho, Marcos Rey e Pedro Bandeira); a ruptura com a poética tradicional (em que a poesia rompe com o tradicionalismo pedagógico desde Bilac, com nomes de relevo como Sidônio Muralha, Vinícius de Moraes, Bartolomeu Campos Queirós e José Paulo Pais para citar alguns) e em busca de novas linguagens (talvez a mais rica dessas quatro tendências, em que o experimento com a linguagem atinge níveis de excelência, com Ruth Rocha, Ziraldo, Ana Maria Machado e Sylvia Orthof, para citar alguns). Interessa-nos, contudo, para este trabalho, estudar mais atentamente a segunda tendência citada, as narrativas em ritmo de suspense, em que se destacam autores como João Carlos Marinho, Pedro Bandeira, Marcos Rey, Gizelda Laporta Nicolelis.

Caracteriza ainda essa produção o “desaparecimento” do compromisso com a história oficial e com os conteúdos escolares mais ortodoxos, juntamente com a adesão a uma vertente originada na cultura de massa. A ficção científica e o mistério policial na literatura infantil e juvenil brasileira dos anos 70 não vão encontrar similar na literatura não infantil, de pobre tradição nessa área. Ainda de acordo com as autoras anteriormente citadas, o que identifica certos livros policiais e de ficção científica como infantis é a presença de crianças no papel de detetives ou beneficiários dos poderes oferecidos pela tecnologia científica. Além disso, o ambiente de violência e corrupção visto em livros congêneres para adultos e a fundamentação científica e digressão filosófica, são substituídos ou diluídos para o público infantil, seguindo assim estereótipos como o do pesquisador maluco ou de viajantes extraterrestres.

O aumento do mercado jovem, a bem-sucedida importação de produtos da indústria cultural norte-americana, mais o relativo abrandamento da atitude escolar frente aos livros não imediatamente formativos nem edificantes, permitiram um considerável fortalecimento Até bem recentemente, as narrativas de mistério e suspense têm segurado um público ávido pelo inusitado e pelo enigmático, tanto da história policial, quanto da ficção científica destinadas ao público jovem. (LAJOLO e ZILBERMAN, 1985:141).

2.1 – O suspense: origens

Durante alguns anos de observação, sobre a preferência de leitura de textos literários, do público adolescente e de várias faixas etárias, podemos observar um número surpreendente de leitores assíduos de histórias policiais. Acreditamos que a popularidade desse tipo de romance se deve ao fato de ele propor ao leitor divertimento e participação, desafiando sua inteligência, aguçando sua curiosidade, envolvendo-o de tal modo, que ele só conseguirá abandonar a leitura, após o desvendamento de todos os mistérios.

O temor diante do desconhecido, o assombro que produz a resolução.

De um enigma são traços fundamentais do romance policial. Tudo que produz uma situação perturbadora já é um anúncio do romance policial. Ele está ligado a nossa psicologia, é tão velho quanto o homem. O caçador da pré-história que encurralava uma fera inatingível, com risco de vida, e para vencer imaginava preparar alguma armadilha, assim, já estava vivendo uma história policial. (GOMES, 2007:21)

O genero policial pode ser subdividido em espécies diferentes de narrativa. O romance policial clássico é também conhecido como romance de enigma. Denominação bastante apropriada, uma vez que seu ponto de partida é sempre um enigma que vai atuar como desencadeador da narrativa que só vai atingir seu desfecho com a solução deste enigma inicial. Tzavetan Todorov argumenta em seu artigo Tipologia do romance policial, 1970 que a narrativa policial clássica é composta de duas histórias; a do crime e a do inquérito.

Edgard Allan Poe (1809-1849), o criador da ficção policial, é também, além do criador do gênero, o exemplo mais expressivo da narrativa enigma. Poe abriu espaço a vários tipos de narrativas policiais que surgiriam depois. Ele próprio, em seus contos, escrevia histórias tipo policial de enigma ou romance de detetive, possibilitando o surgimento de outras narrativas.

O grande sucesso da literatura policial foi a obra do inglês Arthur Conan Doyle (1859-1930), criador do grande detetive, Sherlock Holmes. No entanto, um dos personagens mais famosos da literatura universal, de todos os tempos. Podemos dizer que ele é o primeiro detetive verdadeiramente científico, que deixava todos boquiabertos com suas conclusões.

Ainda na linha clássica da narrativa policial estão os romances de Agatha Christie (1891-1976). Na vasta obra da autora, o detetive mais famoso das histórias policiais, depois de Sherlock Holmes, foi Hércule Poirot, que protagoniza a maioria deles.

Em oposição ao romance policial de enigma, surge outro tipo de narrativa, o romance “Série Noire”, ou romance da “Série Negra, ou “romance Negro”“. Esse tipo de narrativa rompe com a estrutura da dupla história e exclui o enigma inicial.

Enquanto o romance enigma atua na esfera do raciocínio matemático que o detetive realiza para caminhar do efeito a causa, ou seja, uma cadáver e certos indícios que vão levar ao culpado, o romance negro é sustentado pela espera do que vai acontecer e a direção que ele toma é da causa ao efeito. (TODOROV, 1970:99)

O romance policial “Serie Negra” tem como criador Dashiel Hamett (1894 – 1961) e como um dos mais expressivos seguidores Raymond Chandler (1896

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