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Manifestação Populares

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Por:   •  22/5/2014  •  3.053 Palavras (13 Páginas)  •  181 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

Um espírito de insurreição de massas humanas está varrendo o mundo todo, ocupando o único espaço que lhes restou: as ruas e as praças. Primeiro no norte da África, depois na Espanha com os “indignados”, na Inglaterra e nos USA com os “occupies” e no Brasil com a juventude e outros movimentos sociais. Lutam por trabalho para todos, direitos humanos pessoais e sociais, presença ativa das mulheres, transparência na coisa pública, clara rejeição a todo tipo de corrupção, um novo mundo possível e necessário.

Em primeiro lugar, se trata de um efeito de saturação: o povo se saturou com o tipo de política que está sendo praticada no Brasil, inclusive pelas cúpulas do PT (resguardo as políticas municipais do PT que ainda guardam o antigo fervor popular). O povo se beneficiou dos programas da bolsa família, da luz para todos, da minha casa minha vida, do crédito consignado; ingressou na sociedade de consumo. E agora o que? O povo tem fome, quer ver atendidas outras fomes, não em ultimo lugar, a fome de cultura e de participação. Avulta a consciência das profundas desigualdades sociais que é o grande estigma da sociedade brasileira. Esse fenômeno se torna mais e mais intolerável na medida em que cresce a consciência de cidadania e de democracia real. Uma democracia em sociedades profundamente desiguais como a nossa, é meramente formal, praticada apenas no ato de votar (que no fundo é o poder escolher o seu “ditador” a cada quatro anos, porque o candidato uma vez eleito, dá as costas ao povo e pratica a política palaciana dos partidos). Ela se mostra como uma farsa coletiva. Essa farsa está sendo desmascarada. As massas querem estar presentes nas decisões dos grandes projetos que as afetam e que não são consultadas para nada. Nem falemos dos indígenas cujas terras são sequestradas para o agronegócio ou para a indústria das hidrelétricas.

Querem um Brasil brasileiro, onde o povo conta e quer contribuir para uma refundação do país, sobre outras bases mais democrático-participativas, mais éticas e com formas menos malvadas de relação social. Esse grito não pode deixar de ser escutado, interpretado e seguido. A política poderá ser outra daqui para frente.

2 DESENVOLVIMENTO

No primeiro semestre de 2013, uma série de manifestações populares ocorreu nas ruas de centenas de cidades brasileiras. Tendo inicialmente como foco de reivindicação a redução das tarifas do transporte coletivo, as manifestações ampliaram-se, ganhando um número imensamente maior de pessoas e também novas reivindicações. A violência policial aos atos também contribuiu para que mais pessoas fossem às ruas para garantir os direitos de livre manifestação. Não valeria dizer, por outro lado, que pareça uma revolução, mas também não é, inteiramente ou apenas, uma festa. A manifestação que aconteceu para impedir a fixação do aumento dos R$ 0,20 centavos a mais nas passagens de ônibus não é inovadora. Há anos, desde a nossa desconfiável insurgente democracia, movimentos estudantis vem enrijecendo lutas, cuja minoria participativa é inegável. As manifestações populares –marcaram a cena brasileira colocando milhares de brasileiras e brasileiros nas ruas a clamar pela melhoria dos serviços públicos – parecem ter inaugurado uma nova fase em nossa vida política.

Entre a miríade de bandeiras levantadas pela multidão, destacam-se a exigência por mais qualidade e recursos para educação, saúde e segurança pública, o combate à corrupção, além do controle inflacionário. Pesquisa CNI-Ibope, divulgada no final de julho 2013, mostrou exatamente isso: entre as principais reivindicações apontadas pelos entrevistados estão mais investimentos em saúde (43%), combate à corrupção (35%), segurança pública (20%) e queda da inflação (16%). As manifestações expressa uma ânsia da sociedade brasileira por maior participação e maior controle popular sobre o orçamento público, sobre suas prioridades, sobre os investimentos e recursos da União. Essa é uma questão crassa da democracia. E só a política pode respondê-la.

Como fenômeno social complexo, os atuais movimentos sociais intrigaram analistas que aspirem às interpretações definitivas, haja a vista que a velocidade vertiginosa dos acontecimentos impede inferências sobre as tendências futuras. De todo modo, é intrigante refletir sobre os constrangimentos e as perspectivas abertas pela dinâmica dos movimentos neste tempo de redes sociais ativas. Apesar das manifestações apresentarem-se como a face de uma nova sociedade, de uma nova política, de uma nova esfera pública, suas articulações não tangem perspectivas mais densas do processo político e ideológico da sociedade brasileira. O equívoco começa pela suposição da unidade primordial dos protestos quando, em verdade, há um complexo e fragmentado quadro de demandas esboçadas no interior de organizações, entidades e movimentos sociais dispersos. Constatou-se que a descentralizada originária dá lugar a uma suposta hegemonia oposicionista que, naquele momento, tem edulcorado os telejornais das grandes redes de comunicação. A propósito, sintoma este que desvela um quadro que nos últimos dez anos vêm lentamente ganhando inúmeras pautas e tornando-se objeto de investigação de analistas em sociologia e ciência política. Em Brasília, quando manifestantes violentamente chutaram o prédio do Congresso Nacional, espectadores pareciam torcer para que o mesmo não resistisse aos golpes e caísse de podre. Se as coisas por lá não estão podres, ao menos fedem muito. O descontentamento com o cenário nacional levou às ruas sujeitos de diferentes percursos sociais. O Movimento Passe Livre São Paulo (MPL) chamou mesmo foi para ir até ali na esquina, em passeata pela revogação do aumento da tarifa de ônibus. Mas, a multidão que se foi constituindo nas avenidas vinha com mais fome que os pobres que tem fome na rua. Uma fome velha, sentida, batida, dobrada e redobrada por respeito aos direitos de cidadania plena, pela partilha nas decisões do Estado, por uma vida civil com saúde, trabalho, moradia e educação e, sobretudo, fome de doer entranhas pela moralização na administração política da coisa pública.

O povo descontente tomando as ruas aos borbotões, a ameaça de generalização dos quebra-quebras, a violência desferida contra os espaços de poder constituídos, entre outras coisas, obrigou a imprensa a um movimento de câmera mais solidário com o povo. Diante dos fatos, era preciso soprar com calma a fogueira explosiva em que se transformou o Brasil, de 10 a 21 de junho de 2013. Veículos de comunicação reacionários, como a Veja, apoiaram as manifestações, difundindo temores de ordem persecutória. Muitos aventaram

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