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Comentários Sobre Globalização e América Latina

Por:   •  18/7/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.400 Palavras (6 Páginas)  •  119 Visualizações

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FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO[pic 1]

ESPECIALIZAÇÃO EM CIÊNCIA POLÍTICA

MATÉRIA: GLOBALIZAÇÃO E AMÉRICA LATINA

NOME DO ALUNO: FELIPE LABRUNA

Trabalho de final de semestre:

No final da década de 80 uma coletânea de diversas ações foram expostas pelo Consenso de Washington (dez regras básicas), com a finalidade de serem ajustadas macroeconomicamente os países em desenvolvimento que passavam por necessidades. Tais medidas foram desenvolvidas por economistas de instituições financeiras localizadas em Washington D.C., a exemplo do Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.  O termo “Consenso de Washington” foi criado originalmente por John Williamson com a finalidade de traduzir o mínimo denominador comum de recomendações de políticas econômicas que estavam sendo cogitadas pelas instituições financeiras baseadas em Washington D.C. e que deveriam ser aplicadas nos países da América Latina, tais como eram suas economias em 1989. Entretanto, é sabido que o uso desta expressão fugiu do controle daquele que a inventou e hoje pode ser utilizada para exemplificar todo um conjunto de ações e para justificar políticas neoliberais.

As dez regras básicas do Consenso de Washington podem ser transcritas da seguinte forma: reforma tributária, juros de mercado, câmbio de mercado, abertura comercial, disciplina fiscal, redução dos gastos públicos, abertura comercial, privatização das empresas estatais, desregulamentação (caracterizada por afrouxamento de direitos e obrigações trabalhistas e das leis econômicas) e direito à propriedade intelectual. Neste prisma, muitos países subdesenvolvidos na América Latina passaram a aplicar componentes deste conjunto de medidas, em maior e em menor grau. Alguns críticos deste pacote de regras alegaram que ele trouxe grave desestabilidade econômica. Há quem diga que boa parte das mazelas sociais dos países latino americanos, como a desigualdade de renda, foram acentuadas pela aplicação das medidas contidas no Consenso de Washington. Muitos dos críticos do Consenso de Washington são constantemente associados à antiglobalização e até mesmo ao regime socioeconômico do Socialismo.

À medida que a implantação do Consenso de Washington nos países latino americanos se deu de maneira impositiva por parte do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, foram geradas expectativas de risco à autonomia política e econômica destes países, gerando clara sensação de invasão, inclusive cultural e tecnológico. Tal fenômeno provocou uma inevitável reação à esquerda por parte destes países, reacendendo projetos bolivarianos e levando muitos países da região a discursos e práticas socialistas.

Diversos exemplos de recentes mandatários latino americanos podem ser dados como símbolos da guinada à esquerda resultante da aplicação das políticas neo-liberais na América Latina, dentre eles Hugo Chavez na Venezuela, Pedro Correa do Equador, Evo Morales da Bolívia e Ollanta Humala no Peru. Tais governantes são símbolos de corridas ao nacional populismo com a estatização das empresas que subvencionam o grosso da receita econômica de seus países.

“Em decorrência de tal fenômeno, na passagem do século, na esteira da instabilidade financeira global, as crises de governabilidade se generalizaram, tendo como dois paradigmas divergentes o colapso argentino e o surgimento de um novo projeto político na Venezuela. O neoliberalismo começa a enfrentar resistências, inclusive de forças que anteriormente o haviam apoiado com entusiasmo. O surgimento do Fórum Social Mundial em Porto Alegre e o advento da diplomacia do governo Lula se inscrevem nos marcos de tal realinhamento de forças, enquanto a idéia da ALCA foi enfraquecida na agenda regional. A militarização em curso na América do Sul, inclusive com a instalação de tropas norte-americanas, almeja contribuir para evitar as crescentes crises de “governabilidade”, a consolidação de regimes “nacional-populistas” e os avanços da integração regional de viés autonomista” (VISENTINI, Paulo Fagundes. “O Brasil, a América do Sul e a América Latina/Caribe – Oportunidades e Desafios da Integração”, UFRGS: 2010).

O fato é que até pouco tempo atrás, os fluxos de comércio estavam basicamente concentrados nos domínios dos Estados Unidos, Europa e do Japão e atualmente a China desenvolve um papel central no que tange à economia global. Não há mercado global que esteja independente e livre da regulação e do controle destas potências mundiais, implicando necessariamente em uma reação aos objetivos da governabilidade econômica em vários países conhecidos como emergentes, inclusive os latino-americanos.

A necessidade de expandir seus mercados levou as nações do globo a começarem a se abrir para os produtos de outros países, marcando o crescimento da ideologia econômica do liberalismo. São tidos como os grandes beneficiários da globalização, atualmente, os grandes países emergentes, incluindo o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com grandes economias de exportação, grande mercado interno e cada vez maior presença mundial.

Em linhas gerais, a globalizante é encarada por estudiosos da Ciência Política como um movimento no qual é edificado o processo de hegemonia econômica, política e cultural ocidental sobre as demais nações do globo. Alguns especialistas abordam a globalização como a reinvenção do processo expansionista norte-americano no período pós Guerra-Fria, acompanhada de imposição direta e indireta de modelos políticos (Democracia), ideológico (liberalismo, hedonismo e individualismo) e econômico (abertura de mercados e livre competição).

Desde o início da década de 80 o processo de globalização vem se demonstrando problemático para os países latino-americanos. A baixa capacidade de exportação de tecnologia e a necessidade de sua importação são fatores que demonstram a contínua dependência desde países às economias centrais. Ademais, os altos índices de concentração de renda têm contribuído para limitar os mercados locais.

A temática da integração regional é tratada com vigor a partir da crise global da dívida externa, ocorrida na mesma década de 80. A América Latina apresentava notável debilidade estrutural, no sentido de que a região dependia dos mercados de países industrializados para a maior parte dos seus ganhos de divisas e para as importações requeridas para manter o ritmo da atividade econômica. Dessa forma, a integração regional ofertava diversas escapatórias para vencer a crise, afinal o comércio intra-regional permite no curto prazo a utilização da capacidade instalada e o regionalismo permite o crescimento do comércio externo com menor uso de divisas, já que com a formação de blocos econômicos busca-se o equilíbrio comercial e o uso de mecanismos de pagamento regionais.

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