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A IDENTIDADE E POLÍTICA: MOVIMENTOS SOCIAIS DE IDENTIDADE NA ATUAL CONJUNTURA POLÍTICA

Por:   •  21/11/2019  •  Trabalho acadêmico  •  7.573 Palavras (31 Páginas)  •  182 Visualizações

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IDENTIDADE E POLÍTICA: MOVIMENTOS SOCIAIS DE IDENTIDADE NA ATUAL CONJUNTURA POLÍTICA

Autora: ILANA DRIELE MENDES DA CUNHA LIMA

INTRODUÇÃO

Numa atmosfera de crise política brasileira, tornou-se comum a discussão sobre como essa crise afeta os diversos âmbitos sociais. O confronto social sempre existiu, mas dentro de um contexto onde predomina um sentimento disseminado de crise, vivenciamos as manifestações sociais de formas diferentes, mais expressivas. O imaginário social está mais inclinado aos fatores geradores da crise, e em que pontos essa crise pode interferir no modo de vida das pessoas, no social. Essa inquietude que é causada pelo surgimento da crise torna o cenário cada vez mais propenso à manifestações sociais, visto que ao longo da história as crises, sejam elas políticas ou de quaisquer ordens, sempre foram o estopim para a mudança social. Isso é o que buscam os movimentos sociais na atual conjuntura brasileira. Os movimentos sociais buscam a mudança do contexto social, buscam o novo, nada mais promissor que uma crise, onde também surgem novos caminhos.

Os movimentos sociais correspondem a reivindicações de uma associação voluntária de pessoas, a fim de se obter melhorias para os seus membros. Promover uma mudanças, ou ir contra alguma mudança na ordem social vigente. Alain Touraine, define os movimentos sociais como sendo uma ação conflitante de agentes das classes sociais, lutando pelo controle do sistema de ação histórica (TAURAINE apud GHANEM, 1989). Existem diversos tipos de movimentos sociais, a saber: Migratórios, Revolucionários, Expressivos, Utópicos, Reformistas, de Resistência, dentre outras tipificações.

Os movimentos sociais possuem características ou princípios em comum que os classificam segundo seus objetivos. São três os princípios que definem o movimentos social e o classifica: 1) O Princípio da Identidade, seria a auto definição do ator que se identifica como membro daquela determinada classe de pessoas, ou seja, o ator que o movimento defende, não se confunde, contudo, com os “movimentos sociais de identidade” que serão aqui estudados, pois o Princípio da Identidade se encontra em todos os movimentos sociais, isto porque o indivíduo tem que auto definir como pertencente àquela classe de pessoas, independentemente do tipo de reivindicação ou mudança que almeja, enquanto os movimentos sociais de identidade corresponde a um movimento específico que se norteia a partir de definições da identidade do indivíduo, e suas pautas partem dessa premissa; 2) O Princípio da Oposição, seria a definição ao que se opõe, a nomeação de um adversário ou algo que quer ser combatido; 3) Princípio da Totalidade, o movimento social defendem o interesse de todos que compõem aquela classe social, não importando se aqueles não aderem ao movimentos, ambos serão beneficiados, segundo o que se busca no movimento.

Com base nessas disposições iniciais partimos ao estudo do que se pretende com o presente trabalho, a análise dos movimentos sociais na atual conjuntura política brasileira, especificamente os movimentos sociais de identidade. Tendo em vista a retomada desses movimentos devido à crise política que se instaurou no país, junto com uma crescente onda de conservadorismo, o que proporcionou uma chamada polarização política e social, dando força aos movimentos sociais de identidade que resistem à imposições conservadoras. A primeira parte do trabalho se concentra em fazer um breve reconstruo histórico desses movimentos, na segunda parte nos dedicaremos às peculiaridades dos movimentos atuais.

1 MOVIMENTOS SOCIAIS DE IDENTIDADE

Como dito anteriormente, os movimentos sociais constituem em uma interação de pessoas que se identificam com uma causa em comum, tem o mesmo opositor e possuem as mesmas pretensões. Buscam modificar a ordem existente, e o fazem através de reivindicações propondo mudanças ou resistindo à essas. Os movimentos sociais sempre existiram ao longo da história, propondo modificações significativas, especialmente em momentos de crises.

Com respeito aos movimentos sociais de identidade, estes são conhecidos como sendo movimentos que propõem modificações na ordem social em benefício de um determinado grupo de pessoas que possuem como característica essencial a sua identidade, ou seja, a forma como o indivíduo se define na sociedade, podem ser raça, etnia, nacionalidade, cor ou gênero. Nos ateremos aos movimentos basicamente relacionados aos conceitos de gênero, sendo este, um termo cultural que se refere aos papéis distintos que a sociedade impõe à homens e mulheres (HEYWOOD, 2010).

O gênero está ligado a fatores socialmente construídos de masculinidade e feminilidade, que não é diretamente um algo ligado apenas ao sexo biológico, segundo os sociólogos, o gênero do indivíduo não pode ser definido com tamanha facilidade, eles utilizam o termo sexo apenas para referenciar as diferenças anatômicas e fisiológicas dos indivíduos (GIDDENS, ). Corroborando com este entendimento, tem-se a afirmação da antropóloga Aurelia Martín Casares: “(...) el género es una categoria de análisis científico que se refiere a las cualidades culturales y sociales que se asocian simbólicamente a las personas según las formas de concebir las identidades genéricas (de género) en cada sociedad...” (CASARES apud OLIVEIRA, 2013, p. 27).

Portanto, os movimentos sociais de identidade que surgem a partir de conflitos identitários não são assuntos novos nem tão poucos exclusivos de nossa época, se pôde verificar durante a diáspora do povo judeu no antigo Egito, europeus que migraram para o Novo Mundo, para os nativos que se foram colonizados.

“Feminismos” e Movimento de Mulheres

Um tema sempre recorrente é a relação entre o que seria feminismo e o que seria um Movimento de Mulheres. Para alguns estudiosos, esses espaços são distintos, o feminismo seria, antes de tudo, um movimento de mulheres, pois foi criado para e por mulheres, mas nem todo movimento de mulheres se denomina feminista. Isto porque, existe muito desconhecimento e oposição dentro do próprio movimento de mulheres sobre o que seria feminismo, por questões políticas, muitas mulheres se opõem ao feminismo, portanto “tende-se a considerar o feminismo como parte do movimento de mulheres, mas não como sendo a mesma coisa. São feministas aquelas mulheres e organizações que se definam assim” (SILVA; CAMURÇA, 2013, p.16). Carmen Silva e Silvia Camurça esclarecem

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