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A Metamorfose

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Por:   •  3/11/2013  •  3.400 Palavras (14 Páginas)  •  886 Visualizações

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O objetivo deste trabalho é identificar nas entrelinhas de Franz Kafka sua pretensão em relação à obra A Metamorfose.

Através do comparativo entre o autor e seu personagem principal, bem como a análise do contexto social e histórico, identifica-se certa semelhança entre as decepções de ambos em relação à vida.

Abrangendo sentimentos complexos, desde confusos amores entre irmãos a desapego à própria vida, Kafka retrata de forma trágica e surreal o sofrimento de Gregório.

A Transformação

Numa manhã, ao despertar de sonhos intranqüilos, Gregório Samsa, deu por si metamorfoseado num inseto gigantesco, com dorso duro, ventre castanho dividido em duros seguimentos arqueados e com enumeras pernas, que aparentavam ser frágeis.

Por alguns instantes pensou estar sonhando, mas logo percebeu que estava em seu quarto, e tudo lhe era familiar.

Tentou dormir mais um pouco para esquecer, mas foi impossível, pois não conseguia virar-se de lado, sua posição predileta de repouso. Clamando a Deus, pensou em seu exaustivo trabalho, onde tinha que viajar constantemente, sem lugar fixo para dormir e comer, e sem a possibilidade de fazer amigos.

Sua rotina diária era árdua, com longas horas contínuas de trabalho. A atividade de caixeiro-viajante era cansativa, bem diferente de outras atividades do comércio. As constantes viagens eram excessivamente cansativas.

Mesmo diante de seu maior desejo, o de pedir demissão, não tinha coragem para fazê-lo, pois trabalhava para um credor de seu pai, e via isso como uma obrigação.

Diante de sua situação de homem-inseto, caiu em desespero, lembrando a todo instante da necessidade de cumprir com suas obrigações no trabalho, e conseqüentemente com a família. Após a falência de seu pai, tornara-se o único provedor do sustento da casa.

Apesar de sentir-se bem, embora com muita fome e sono, pensou em contatar a empresa e alegar uma doença qualquer, mas logo lembrou que a história seria rapidamente averiguada junto ao médico da previdência, e este, que rotulava todos os trabalhadores como sendo falsos doentes preguiçosos, desmentiria sua versão.

Com o passar dos minutos, as cobranças começara a surgir em sua porta. A primeira a indagar Gregório sobre suas obrigações com o trabalho foi sua mãe. Logo em seguida, o pai e a irmã. Apesar da abordagem de Grete referir-se a seu estado de saúde, não deixava de soar como uma cobrança.

Ao perceber que sua voz estava alterada, Gregório limitou-se, em poucas palavras, a informar que estava bem e em breve estaria saindo para o trabalho.

Mesmo com a manifestação de preocupação de todos, sentia-se entristecido, pois sabia que ela só ocorria em virtude de ser o único responsável pelo sustento da casa.

Ele tentava acreditar que tudo o que estava ocorrendo nesta manhã não passava de ilusão, e acabaria se desfazendo gradualmente. E que a alteração da sua voz nada mais era do que um resfriado, doença comum para os caixeiros-viajantes.

As novas limitações de Gregório não permitiram que ele se levantasse. No lugar dos braços, pequenas pernas finas e frágeis, e suas costas, um dorso rígido e arredondado.

Diante da preocupação em receber a visita de seu chefe, reuniu todas as forças para jogar-se da cama sem um planejamento muito elaborado. Sua preocupação com o trabalho e demais responsabilidades superava o medo de se ferir em uma queda dessa proporção. Terminou por atirar-se da cama sem pensar em grandes conseqüências ao deduzir que o soar da campainha certamente anunciava a chegada de seu chefe.

Sabia que não poderia ficar acorrentado na cama por ter perdido a hora uma única vez na vida. Seu dorso não era tão resistente quanto pensara o que acabou não gerando muito barulho na queda.

Gregório, atento aos ruídos da sala ao lado, percebeu que o chefe andava de forma inquieta.

Em uma das portas, a irmã sussurrava a ele que o chefe estava lá. Em outra, o pai informava que o chefe queria falar-lhe pessoalmente, e que já não sabia mais como contornar a situação.

A mãe tentava distraí-lo elogiando o profissionalismo de Gregório, e alegando um possível problema de saúde. O chefe até demonstrou uma certa preocupação com a saúde de Gregório, mas lembrou a mãe que os homens desta profissão muitas vezes tem que ignorar indisposições em prol dos negócios.

O grande motivo da visita do chefe não era uma preocupação com a saúde de Gregório, sua preocupação maior era com os recentes pagamentos que foram confiados a ele e com seu desempenho insatisfatório nos últimos meses. Estava realmente receoso com os possíveis prejuízos.

Diante destas afirmações absurdas, Gregório gritou de dentro do quarto, tentando argumentar seu empenho e sua dedicação a este emprego.

Todos ficaram assustados com o ruído vindo do quarto. Certamente não era voz humana. Sua mãe, aos prantos, pediu para que Grete chamasse o médico da família. Seu pai, igualmente agitado, pediu para a empregada chamar o serralheiro, pois nessa situação Gregório não teria condições de sair do quarto sozinho.

Gregório percebeu a preocupação de todos e sentiu-se confortável com a manifestação de sua família. Ainda tentando adaptar-se a sua nova realidade, dirigiu-se com muita dificuldade à porta e empenhou-se em rodar a chave na fechadura utilizando a boca. Percebera que não tinha dentes, mas que suas mandíbulas eram fortes e muito úteis. Sem importar-se som o fluído que escorria de sua boca, apenas ateve-se em destrancar a porta.

Assim que abriu a porta, Gregório deparou-se com seu chefe, que com uma expressão de horror foi cuidadosamente recuando em direção à porta de saída. A reação de sua mãe foi o desmaio. Seu pai primeiramente demonstrou raiva, como se quisesse obrigá-lo a voltar para o quarto com um murro, mas esta raiva logo deu lugar ao desespero, exteriorizado através de um choro compulsivo.

Gregório, diante deste caos, informou da forma mais calma e clara possível que se vestiria, arrumaria suas amostras e logo sairia para cumprir com suas obrigações. Ainda chateado com as afirmações do chefe, demonstrou que, diferente do que ele imaginava, era um funcionário dedicado e tinha muita vontade de trabalhar. Pediu inclusive para que ele, ao regressar ao escritório, relatasse o ocorrido, informando que mesmo debilitado, estava disposto a cumprir com suas obrigações. Fazia questão de honrar sua dívida de lealdade com o patrão e o compromisso com o sustento de sua família.

A preocupação com sua posição na firma era grande. Dirigiu-se à sala,

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