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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

Trabalho Escolar: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  23/9/2014  •  2.129 Palavras (9 Páginas)  •  876 Visualizações

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RESUMO

A Língua Brasileira de sinais pode ser entendida como sendo um conjunto de elementos lingüísticos, autêntico e congênito utilizado pela comunidade surda brasileira. No intuito de se transmitir uma visão global sobre esse tema, fez-se necessário fazer algumas aproximações no que diz respeito à sua história (bem como da história da língua de sinais a nível mundial), suas definições e os aspectos de maior relevância sobre a cultura surda, utilizando-se para tal uma forma de apresentação ordenada e prática. Sendo assim, deduz-se definitivamente ser a Libras um recurso de imensa importância para a comunidade surda, no que diz respeito a sua inclusão no contexto da nossa sociedade bem como no exercício da cidadania por parte dessa comunidade.

Palavras-chave: Comunidade Surda. Sociedade. Cidadania.

1 INTRODUÇÃO

A necessidade de se comunicar sempre esteve presente na história do gênero humano, que de acordo com as circunstâncias apresentadas se serviu das mais variadas formas de expressão para tornar possível a comunicação com o seu semelhante.

Dentro desta perspectiva percebe-se que a língua de sinais constitui-se numa prática utilizada pelas comunidades surdas com o objetivo de estabelecer uma comunicação entre as mesmas e que surge de forma natural e espontânea, não se constituindo numa prática inventada para um determinado objetivo, mas como algo que evolui como parte de um grupo cultural, que é o povo surdo. Percebe-se também que a importância da língua de sinais não se resume apenas em tornar possível a comunicação entre o povo surdo, mas também – e possivelmente a sua característica que possui maior relevância moral – tornar possível a inclusão desse povo no contexto da sociedade da qual fazem parte.

O presente trabalho tem como primeiro objetivo abordar de forma inteligível os principais aspectos históricos da educação dos surdos, levando-se em conta que a mesma constituiu-se num processo lento e que no nosso país acompanhou o mesmo padrão seguido pelo resto do mundo. Destacando os conceitos básicos da nossa língua de sinais, procuramos transmitir de que forma ela se apresenta e como é utilizada pela comunidade surda. E, por fim, dando ênfase aos aspectos da cultura surda podemos perceber como o povo surdo se comporta no meio social, bem como de que maneira a sociedade assimila os valores e normas adotados por este povo dentro do seu contexto.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS

O percurso social dos indivíduos surdos sempre esteve subentendido de forma dialética com a formulação da idéia de homem e cidadania na decorrer da história. Por exemplo, nas civilizações grega e romana os indivíduos surdos não eram poupados da sua condição adversa, o que às vezes custava-lhes a vida. Em outras civilizações, o indivíduo que possuía deficiência auditiva era tido como um ser anormal, maldito ou vítima de algum pecado.

Mais tarde, porém, percebe-se um reconhecimento no contexto dos surdos, admitindo-se que não existe surdez absoluta e que os restos auditivos podem ser utilizados e trabalhados.

Dentro desta perspectiva, observam-se alguns acontecimentos que contribuíram de forma significativa, no que tange ao reconhecimento e inclusão dos indivíduos surdos no contexto social.

Um surdo é ensinado a falar de forma clara, fato este ocorrido no ano de 637 d.C. pelo bispo John of Bervely e que foi concebido como um milagre pela população daquela época, porém com um inconveniente: considerando-se que muitos métodos e técnicas perderam-se no tempo, ficou-se sem saber ao certo qual o procedimento utilizado para tal e a igreja toma para si a autoria desse fato.

No ano de 1755 é fundada a primeira escola pública para o ensino dos surdos em Paris pelo abade Charles Michel de L’Epée. O português Jacob Rodrigues Pereira obtém um renomado progresso desenvolvendo um método de ensino da fala e exercícios auditivos.

Um grande marco na história dos surdos foi a realização de dois congressos na cidade de Milão, tendo como objetivo debater e alcançar possíveis soluções favoráveis na âmbito da educação dos surdos: o primeiro desses congressos ocorreu em 1872 e determinou que o método mais apropriado para a comunicação do pensamento humano é a língua oral, chegando-se à conclusão de que os indivíduos surdos fossem orientados de forma apropriada, poderiam fazer a leitura labial e desta forma falar, e que a língua oral traria um maior desenvolvimento intelectual, moral e lingüístico.

Em 1880 acontece o segundo congresso, provocando uma imensa mudança na história dos indivíduos surdos, conduzido por um grupo de ouvintes que tomou a iniciativa de abolir de forma definitiva a língua gestual, tornando-se o oralismo o método oficial de Educação dos surdos. Também foi debatido que os governos deveriam tomar providências que garantissem o acesso à educação aos surdos.

Percebe-se que este segundo congresso consistiu-se num grande avanço na trajetória histórica da educação dos surdos: acreditando numa possível normalização dos surdos, a filosofia oralista preconizava a integração e o convívio dos portadores de surdez com os ouvintes somente através da língua oral. Buscando-se uma equivalência com o ouvinte, dá-se prioridade ao ensino da fala como centro do trabalho pedagógico. Como o fato de aprender a falar tem um peso maior do que aprender a ler e a escrever, o surdo é considerado como deficiente auditivo que precisa ser curado.

É aponta por Jacinto (2001) que com a valorização da modalidade oral, o oralismo torna-se hegemônico e a língua de sinais é considerada tradicional e ‘acientífica’. De acordo com essa concepção, o uso dos sinais levaria a criança surda ao comodismo, desmotivando-a para a fala e condenando-a a viver numa subcultura.

O segundo Congresso de Milão apresentou um caráter decisivo, no sentido em que diretores renomados de escolas da Europa propuseram acabar com o gestualismo e dar prioridade à palavra viva.

2.1.2 História da Educação dos surdos no Brasil

A educação dos surdos no Brasil acompanhou o mesmo modelo seguido pelo resto do mundo no que diz respeito à sua forma de atuação. De início, a primeira preocupação se dava no sentido de se trabalhar os aspectos da fala, imprimindo-se esforços intencionados à possibilidade de se fazer

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