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História E Consciência De Classe - O Fenômeno Da Reificação

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Por:   •  2/2/2015  •  3.364 Palavras (14 Páginas)  •  249 Visualizações

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O presente trabalho - a partir das leituras indicadas no programa do curso Teoria Crítica da Sociedade - tem o objetivo de discutir e analisar o artigo O fenômeno da reificação, que se encontra no livro História e consciência de Classe do filósofo húngaro Georg Lukács datado de 1923. Obviamente não tenho a pretensão de esgotar o tema pela limitação de espaço e pela vasta bibliografia disponível, mas versar sobre a ideia principal no artigo, que é a noção de objetivação do sujeito, assim como o fenômeno da reificação e suas implicações no contexto em que o pensador desenvolveu a obra, e, por fim, traçar as principais constatações e conclusões do autor sobre o assunto.

O contexto em que ele escreve a obra ainda sente o reflexo de circunstâncias históricas que marcaram o período, como as diversas insurreições operárias ocorridas na Europa, que permitiram a Lukács vivenciar um contexto bastante parecido àquele que levou Karl Marx a expor suas ideias. Soma-se ainda que em sua trajetória de vida, ele aprofundou suas leituras em Engels e Rosa Luxemburgo após a Revolução de Outubro de 1917. Assim, História e consciência de classe se propõe a recuperar a capacidade autorreflexiva que o marxismo havia perdido nos anos de predomínio da Segunda Internacional (MUSSE, 2005). Soma-se ainda ao pleno desenvolvimento do capitalismo bastante presente e vivo na mente das pessoas, o que denunciava a precária condição em que os homens se encontravam.

Obviamente o livro bebe muito na obra de Marx ao trabalhar a questão da mercadoria que surge como um problema central e estrutural da sociedade capitalista em todas as suas manifestações vitais e não como um caso isolado. Georg Lukács busca encontrar a unidade sujeito-objeto idêntico no plano material da história, ou seja, buscar o sujeito real e efetivo na história a partir dos desdobramentos das “figuras” da consciência.

"Em Lukács, o empenho em atualizar o marxismo – empreitada renovada a cada geração tendo em vista o caráter assumidamente histórico dessa vertente – adquiriu contornos próprios. História e consciência de classe estabelece como critério de aferição da pertinência e validade de qualquer obra que se pretenda herdeira do legado de Marx a sua capacidade em desdobrar de forma articulada três tarefas, distintas e entrelaçadas: fornecer um diagnóstico do presente histórico, se posicionar ante a já extensa linhagem do marxismo e conceber uma interpretação original dos textos canônicos dessa doutrina." (MUSSE, 2005).

Também é de fundamental relevância destacar logo de início que as principais preocupações das análises posteriores que se apoiaram em Lukács estão relacionadas com temas estruturais da vida social como o fetichismo da mercadoria (ele realiza esse exame a partir da abordagem que irá fazer do “fetiche” da mercadoria presente em O Capital), a reificação e a razão instrumental.

A influência do texto vai remeter a toda uma geração de críticos da Escola de Frankfurt, bem como a outros filósofos, interessados em compreender o fenômeno da reificação, bem como os seus impactos na consciência. Na esteira do conceito de reificação, desenvolvida por Lukács, autores da primeira geração da escola de Frankfurt (especialmente Max Horkheimer), demonstram como o homem no capitalismo moderno surge como apenas uma peça do processo de trabalho e também do processo social e político.

De tal modo, a atuação meramente mecânica do indivíduo no processo de trabalho se reproduziria por todas as esferas culturais da vida deste indivíduo. Nas palavras do próprio Lukács, a “fragmentação do objeto de produção é também necessariamente a fragmentação do seu sujeito” (LUKÁCS, 2003, p. 104).

Como foi dito, o estudo da reificação assenta-se na análise do fenômeno da alienação e do fetichismo da mercadoria, a reificação como conceito é o desenvolvimento lógico e histórico destes. Entre outras coisas, é por isso que a obra se constitui como um fundamento do marxismo ocidental de intensa inspiração hegeliana – principalmente por recuperar a dialética entre sujeito e objeto - e desenvolve uma postura revolucionária e engajada que foi tema de calorosas discussões desenvolvidas pelas diferentes correntes filosóficas a partir dos anos 30.

Diante disso, é proposto uma tentativa de abstração desse fenômeno em outras esferas da vida social a fim de descobrir na estrutura da relação mercantil o protótipo das formas de objetividade e seus meios correspondentes de subjetividade na sociedade burguesa, visto que, segundo Lukács, a abstração é um produto social, e se considerarmos essa afirmação, seria plausível pensar as relações sociais pelo mercado, pois a forma mercantil vai de modo incondicional determinar uma abstração do trabalho humano que será objetivado nas mercadorias.

Se a essência que permeia todas as relações entre os homens estaria represada na forma mercadoria, é somente a partir daí, no curso da produção capitalista, que o trabalho abstrato passa a influenciar a forma de objetivação dos sujeitos, bem como a relação dos homens entre eles.

Ao nos atermos ao problema da reificação entendemos esse fenômeno social como um produto social dos homens, como objetividade específica na forma de uma segunda natureza. A epígrafe utilizada por Lukács, “ser radical é tomar as coisas pela raiz. Ora, para o homem, a raiz é o próprio homem” (MARX apud LUKÁCS, 2003, p.193), traz um dos pontos mais importantes que serão analisados neste presente trabalho: a preocupação de Lukács em buscar no plano efetivo da história a unidade dialética entre sujeito e objeto, ou como a partir do caráter universal da mercadoria posta na dinâmica da objetividade reificada e a consequente manifestação subjetivada dessa objetividade, seria possível os vários níveis de articulação entre o pensamento e o ser.

Sistematicamente Lukács trabalha na questão de que a essência da estrutura da mercadoria se baseia no fato de uma relação entre pessoas tomar o caráter de uma coisa, de uma “objetividade fantasmagórica". Seria essa uma elaboração da temática da alienação que, passando pelo fetichismo, culmina na elaboração da reificação como uma nova configuração histórica da análise social. Veja como ele pretende chamar atenção aqui para os problemas resultantes do caráter fetichista da mercadoria como forma de objetividade:

"A essência da estrutura da mercadoria já foi ressaltada várias vezes. Ela se baseia no fato de uma relação entre pessoas tomar o caráter de uma coisa (...) que oculta todo o traço de sua essência fundamental: a relação entre homens" (LUKACS, 2003. p.194).

Isso é uma clara

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