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Mulheres em Movimento

Por:   •  1/7/2016  •  Artigo  •  2.191 Palavras (9 Páginas)  •  303 Visualizações

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Mulheres em movimento: feminismo como instrumento de mudança social

Relato de experiência

Resumo

O presente artigo trata-se de um relato de experiência que tem por objetivo explanar o contexto e as principais conquistas do movimento feminista. Nele será relatado o trabalho desenvolvido pelo Coletivo Feminista Vacas Profanas, que atua junto ao Observatório de Movimentos Sociais na Universidade Federal de Viçosa, destacando as conquistas e os empecilhos vividos pelo grupo.

Palavras chaves: feminismo, coletivo, movimento

Histórico: da origem a atualidade

O movimento feminista emerge a partir da organização e luta das mulheres em prol de seus direitos historicamente negligenciados.  As opressões para com as mulheres se fundamentam com a consolidação de um sistema patriarcal, onde as mulheres se encontram em posição de inferioridade e submissão em relação aos homens. No patriarcado, os homens são os detentores do poder, exercendo assim, dominação sobre os corpos e vida das mulheres.

A divisão sexual do trabalho é a principal base de sustentação desse sistema, pois diferencia e hierarquiza práticas de homens e mulheres, ou seja, os trabalhos são definidos a partir do sexo do individuo, gerando assim diferenciações e desigualdades. Exemplo disso é o trabalho doméstico, que além de ser majoritariamente considerado responsabilidade das mulheres, não possui reconhecimento social enquanto trabalho.

A valorização e socialização do trabalho doméstico sempre foram grandes lutas travadas pelo movimento feminista, visto que a partir do momento que uma jornada de trabalho justa para as mulheres é garantida, isso mudaria profundamente a realidade delas, diminuindo consideravelmente a desigualdade entre os sexos.

Existem diferentes linhas teóricas e práticas na militância feminista, fragmentando o movimento em diferentes ondas e períodos históricos.

A primeira onda do feminismo começou no final do século XIX, e teve como principal luta o direito ao voto das mulheres. Na Inglaterra, as mulheres se organizaram e lutaram pelo sufrágio feminino. Aquelas que protagonizaram esse movimento ficaram conhecidas como “sufragetes”*. No Brasil, a primeira onda do feminismo também se manifestou através da luta pelo sufrágio feminino. Uma das principais lideranças desse movimento foi Bertha Luz, Bióloga, Cientista e fundadora da Federação pelo Progresso Feminino, organização fundada para defender os direitos das mulheres. Centenas de brasileiras, em sua maioria, de classe média branca e letrada, foram às ruas clamar pelo direito ao voto que só foi garantido com a promulgação do Novo Código Eleitoral Brasileiro em 1932.  Apesar de ter sido um marco na luta das mulheres pelos seus direitos, o sufragismo não beneficiou todas, já que muitas operárias ainda eram analfabetas.

Já o feminismo de segunda onda surgiu com mais força em 1960, tendo como seu principal marco e acúmulo teórico a obra “O Segundo Sexo”, publicado em 1964, pela grande escritora feminista Simone de Beauvoir. A obra de Beauvoir foi o ponta pé para grandes questionamentos e estudos dentro do movimento.  O Segundo Sexo trouxe a máxima do feminismo, com a conhecida frase: “não nasce mulher, torna-se”.

Também na segunda onda do feminismo surge o lema “O Pessoal é Político” que questionou a dicotomia existente entre o público e o privado, onde as mulheres eram submetidas ao privado, aos afazeres domésticos e obrigações de cuidado com a família, enquanto o ambiente público, espaços políticos  e sociais eram destinados aos homens. O lema também trouxe a desconstrução do senso comum “em briga de marido e mulher, não se mete a colher” que nas entrelinhas afirmava que a violência contra mulher é de interesse privado e não um problema social. Nesta época, o feminismo se fortaleceu enquanto movimento que reivindicava não só a autonomia das mulheres e o direito a freqüentar e participar da vida pública, mas também por uma nova relação entre homens e mulheres.

No Brasil, com o golpe militar de 64, as mulheres se organizaram e lutaram pela anistia, lançando o Movimento Feminino pela Anistia. Muitas mulheres foram presas, torturadas e exiladas nesse período. Um exemplo dessa luta é primeira mulher presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, que liderou movimentos pela redemocratização do país e foi barbaramente torturada.

Com a redemocratização do Brasil, os movimentos feministas entram em uma fase de grande efervescência na luta pelos direitos das mulheres. Surgem coletivos, ONGs e organizações que trabalham e discutem temas de grande relevância para a vida das mulheres, como violência de gênero, sexualidade, autonomia econômica e direito à saúde. Apesar desse movimento no Brasil ter suas origens na classe média, através dessas organizações, mulheres de movimentos populares e periféricos se aproximaram do feminismo.

Uma das grandes conquistas do movimento no Brasil foi a criação do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, em 1984, que junto a outros grupos e organizações de mulheres, fez uma grande campanha pela inclusão dos direitos das mulheres na constituição de 1988. O resultado foi mais uma vitória do movimento feminista: a Constituição de 88 é uma das que mais garante direitos para as mulheres no mundo.  

A Lei Maria da Penha, sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006, também foi uma grande conquista dos movimentos de mulheres que lutaram, pressionando o poder público para que garantisse um aparato institucional para o enfrentamento e erradicação da violência doméstica contra as mulheres.

O movimento feminista trouxe grandes contribuições através das organizações de mulheres. Atualmente, as mulheres se organizam principalmente dentro de Coletivos e ONG’s, que atuam junto com a sociedade civil e instituições.

As pautas dos movimentos feministas mudaram pouco ao longo da história, apesar de grandes avanços e conquistas das mulheres. Os direitos reprodutivos, violência de gênero e autonomia econômica, continuam sendo reivindicações principais.

Campanhas feministas organizadas por Coletivos, ONG’s e movimentos de mulheres, ganharam reconhecimento nacional e trouxeram notoriedade. A campanha “Chega de Fiu Fiu”, realizada pelo projeto Think Olga*, foi desenvolvida com o objetivo de denunciar e visibilizar o assédio sexual sofrido pelas mulheres em espaços públicos.  A partir da campanha, o projeto desenvolveu uma pesquisa que trouxe a tona dados alarmantes: das 7762 participantes, 99,6% delas afirmaram que já foram assediadas e 81% afirmaram já ter deixado de freqüentar espaços públicos por medo de serem assediadas.

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