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A Especificidade do Objeto Sociológico

Por:   •  13/11/2017  •  Resenha  •  2.547 Palavras (11 Páginas)  •  295 Visualizações

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  • A Especificidade do Objeto Sociológico

 Entender Durkheim é primeiramente contextualizar-se num período embebido nos ideais da Revolução Francesa e banhado nas inovações positivistas de Comte; ou seja, uma época conturbada de desestruturação das instituições e reformulação dessas e também inovadora acerca dos novos posicionamentos da ciência e de sua função social.

  Vivendo nesse contexto, Durkheim procurou transformar o estudo sociológico em ciência. Partindo da forte influência positivista, o sociólogo deveria se ater a dois pontos de extrema relevância: o objeto de estudo da sociologia e o seu método de estudo.

  Quando falamos de objeto de estudo da sociologia, dissertamos acerca do Fato Social. O fato social é a síntese das consciências coletivas que se exacerbam a elas e, em certo momento, param de sofrer influência criadora e começam a influenciar os indivíduos. O fato social é um produto da coletividade e não se expressa nas ações individuais, pois ele está além da individualidade, mas nas ações coletivas e influenciadas pela coletividade. A sociedade ou a coletividade nasce da formação de um novo ser que é formado pelas partes, no caso o indivíduo, mas não é como elas. Esse “ser” possui consciência própria e é ela que gera os fatos sociais.

  Entender que o Fato Social é produto da coletividade nos ajuda a entender o porquê de Durkheim querer tanto afastar o psicologismo de sua nova ciência. Isso, pois a ciência dos fatos sócias, ou sociologia, não só está apartada da consciência individual, mas também é quem a forma e influencia. A construção do homem dentro da sociedade é um processo que, mediante as convenções, a moral vigente, o cotidiano comum, a educação e diversas outras minúcias da vida coletiva, inserem um novo homem dentro daquele que nasce, ou seja, somos um enquanto nascemos, e o decorrer da vida forma um produto humano completamente novo, reformado e inserido em seu contexto: um novo homem.

  Essa tendência constrange ou condiciona de forma sancionadora o homem, de tal modo que, caso tente se apartar do Fato Social, sofrerá por sua ação. Peter Berger chama isso de Círculos Concêntricos de Controle, que são níveis de controle objetivo e subjetivo da vida social que vão sendo inseridos ao longo da vida e dando rumo ao indivíduo que estaria no centro desses círculos. Tais círculos encontram formas diversas de expressão, como por exemplo as Maneiras de Agir e as Maneiras de Ser, fatos sociais que demonstram a fluidez da força do constrangimento da coletividade, sendo as maneiras de agir mais fluidas e mutáveis, que se mutam frequentemente com o tempo, a época e o momento de maior ou menor convulsão social; e as maneiras de ser mais firmes e cristalizadas, difíceis de serem quebradas como dogmas religiosos, grandes sistemas financeiros mundiais e etc.

  • O Método de Estudo da Sociologia

Partimos agora para o segundo pilar essencial para a formação de uma ciência. Ao abordar o método ou o modo de estudo da sociologia, Durkheim não se ateve a listar um conjunto de experimentos ou práticas empíricas que determinassem resultados perante o fato social; na verdade, o sociólogo se ateve em determinar o como o cientista deveria se portar perante o fato social.

  A necessidade dessa determinação se dava, pois os fatos sociais se agregam ao intelecto subjetivo e às paixões, sendo altamente embebidos de pré-conceitos e pré-juízos por parte de quem entra e se propõe ao fato social. Isso porque a moral, os valores e as tendências sociais do homem não aguardaram o nascimento da sociologia para se manifestarem, eles existem desde a gênese social e estão impregnados ao indivíduo. Por conta disso, o cientista deve se apartar de paixões, pré-conceitos e valores morais impositivos quando ele se propõe a estudar o fato social, para que suas próprias perspectivas não afetem a coisa em si.

  • A Dualidade dos Fatos Morais

  Quando se adentra no Fato Social, quase que automaticamente a ideia de moral vêm à tona. Para ser mais específico, o Fato Moral é o nome específico do que entendemos como moral.

  Esse fato, sendo como um dos mais impositivos, mostra-se como uma das maiores fontes de sanção mediante a conduta desviante. A moral se insere no âmago da convivência e se espalha em todos os setores sociais afetando cada simples ação da coletividade acima do indivíduo.

  Todavia, ao mesmo tempo que ela se mostra impositiva, os indivíduos se mostram desejosos a ela. Atender aos requisitos morais é perceptível aos formadores da coletividade não apenas como necessário para a convivência mas também desejável. É bom e valoroso atender à moral vigente. Gera aprovação e aceitação nos círculos sociais diversos.

  É exatamente nesse ponto que temos a dualidade: Ao mesmo tempo que o Fato Moral se mostrar impositivo ele é também agradável e desejado aos indivíduos aos quais se impõem.

  • Coesão, Solidariedade e dois tipos de consciência.

A partir do momento em que a coletividade se expande, temos um aumento ou otimização da Coesão social. Entende-se coesão a união das partes em prol do todo, chama-se uma sociedade coesa ou com altos níveis de coesão aquela em que seus membros ou as ações de seus membros agem em prol do funcionamento social. Vale-se o destaque que, a coesão pode ser originada tanto das semelhança das partes como por suas diferenças, que abordaremos mais na frente.

 Além disso, temos a noção de Solidariedade. Entende-se solidariedade como o sentimento ou estado de interdependência e pertencimento ao coletivo que nasce tanto da semelhança como da diferença dos indivíduos.

  Para a sociologia de Durkheim, é essencial o entendimento do como as semelhanças e as diferenças, mesmo sendo opostas, podem gerar resultados semelhantes, no caso a Coesão e a Solidariedade. Essa capacidade é fundada em dois tipos principais de consciência:

  •  A Consciência Coletiva: Conjunto de crenças dos sentimentos comuns à medida dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado com vida própria. Ela é uma consciência que se aparta dos indivíduos e os influencia, recobrindo áreas distintas de cada um na medida que a organização e o momento social a permitem ser mais ou menos expressiva. Quanto mais extensa é a consciência coletiva, mais os pensamentos individuais se assemelham, os membros da sociedade se identificam com as semelhanças uns dos outros e a coesão e solidariedade tendem a ser intensificadas.

  • A Consciência Individual: Conjunto de crenças e sentimentos, perspectivas e visões que partem do indivíduo e sua psique. Ela se desenvolve com o desenvolvimento da personalidade e a atrofia da consciência coletiva. Ela promove a especiação das mentes e individualidades permitindo a supremacia do indivíduo e sua singularidade. O sentimento de identificação é substituído pelo de necessidade do outro, a identificação passa a se encontrar no “Eu não-ser” e na potência e habilidade que existe no outro e o eu não possuí; dessa forma, o sentimento de interdependência gerado pela necessidade mediante a apoteose da individualidade gera solidariedade e coesão dando força ao organismo social.

  • Os Dois Tipos de Solidariedade

Mostrar o como a consciência coletiva e a individual conseguem promover a solidariedade e a coesão, demonstra apenas que, em âmbitos gerais, os resultados conseguem fazer a sociedade funcionar. Todavia, as formas de funcionamento, as minúcias e a relações dos indivíduos e que são geradas nos indivíduos tem grande diferença.

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