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A Midia E A Violência Contra A Mulher

Trabalho Universitário: A Midia E A Violência Contra A Mulher. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  23/8/2014  •  3.069 Palavras (13 Páginas)  •  309 Visualizações

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3. O Fenômeno da Violência contra Mulher

Na discussão acima apresentada, foi possível verificar que o “fenômeno” da violência contra a mulher não é algo contemporâneo e nem endêmico. Foi e é construído de forma ideológica para dominação de determinados grupos nos remetendo a uma afirmação. Vivermos numa sociedade constituída por desigualdade de classe, de gênero e de raça/etnia, esta última referindo-se obviamente à história supremacia de brancos em relação às outras etnias.

Tendo estas assertivas como norteadoras de nossa discussão, podemos nos aproximar da temática violência contra a mulher com mais clareza, já que estamos tratando daquelas que são, em geral, dominadas e exploradas historicamente. Podemos então, tratar da questão em si, e nos perguntarmos quando e por que a violência contra a mulher acontece.

Sobre tal indagação Saffioti e Almeida(1995) afirmam que:

“a organização social de gênero, que se traduz por relações hierarquizadas e desiguais, modeladas a partir da diferenciação social dos sexos, embora mutáveis e reatualizadas continuamente, encerra em si mesma uma dimensão de violência. Sua expressão sob a forma de agressão física representa o ápice, a exacerbação do exercício do poder do qual se revestem tais relações”.

O que se pode deduzir sobre a afirmação das autoras supra referidas é que, o fato de vivermos numa sociedade desigual por si só já se configura uma situação de violência contra aqueles que são subsumidos em detrimento de outros.

Esta relação se adensada quando esta mulher é negra, pobre e favelada e acabam sendo violentadas em varias estancias como já exemplificada. Elas também são as maiores vítimas de assassinatos de mulheres no país. Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2011, demonstra que 60% das mulheres assinadas no Brasil eram negras.

A pesquisa mostrou ainda que estas ocupavam os piores lugares na divisão política e social do país. Deve-se destacar a grande dificuldade de inserção aos melhores postos de trabalho, renda igualitária, e também ao acesso aos serviços públicos. Isso revela a existência de um racismo institucional e não somente ao já comprovado racismo interpessoal.

Os dados do estudo divulgado em 2014 pelo Ipea, revelam também que os negros ganham 36% menos que os brancos, mesmo possuindo a mesma qualificação. Quando se observa apenas a remuneração das mulheres negras, a diferença com os ganhos dos brancos sobe para 40%.

No âmbito da saúde, as mulheres negras na condição de gestantes fazem menos exames pré-natais, e suas consultas são mais curtas, porque os médicos "preferem não tocar no corpo" dessas mulheres ou então para encurtarem o tempo de atendimento realizam os procedimentos de modo inadequado.

A pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (Nepem) da Universidade de Brasília (UnB), Bruna Cristina Pereira, apresentou dados em sua tese de mestrado, que provam que “a cor da pele interfere no relacionamento com o parceiro, com a família e gera situações de violência”. Esse processo consiste num fenômeno inerente à opressão patriarcal e a existência de culturas machistas e horrorosas em diferentes sociedades, revelando que o poder disciplinador tem uma cor que é a branca. Segundo a pesquisa de Bruna, há um modelo da mulher ideal, na sua grande maioria, brancas (típica europeia), cabelos lisos e loiros, narizes finos, bochechas rosadas, olhos verdes e axilas claras. Esta cor está atrelada ao sucesso profissional, familiar e artístico. Quando negras, na sua maioria estão atreladas ao turismo sexual, (exemplo disse é nosso carnaval). No que se refere ao profissional, 80% são profissionais subalternizados (empregadas domesticas) na real e na ficção (novelas sempre tem uma negra servindo os brancos). Tal exemplificação atribuímos ao embranquecimento cultural que o Brasil apregoou após abolição dos escravos incutido através da mídia e outros aparatos ideológicos que o Brasil não é negro, mas sim europeu.

A autora, Marilena Chauí nos trás algumas reflexões a cerca do assunto abordado quando diz que:

“(...) a violência consiste no ato físico, psíquico, moral ou político pelo qual um sujeito é tratado como coisa ou objeto. A violência é a brutalidade que transgredi o humano dos humanos e que, usando a força, viola a subjetividade (pessoal, individual, social) reduzindo-a à condição de coisa (Chauí, p.123)”

No que ser refere à condição de “coisa” como colocado pela autora supracitada, a violência sexual seguido de morte, podemos considerar o ápice do desrespeito do homem conta a mulher. O Brasil lidera como um dos países América Latina de estrupo conta mulheres seguido de morte e isso tem ainda um recorte de classe. Dentre essas mulheres a mulher negra é a mais violentada.

Historicamente a dificuldade da mulher negra está na ausência de representação nos movimentos sociais hegemônicos. Enquanto as mulheres brancas equiparam seus direitos civis com os homens brancos, mulheres negras levam consigo o peso da escravidão, se colocando como subordinadas. A partir dessa percepção, a conscientização a respeito das diferenças femininas foi ganhando cada vez mais espaço até chegar ao movimento feminista, que na sua fundação se recusava a discutir a questão racial como um fato específico dentro da questão geral das mulheres, por considerar que isso apenas dividiria a luta. Porém, sem prejuízo da aliança entre as feministas, consolidou-se o reconhecimento que a opressão atinge de forma diferente as mulheres negras.

Nessa discussão, verificamos que os meios de comunicações em muito contribuem com esse fenômeno de violência contra a mulher, quando o mesmo reforçam praticas violentas enraizados na nossa sociedade, através de comerciais, novelas e programas de humor, (com cenas de agressão, comportamentos discriminatórios e apelativos ao chamado sexo frágil). Diante disso, é disseminada uma prática violenta “aceitável” e “normal” sobre a mulher.

“A dimensão publica assumida pela violência no Brasil, nos últimos anos, tem levado a “banalização do mal”, expressão cunhada por Hanna Arendt”. “A imagem do mal banalizado é construída a partir de outras imagens expressas em palavras como chacina, massacre, guerra civil tácita”. “Estas imagens, por sua vez, são referidas a fatos, como o da indistinção entre crime e polícia, ou a ideias, como as de crise ética, fraqueza da sociedade civil, debilidades das instituições políticas”. “Imagens e ideias elaboradas a partir da “banalização

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