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Movimentos Sociais na Contemporaneidade

Por:   •  16/10/2018  •  Resenha  •  1.469 Palavras (6 Páginas)  •  2.533 Visualizações

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Disciplina: Seminário Avançado II-2018/2

Docente: Profª Drª Suely Dulce de Castilho

Discente: Francisca Ferreira dos Santos

RESENHA

GOHN, Maria da Glória. Movimentos Sociais na contemporaneidade. Revista Brasileira de Educação v. 16, n. 47, maio-agosto 2011.

A obra resenhada é o resultado de uma construção feita à muitas mãos e sistematizada por uma militante dos movimentos sociais desde a década de 1970. Maria da Glória Gohn nascida em 08-02-1947, no município de São Bento do Sapucaí/São Paulo, é Doutora em Ciência Política pela USP (1983), graduada em Sociologia pela FESPSP (1970), Mestre em Sociologia USP (1979). Sua formação é o primeiro passo para sua trajetória pelos meandros da produção e participação nos movimentos sociais, isto torna-se conhecido por meio das suas obras: Movimentos Sociais (2014), História dos Movimentos e Lutas Sociais(2013), Novas Teorias dos Movimentos Sociais (2014), Movimentos Sociais e Redes de Mobilizações Civis no Brasil Contemporâneo (2013) Sociologia dos Movimentos Sociais (2014), Manifestação de Junho de 2013 no Brasil e Praça dos Indignados no Mundo (2014), Manifestações e Protesto no Brasil: Correntes e contracorrentes (2017). Além dos livros mencionados acima, neste artigo: Movimentos Sociais na Contemporaneidade (2011), a autora tem participação intensa nos diversos setores da sociedade nos quais os movimentos sociais protagonizaram mudanças significativas no contexto de Países da América Latina e Caribe tornando-a conhecedora da importância dos movimentos sociais para influenciar a história. Na relação de movimentos sociais e educação, Gohn enfatiza que a educação não se resume à educação escolar, ela vai muito além para outros espaços e para outros saberes denominados de não formal de modo que a aprendizagem ocorre no processo de participação de todas as pessoas e órgãos envolvidos tanto no diálogo e negociações quanto no confronto, pois são nestes momentos que se buscam as superações dos diversos conflitos com uma geração de saberes. A autora neste texto (p. 334 a p.512) procurou mostrar em nove subtemas, a trajetória e as formas de organização que em cada momento e espaço os movimentos sociais foram significativos se organizando e conduzido coletivamente todas as questões que interferem no cotidiano das pessoas. A autora enfatiza que a relação movimento social e educação existe a partir das ações práticas de movimentos e grupos sociais. “Isto ocorre de duas formas: na interação dos movimentos em contato com instituições educacionais, e no interior do próprio movimento social, dado o caráter educativo de suas ações. No meio acadêmico, especialmente nos fóruns de pesquisa e na produção teórico-metodológica.” (GOHN, p.334), conforme a autora no Brasil isso é novidade, porém no exterior já existe há tempos, por meio dos grupos de pesquisa. A partir da década de 1970 essa relação surgiu também no Brasil por meio de associações ativadas, criadas ou já existentes. Na visão da autora os movimentos tiveram papel educativo para os sujeitos por meio de um amplo acervo de pesquisa produzida na época, mais restrita ao eixo São Pulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, porém, os movimentos ocorreram em todo o Brasil. Na América Latina existem lacunas nas publicações e produções entretanto no Brasil, nas últimas décadas encontramos obras de Gohn (2008 e 2009), S. Torrow (1994), Alain Touraine, Castells (1970-1980). Tanto no campo do debate quanto da produção e no meio da educação o tema do movimento social está mais restrito às reflexões, postulando novos referenciais em decorrência das mudanças no cenário sociopolítico. Gohn define o que é movimento social e porque seu estudo é importante, “Nós os encaramos como ações sociais coletivas de caráter sociopolítico e cultural que viabilizam formas distintas de a população se organizar e expressar suas demandas. (cf.. Gohn, 2008).”  a manifestação pode ser direta ou indiretas, estaduais, nacionais, internacionais ou transnacionais, isto é ‘o agir comunicativo’ defendido por Habermas. Para a autora esta é uma das formas de criação e desenvolvimento de novos saberes como produto dessa comunicabilidade, pois os movimentos sociais sempre existiram e sempre existirão, haja vista que aglutinam forças sociais de pessoas e não força-tarefa para uma experimentação social. Os movimentos sociais exprimem energias de resistência ao velho que oprime ou de construção do novo que liberta criando assim identidade para grupos antes dispersos. A autora diferencia uma organização não governamental caracterizando o clássico movimento social que na atualidade possuem identidades próprias, têm opositores e se fundamentam em um projeto de vida e de sociedade, apresentam ideário civilizatório na construção de uma sociedade democrática. Para Gohn as lutas, movimentos e associativismo na América Latina trouxe para a primeira década deste século uma forma contraditória, no agir do ator social nas ações coletivas que cresceram em seus países tais como radicalização do processo democrático e ressurgimento de lutas sociais tradicionais. Retomada do movimento popular urbano e de bairros, cujos conflitos e renovação das lutas sociais coletivas em alguns casos elegeram suas lideranças para cargos supremos na nação. Outros movimentos se articulam em níveis sociais globais ou transnacionais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) no Brasil. Surgem ações coletivas novas em educação no Brasil que são os chamados “bacharelados populares” em espaços chamados de “fábricas recuperadas” em processo auto gestionário. Com base em processo de luta pela identidade destacam-se os movimentos das mulheres e o LGBTTTS. No início deste século fortaleceram-se as ONGs e o terceiro setor, tornando-se mais propositivos e menos reivindicativos ou críticos, as ONGs passam a organizar a população essa organização popular bem como as suas práticas são institucionalizadas por meio de políticas públicas. Gohn, neste texto faz um resumo geral sobre movimentos sociais no Brasil: Antecedentes: a era movimentista ( 1970-1980)-oposição ao regime militar/teologia da libertação/pressão para que direitos sociais fossem garantidos na Constituição Federal de 1988. A partir de 1990- Fóruns Nacionais de Lutas pela Moradia, pela Reforma Urbana, Fórum Nacional de Participação Popular etc. Orçamento Participativo/ Política de Renda Mínima/Bolsa Escola/central de Movimentos Populares/Ética na Política/Ação da Cidadania contra a Fome/transportes alternativos/Caminhoneiros/atos e manifestações pela paz/ grupos de mulheres pela sua atuação na política/movimento dos homossexuais/movimentos culturais dos jovens. A autora enfatiza três grandes movimentos no ano de 1990: dos indígenas, dos funcionários públicos-educação e saúde e dos ecologistas a partir da Conferência Eco 92. O cenário dos movimentos sociais na atualidade no Brasil, na visão da autora para situar a relação movimentos sociais e educação há que se deter nos aspectos conjunturais do campo sociopolítico e econômico nos quais os movimentos estão situados. No campo do associativismo atualmente, essa conjuntura tem algumas características básicas as quais são: movimentos multi e pluriclassistas; atuação em rede e maior consciência ambiental; as políticas neoliberais propiciaram novos atores; diminuição de oportunidade no mundo do trabalho formal; descentralização de operações de atendimento na área social e isto foi uma vitória em prática de gestão pública. Gohn na obra publicada em 2010 traz um panorama dos movimentos sociais em treze eixos temáticos das demandas: habitabilidade na cidade; estatuto da cidade-demandas pela paz; orçamento participativo; movimento em torno do SUS; questões dos direitos; ações sindicais contra o desemprego; questões religiosas; mobilização dos sem-terra; quebradeiras de coco do nordeste; movimentos contra as polítias neoliberais; atos contra reformas das políticas sociais; fóruns da sociedade civil organizada; movimentos das cooperativas populares; mobilização nacional de atingidos pelas barragens; movimentos sociais no setor das comunicações. No texto resenhado a autora pontua fundamentalmente lutas e movimentos pela educação: reitera todas as afirmações anteriores quanto à educação formal e não formal e seu caráter processual e histórico reafirmando a questão da luta pelos direitos fundamentais porque este dá universalidade aos direitos sociais que fazem parte da construção da cidadania pelo seu caráter emancipatório, resgatando a cultura de um povo; de acordo com Gohn a partir da segunda metade do século XX, destaca-se uma relação entre educação e movimentos sociais com as Ligas Camponesas em 1960, a utilização do método Paulo Freire e a relação entre educação no ensino superior e os movimentos sociais. Na década de 1980 a educação popular, as diretas já e encaminhamentos para a Constituição Federal deu visibilidade aos movimentos sociais. O fim do regime militar nos anos de 1990, mudanças políticas e o surgimento das ONGs, o aparecimento do terceiro setor mudou o cenário político afetou os movimentos sociais. As demandas pela educação nos movimentos na educação escolar foram pautadas em diversas lutas: pelo acesso; pela educação infantil; vagas ensino básico; qualidade na educação; gestão democrática; preço das escolas particulares e confessionais; experiências alternativas: articulação entre a educação formal e educação não formal; lutas na educação por melhores salários e condições de trabalho; busca por vagas; lutas contra discriminação de todos os tipos; ensino técnico; programas contra o analfabetismo; educação de jovens e adultos; projetos pedagógicos que respeitem as culturas locais; relação da escola com a comunidade; todas as demandas tiveram como base: eixos e tipos de lutas e movimentos na área da educação não formal/tipos de aprendizagem nas lutas dos movimentos sociais/ movimentos sociais, educação e esfera pública: a questão dos conselhos e OCIPs.

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