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Da Colônia à Cidade: Controle Social e Dispersão da Juventude Negra no Espaço Urbano

Por:   •  17/11/2022  •  Trabalho acadêmico  •  5.279 Palavras (22 Páginas)  •  79 Visualizações

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Da colônia à cidade: controle social e dispersão da juventude

negra no espaço urbano

Carll Souza1

João Victor Cordeiro dos Santos2

Elisabeth Maria Oliveira dos Santos3

Beatriz Lima de Freitas4

Resumo:

As práticas sociais de organização do espaço urbano fazem parte de uma rede de

fenômenos historicamente construídos para fundar um projeto de sociedade. Práticas

extremamente organizadas e maquinadas sob à ótica da elite branca brasileira

reproduzem por meio da institucionalidade estatal violências que corroboram com a

perpetuação da exclusão social da juventude negra na dinâmica urbana. Tais processos

de dispersão quando comparados a outros capítulos extremamente violentos que

marcam a história da sociedade brasileira nos revelam as similaridades necessárias para

levantarmos questionamentos sobre como e porque o estado brasileiro desde seu

precedente colonial sustentam um sistema de dominação pautado na desorganização

dos povos afrodescendentes no meio urbano.

Palavras-chave: Antropologia Urbana; Juventude; Territorialidades Negras; Violência.

Introdução

“(...) e dizem que união de preto é quadrilha

pra mim é tipo um santuário”

(DJONGA, 2019).

A faixa interpretada pelo rapper negro belorizontino Djonga traz em sua

interioridade a responsabilidade de apresentar novos sentidos para os processos de

aglomeração e ocupação dos espaços urbanos pela juventude negra.

Agora imagine um sino de escola pública, onde as crianças que brincam no

pátio, ao ouvirem o som emitido já "sacam" que devem voltar para sala de aula 5

depois do intervalo — pausa de geralmente quinze minutos depois de duas aulas de

cinquenta minutos cada. Com a polícia militar na cidade de Fortaleza é do mesmo

1Graduando, Universidade Federal do Ceará (UFC), email: carllbolchevike@gmail.com.

2Graduando, Universidade Federal do Ceará (UFC), email: jvcordeiro@gmail.com.

3Graduanda, Universidade Federal do Ceará (UFC), email: lilicas610@gmail.com.

4Graduanda, Universidade Federal do Ceará (UFC), email: beatrizl.freitas@hotmail.com.

5Equivale a palavra “entendem”.

XXXIII Encontro Nacional de Estudantes de Ciências Sociais (ENECS),

As Ciências Sociais em estado de exceção: discussão de estratégias e práticas frente a ascensão neofascista

14 a 18 de novembro de 2019, Universidade Federal da Paraíba/João Pessoa.

jeito. Quando os mesmos aproximam-se de aglomerações e ocupações de jovens de

periferia no espaço urbano — vide ressaltar, os reggaes, saraus, e bailes

auto-organizados pelos jovens em praças públicas, pólos de lazer e até mesmo em

suas próprias ruas — todos dispersão-se “sacando” que devem voltar para suas

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residências.

Dito isto, salientamos uma das primeiras justificativas que nos levaram a

construir este trabalho. Um curioso caso de batida policial gravado por celulares de

cinegrafistas moradores do Bairro Pirambú esteve circulando durante o mês de

setembro e outubro nas redes sociais. O que nos chamou bastante atenção. Se

quiséssemos atribuir palavras-chave às imagens dos vídeos poderíamos facilmente

propor as palavras: tiros, tumulto, confusão, violência e pânico.

O caso ocorreu na "Praia da Leste", praia localizada no Bairro Pirambú, litoral

oeste da cidade de Fortaleza, no dia 29 de setembro de 2019. Nos vídeos , várias e

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vários jovens correm desesperadamente da praia da leste rumo — a dentro — bairro

Pirambú para fugir da batida policial. No site Pirambú News foi divulgado que a

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batida se deu em um baile funk que acontece a partir das 16:00 horas aos domingos

na praia.

Como afirma Cunha Junior (2019) os espaços urbanos, não foram articulados

e projetados para o pleno gozo da cidadania das populações afrodescendentes —

vide os povos negros.

Tal afirmação, bem como o contato com diversas notícias e matérias do Diário

do Nordeste (2019), Pirambú News (2019), G1 Ceará (2019) de ações policiais em

variados bairros periféricos de Fortaleza nos levaram a questionar e refletir sobre

práticas e ações violentas por parte da polícia militar nas periferias de Fortaleza.

Nossa metodologia se deu em cima de uma análise documental, traçamos um

paralelo entre experiências traumáticas do povo negro no Brasil com o material

catalogado por nós de: casos de jovens assassinados por policiais na cidade de

Fortaleza,

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