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Autogestão como fator diferencial para o amadurecimento da cultura da Segurança do trabalho: O caso da cooperativa Vinícola Garibaldi

Por:   •  2/5/2018  •  Artigo  •  4.207 Palavras (17 Páginas)  •  193 Visualizações

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VI Encuentro Internacional “La Economia de los/as Trabajadores/as”

Eixo: La Autogestión como prática y como proyecto alternativo

Autogestão como fator diferencial para o amadurecimento da cultura da Segurança do trabalho: O caso da cooperativa Vinícola Garibaldi.

Sueline Souza

Alessandra B Azevedo

AVALIAÇÃO DA CULTURA DA SEGURANÇA LABORAL NA COOPERATIVA VINÍCOLA GARIBALDI – RS

Resumo

Este artigo por finalidade apresentar os resultados da pesquisa sobre avaliação do estágio de maturidade da cultura da segurança laboral realizado na Cooperativa Vinícola Garibaldi, quando   foram aplicados formulários junto aos trabalhadores, realizadas entrevistas com o Diretor Executivo, o Técnico em Segurança no Trabalho  e o  Supervisor de meio Ambiente. Junto ao formulário de avaliação da cultura da segurança laboral foi aplicado ainda a ferramenta de Corllet para identificar possíveis deficiências ergonômicas que possam estar causando dores ou desconforto aos trabalhadores de modo a  culminar a posteriore com doenças de cunho ocupacional.  Através desta pesquisa identificou-se que a Vinícola tem buscado integrar gestão da qualidade, gestão da segurança laboral e seus riscos e gestão ambiental, de forma que  estes fatores concorrem para uma melhor produção que reflete-se no desenvolvimento do empreendimento e por conseguinte no desenvolvimento local. Chegando-se a conclusão de que a Cooperativa encontra-se em estagio de maturidade proativo, algo extremamente positivo, pois denota uma preocupação com a temática da segurança em âmbito mais extenso, que extrapola o mero cumprimento das disposições legais e medidas de remediação, neste empreendimento investi-se em prevenção.

Palavras chave: Cultura da Segurança laboral; Saúde e segurança no trabalho; Cooperativismo; Vinícola.

1. INTRODUÇÃO

Este artigo constituí-se em resultado de um processo de pesquisa na Cooperativa Vinicola Garibaldi,situada na cidade de Garibaldi no Rio Grande do Sul. Fundada em 1931 por 73 agricultores.  O objetivo principal desta imersão foi avaliar como a autogestão contribui para a maturidade da cultura da segurança laboral no empreendimento, tendo por abordagem metodológica uma avaliação qualitativa, cujo os métodos de coleta de informações, alecerçaram-se na aplicação de formulários junto aos trabalhadores, realização de entrevistas semiestruturadas com dirigentes e observação não participante.

Tal avaliação justifica-se para demonstrar a relevância que a saúde e segurança no trabalho possui dentro do movimento cooperativo, tendo em vista a aplicação do princípio de que o ser humano é o fator mais importante para o cooperativismo, contrapondo portanto a lógica capitalista. Posto as questões norteadoras propostas foram: Como a dimensão da saúde e segurança no ambiente laboral é tratada pelo empreendimento, quais as motivações e ações para atuação nessa área e como a autogestão contribui para o desenvolvimento da cultura da segurança do trabalho?  

Observou-se neste processo que a autogestão é um fator importante para o desenvolvimento de um ambiente de trabalho seguro além de estimular o comprometimento dos trabalhadores com a cooperativa. Chega-se a conclusão portanto, que a cooperativa vê a autogestão como um modelo de organização do trabalho integrador e que favorece a participação e o envolvimento do trabalhador com aspectos individuais do seu trabalho e tambem com o negócio como um todo.

A saúde e segurança do trabaho é vista  como um investimento proritário a medida que interfere diretamente em seu processo produtivo, além do que o mercado altamente competitivo como o de produção de vinhos, requer adequações e cumprimentos de normas e diretrizes, o que impulsiona ainda mais na preocupação com o trabalhador. A Vinícula Garibaldi, demonstra uma preocupação com aspectos de segurança laboral, há aspectosindividuais que precisam ser fortalecidos, sendo necessário um processo de conscientização que admite-se não ser fácil de alcançar, mas que encontra-se com toda certeza num estágio de amadurecimento crescente.

  1. METODOLOGIA

                O estudo foi realizado entre os dias 07 e 17 de novembro de 2016, num processo de imersão diária de 09 horas. A aplicação  do questionário teve por base o estabelecimento de amostra de pesquisa, tendo por parâmetro o requisito da acessibilidade.

                Foram realizadas entrevistas com o Diretor Executivo, o Sr. Alexandre  Angonezi, com o Técnico de Segurança, o Sr. Valmir  R. de Almeida e com o Supervisor  de gestão de Meio ambiente, o Sr. Mário Gandine.

Foram aplicados 33 formulários para avaliação da Cultura da Segurança, concomitante a este foi aplicada a ferramenta de análise ergonômica de Corllet, com os trabalhadores que declararam possuir algum tipo de dor ou desconforto durante ou após a realização de suas atividades laborais, totalizando 14 respondentes. A finalidade deste último formulário, era identificar através de áreas corporais que apresentam dor, possiveis lesões físicas que possam progredir para um estado de adoecimento do trabalhador. A ferramenta também chamada de mapa da dor, dá aos trabalhadores a opção de escolher a parte do corpo a qual sente dor ou desconforto e atribuir uma escala de intensidade, sendo 1 – nenhuma dor, 2 – dor leve, 3 -  dor moderada, 4 – muita dor e 5 dor insuportável.  

Além destas ferramentas foi realizado o processo de observação não participante no qual tive a oportunidade de conhecer as instalações da fábrica, seu funcionamento realizando registro fotográfico. Destaca-se que houve a participação como ouvinte em reunião da CIPA, realizada  no dia 09 de novembro, o que permitiu conhecer um pouco mais da atuação dos trabalhadores no âmbito da SST.

  1. Conhecendo a metodologia aplicada nos formulários de avaliação da cultura da segurança[1].

Os possíveis estágios de maturidade  a serem identificados nesta pesquisa foram : patológico, reativo, burocratico, proativo e sustentável, tendo por base a avaliação de cinco fatores organizacionais a saber: informação, aprendizagem,  comunicação comprometimento  e  envolvimento dos trabalhadores[2].

Verique abaixo explicação sobre os fatores avaliados e os estágios de maturidade[3].

  1. Fatores avaliados 
  • Informação: Fator relacionado a confiança depositada  pelos trabalhadores na organização, o que lhes permite relatar erros, acidentes e/ou incidentes ocorridos. Relaciona-se ainda aos indicadores utilizados pela gerencia para monitorar o desempenho da segurança  no trabalho. Para o autor,  as confiança do trabalhador na organização é fundamental para a  formação desta cultura.
  • Aprendizagem organizacional: Corresponde a forma como o empreendimento trata as informações, como analisa os acidentes ou incidentes ocorridos e as tratativas  adotadas. Este fator abrange ainda a transmissão de informações a cerca da temática da segurança laboral aos trabalhadores, primando pela continua melhoria da segurança no ambiente de trabalho.
  • Envolvimento: Este fator relaciona-se a participação dos trabalhadores no âmbito das questões concernentes a saúde e segurança no trabalho, seja ela na identificação e análise dos riscos, análise de acidentes e/ou incidentes, propostas de ações preventivas ou corretivas, até a revisão, elaboração e implementação de procedimentos relacionadas as atividades, planejamento e participação em eventos, encontros, comitês e conselhos que discutam a temática da SST.
  • Comunicação: O fator comunicação avalia a existência de um canal aberto entre trabalhadores e gestão, bem como a forma, conveniência e momento em que a comunicação é feita, avaliando-se a adequação do que se é transmitido e compreensão por parte dos trabalhadores, bem como monitoramento da efetividade da mesma.
  • Comprometimento: Este fator tem por base a proporção dos recursos alocados para atender as demandas da gestão da segurança (tempo, dinheiro e pessoas),  existência de um sistema de gestão de segurança no trabalho, definição de responsabilidades, estabelecimento de políticas de treinamentos e qualificações, aplicação de sanções e realização de auditorias. Salienta-se que para que haja comprometimento deve-se ultrapassar o discurso, havendo coerência entre o que está escrito, o que é dito e o que é praticado.
  1. Estágios de maturidade da cultura da segurança 
  • Patológico: Neste estágio, não há ações voltadas a segurança no ambiente laboral. O máximo que poderá ser vislumbrado é o atendimento a exigências e determinações legais.
  • Reativo: Um estagio de maturidade reativo, aponta que as ações voltadas a saúde e segurança no trabalho, se dão apenas após a ocorrência de acidentes. Ou seja, constituí-se mais em um processo de remediação, pois busca-se  apenas respostas para as causas dos acidentes, não desenvolvendo portanto ações sistemáticas.
  • Burocrático: Este estágio de maturidade é caracterizado pela quantificação dos riscos, com vistas  a gerenciá-los, não havendo ainda uma visão holística de modo a abarcar saúde, segurança e meio ambiente.
  • Proativo: No estagio proativo há uma antecipação dos problemas. O gestor com base nos valores organizacionais, promove melhorais continuas no tocante a segurança, saúde e meio ambiente. Este é considerado um estágio intermediário, transitório, até que se alcance o estágio sustentável.
  • Sustentável: Nesta etapa, a organização possui um sistema de saúde e segurança integrado à temática ambiental e as atividades são dirigidas para atender tais diretrizes. A organização desta forma está munida de informações que alimentarão e retroalimentarão o sistema, buscando sempre aprimorar os mecanismos de controle de riscos.

  1. RESULTADOS DA PESQUISA

A Vinícola Garibaldi possui uma gestão direcionada para a produção segura e com qualidade sem contudo desrespeitar a sustentabilidade ambiental. Desta forma o seu discurso é ‘produzir o melhor com respeito ao ecossistema e alinhado com  a demanda de consumo, utilizando os recursos naturais de forma inteligente’.

Sua concepção é de uma produção equilibrada sob 4 pilares, a saber: a) socialmente justo ; b) ecologicamente correto ; c)  economicamente viável e d) culturalmente diverso.

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