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A Sociedade Humana Como Objeto De Estudo

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Por:   •  1/10/2013  •  3.537 Palavras (15 Páginas)  •  1.190 Visualizações

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Você certamente já leu ou ouviu algum tipo de referência à Sociologia

Sabe talvez que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso,

que governou o Brasil durante dois mandatos consecutivos, entre 1995 e 2002,

é sociólogo por formação acadêmica e profissional.

Da mesma forma que você, muitas pessoas já ouviram falar dessa ciência social.

Mas poucas seriam capazes de responder: de que trata a Sociologia?

Qual éseu objeto de estudo? Para que serve aprofissão de sociólogo?

Para responder a essas perguntas, vamos contar uma história verídica que ocorreu na França entre os séculos XVIII e XIX. o fascinante caso

do “menino selvagem deAveyron”.

o “menino selvagem” de Aveyron

Em 1797, um menino quase inteiramente nu foi visto pela primeira vez perambulando pela floresta de Lacaune, na França. Em 9 de janeiro de 1800, foi registrado seu aparecimento num moinho em Saint-Sernein, distrito de Aveyron. Tinha a cabeça, os braços e os pés nus; farrapos de uma velha camisa (sinal de algum contato anterior com seres humanos) cobriam o resto do corpo. Sempre que alguém se aproximava, ele fugia como um animal assustado.

Era um menino de cerca de 12 anos, tinha a pele branca e fina, rosto redondo, olhos negros e fundos, cabelos castanhos e nariz comprido e aquilino. Sua fisionomia foi descrita como graciosa; sorria involuntariamente e seu corpo

estava coberto de cicatrizes. Provavelmente abandonado na floresta aos 4 ou 5 anos, foi objeto de curiosidade e provocou discussões acaloradas principalmente na França.

Após sua captura, verificou-se que Victor (assim passou a ser chamado) não pronunciava nenhuma palavra e parecia náo entender nada do que lhe falavam, Apesar do rigoroso inverno europeu, rejeitava roupas e também o uso de cama, dormia no chão sem colchão. Loconiovia-se apoiado nas mãos e nos pés, correndo como os animais quadrúpedes.

Um olhar sociológico

Victor de Aveyron tornou-se um dos casos mais conhecidos de seres humanos criados livres em ambiente selvagem.

Médicos franceses, como Jean Étienne Esquirol (1 772-1 840) e Philippe Pinel (1 745-1 826), afirmavam que o menino selvagem sofria de idiotia, uma deficiência mental grave. Segundo eles, teria sido essa a razão pela qual os pais o haviam abandonado.

O psiquiatra Jean-Marie Gaspard ltard, diretor de um instituto de surdos-mudos, não compartilhava da opinião dos colegas. Quais as conseqüências, perguntava ele, da privação do convívio social e da ausência absoluta de educação para a inteligência de um adolescente que viveu assim, separado de indivíduos de sua espécie?

tard acreditava que a situação de abandono e afastamento da civilização explicava o comportamento diferente do menino. Discordava, assim, do diagnóstico de deficiência mental para o caso.

No livro A educação de um homem selvagem, publicado em 1801, ltard apresenta seu trabalho com o menino selvagem de Aveyron, descrevendo as etapas de sua educação: ele já é capaz de sentar-se convenientemente à mesa, tirar a água necessária para beber, levar ao seu terapeuta as coisas de que necessita; diverte-se ao empurrar um pequeno carrinho e começa também a ler. Cinco anos mais tarde, Victor á fabricava pequenos objetos e podava as plantas da casa. Com base nesses resultados, ltard reforçou sua tese de que os hábitos selvagens iniciais do menino e sua aparente deficiência mental eram apenas e tão-somente resultado de uma vida afastada de seus semelhantes e da civilização.

A partir de sua experiência com o menino, ltard formulou a hipótese de que a maior parte das deficiências intelectuais e sociais náo é inata, mas tem sua origem na falta de socialização do indivíduo considerado deficiente, na falta de comunicaçáo com seus semelhantes, especialmente de comunicação verbal. Aproximando- se de uma visão sociológica, o pesquisador concluiu que o isolamento social preludica a sociabilidade do indivíduo. Ora, a sociabilidade é o que torna possível a vida em sociedade.

O caso do menino selvagem de Aveyron mostra que o ser humano é um animal social por excelência, como afirmava o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.). Sua vida só adquire sentido na relação com outros seres humanos (veia o boxe a seguir).

Vivendo com lobos

Você certamente já ouviu falar de Mogli, o menino-lobo. Trata-se de uma criação literária do escritor anglo-indiano Rudyard Kipling (1865-1936). Na história de Kipling, Mogli é um menino inteligente e sociável, que se dá muito bem com os animais e também com os seres humanos. Mogh é um personagem fictício, criado pela imaginação do autor. Mas o que aconteceria realmente a um ser humano, caso fosse criado entre lobos?

A história a seguir pertence à vida real e mostra como o personagem Mogli está longe de refletir a realidade.

Duas meninas, Amata e Kamala, foram descobertas em 1921, numa caverna da tndia, vivendo entre Lobos. Essas crianças, que na época tinham quatro e oito anos de idade, foram confiadas a um asilo e passaram a ser observadas por estudiosos. Amala, a mais jovem, não resistiu à nova vida e Logo morreu. A outra, porém, viveu cerca de oito anos.

Ambas apresentavam hábitos alimentares bem diferentes dos nossos. Como fazem normalmente os animais, elas cheiravam a comida antes de tocá-la, dilaceravam alimentos com os dentes efaziam pouco uso das mãos para beber e comer. Possuíam aguda sensibilidade auditiva e o olfato desenvolvido. Locomoviam-se de forma curvada, com as mãos apoiadas no chão, como o fazem os quadrúpedes. Kamala levou seis anos para andar deforma ereta. Notou-se também que a menina não ficava à vontade na companhia de pessoas, preferindo o convívio com os animais, que não se assustavam com sua presença e pareciam até entendê—la.

(Adaptado de: A. Xavier Telies. Estudos Sociais. São Paulo, Nacional, 1969. p. 115-6.)

Assim como no caso do menino de Aveyron, a experiência das duas crianças criadas entre lobos na Índia mostra que os indivíduos só adquirem características realmente humanas quando convivem em sociedade com outros seres humanos, estabelecendo com eles relações sociais.

Outro personagem célebre, surgido da imaginação do escritor norte-americano Edgar Rice Burroughs (1875-1950),

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